terça-feira, 20 de maio de 2008

O Dia-a-Dia no meu Campo de Concentração 18MAI08


Voltei a lavar roupa. Consegui emprego como lavadeira
Lavo e engomo. Regressei ao passado colonial. À minha luta com o tanque
De esfregar os tecidos, tchica, tchica, tchica, não pára
Não consigo vencer o tanque. Há sempre roupa para lavar
E a ferro passar, engomar. A senhora não me outorga almoçar
Com fome saio fraca, quase a desmaiar
Meu Jasmim Branco! Foste e deixaste, abandonaste a Jasmim da Noite
Eras como um alaúde sem idade média. Não ouvirás os beija-flores
Não verás mais o prodígio do equilíbrio do seu sugar
As marés quentes que se estendem, horizontais
E verticais sob os mangais. Alarmam os chama-marés
Obrigam-se a sair das suas caves inundadas
Caminham como aranhas na maré-cheia, rotina marginal
Não me verás mais ondular no capim grande. Sem ti, senti
A memória passada do biquíni. Na frequência oscilante da fragrância marítima

Gil Gonçalves

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