sábado, 24 de maio de 2008

O Dia-a-Dia no meu Campo de Concentração 22MAI08


Tiroteio, vozes agitadas, camufladas.
Batem no portão, com a mão.
Abro. Que será então? São eles! A maldição!
Um convicto diz: «é ela!»
Eu, o quê!?
«Sonhei contigo. No sonho estás envolvida na tentativa
de assassínio do nosso presidente»
Sonhaste mal!
«És acusada de crimes contra a segurança do estado»
Às quatro da manhã?
«Não existe tempo. Compramo-lo, pertence-nos»
Privatizaram-no.
«A secreta não tem momentos, não tem horas
Tem tempos»
Tu que me acusas. Olha-me bem.
Sou antiga combatente. Guardei as costas do presidente.
Não te lembras de mim? Trabalhámos juntos.
Votaram-me ao abandono. Até agora, nem um mísero tostão
«Assim será!»
Gil Gonçalves

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