terça-feira, 27 de maio de 2008

África moribunda. O Ciclone Darfur/Mugabe, África do Sul


Continuo na travessia das endechas do Homo oeconomicus.
Cooperadores discutiam, não se entendiam. Antes, juntaram-se e consagraram uma cooperativa habitacional. Imaginaram, levantaram habitações cooperativistas. A felicidade eterna nasceu-lhes nos rostos, sentiam-se notáveis. Faziam bom rosto à fortuna. Nas janelas à francesa os casais extasiados, vigiavam a filharada que brincava, a ter futuro. Tranquilidade absoluta garantida por seguranças privados, armados. Era mais que um jardim. Um botânico, e outro das delicias. Passaram à história o paradoxo do amor, roubaram o tempo de antena para amar. O casario era embarcação de vento em popa
Começou-lhes a dar o vento no rosto. Atingidos pela magia negra apressada restaram descorados, mitómanos, tensos, enfeitiçados, hipertensos… ficaram a ver navios. Casas construídas em menos de dois anos desfaziam-se aos pedaços. Fendas nas paredes utilizadas para cabeças estreitarem os íntimos lares. Inventou-se a hipótese que dantes o local foi cemitério. Persistiu-se na razão de Estado que os petrofamintos viviam, viveriam sempre em casebres.
- Mentor, esta magia é contagiosa?
- Muito! Os governantes apoiados pelos seus amigos estruturais de todo o mundo, estão a redourar os alicerces da democracia popular. Outra vez guerrear para aqui facturar. As guerras inventaram-se para alguns enriquecerem. Guerra, é o acto ou efeito de destruir, para depois reconstruir. São as filosofias da vida, das visões fantásticas dos canhões que disparam o vinho de Cristo, que nos afogam ou banham em sangue. Suam-nos, que a espécie humana é um tremendo erro da Criação. O Criador errou na manipulação genética. Falseou a costela. Criou o Inferno para os bons, e a Terra para os maus. Alguns bons escaparam do Inferno para a Terra. Actualmente lutam ferozmente, luta desigual porque há muito sofrimento, muita miséria, muita fome. Os bons são poucos, os maus são muitos. Todos os petrofamintos sempre mentem.
- Mentor, antes de aqui cair molhei os pés na biblioteca de Baco. Li textos sobre os petrofamintos que me surpreenderam. Resumi-os:
Os petrofamintos odeiam as pessoas, comparam-nas a cães e gatos, porque detestam estes animais. Gostam de ratos, de vírus e fantasmas. Aprenderam a não confiar em ninguém. O que mais odeiam é a sua sombra. Costumam afirmar que é uma assombração. Convictos, dizem que a inventaram, descobriram.
- Hum! Qualquer na sua superstição milenar vê sombras no seu quotidiano. É como levantar muito cedo, ir para o trabalho e voltar à noite a casa. Biliões de seres humanos desnotaram que os seus cérebros atrofiaram. Desconseguem pensar, e se intentam, lá aparece a mensagem na TV, porque é a primeira coisa que fazem quando chegam a casa. A mensagem é imutável: deitem-se, porque amanhã é dia de trabalho. Levantem-se, está na hora de ir para o trabalho. Exemplificam com um americano que afirma: nasci para enriquecer como empresário, ou ser um homem famoso, trabalhando muito consigo-o. Omitem que ele pouco ou nada dormia, e que acabou na psiquiatria, na psicologia com psicalgia, ou morreu de ataque cardíaco. São bibliotecas de ligação dinâmica, chegam ao trabalho com um chip embutido no cérebro. Muito obedientes, não incomodam, não pensam. Se algum consegue remover o chip, começa a pensar, revolta-se… exigindo melhores condições de pensamento. É logo acusado de senzaleiro das ideias comunistas, sumariamente julgado e para um gulag enviado.
- De revolta como Ulisses num gulag marítimo, porque Penélope transcende o amor. Ulisses vai amar na volta do mar
- Ao ir e voltar do trabalho no mar confuso, inúmeras horas irreversíveis são concedidas ao trânsito automóvel. E levantar às quatro, cinco da manhã… essas horas não são pagas. O trabalhador começa a trabalhar logo que se levanta da cama, isso deve ser pago.
- Não pagam porquê?
- Porque apenas existem quatro classes na sociedade. Presidente, ministro, director, e os…lémures.
Gil Gonçalves

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