terça-feira, 10 de abril de 2012

E, se não houver mudança interna, o M vai rebentar pelas costuras. António Setas. Facebook


Certo, Ana, certo, estamos todos mais que fartos, mas tu já imaginaste este país com um governo que não seja controlado pelo MPLA, que tem em mão toda a riqueza de Angola? Já viste o que se passa ao longo da estrada que vai para o Sul de Angola, com todos aqueles terrenos privatizados por não se sabe quem? E tudo o resto, petróleo, diamantes, telecomunicações, transportes, turismo, etc., cujo controlo, na hipótese de mudança de poder, deveria ser devolvido ao povo de Angola. Tás a ver o ambiente? Fazer como?...
Tenho muito medo que a situação descarrile para uma enorme violência, no resgate daquilo que foi espoliado. A única hipótese viável para Angola parece-me ser uma implosão no seio do MPLA, com a exoneração de todos os pseudo-democratas ex-guerrilheiros. E, enfim, a implementação de uma política de distribuição da riqueza mais igualitária, tanto quanto possível diametralmente oposta à actual. Utopia?
É claro, Ana, não controlamos o tempo. E «tudo depende do MPLA e de Eduardo dos Santos referindo-se ao nosso futuro...». O M tem de mudar e já está a mudar, não? Só que, enquanto não forem substituídas as suas cabeças pensantes, essas que ainda acreditam na guerrilha urbana, quase todas ligadas umas às outras por importantes elos financeiros, a tendência será sempre ir de mal para pior. E, se não houver mudança interna, o M vai rebentar pela costuras. Ora isso tanto poderá ser uma boa coisa para o país, como uma verdadeira catástrofe. Aplica-se aqui, de facto, a trivial alegoria «Estamos entregues à bicharada». Enfim, é o que eu penso. Com grande tristeza.
Tá bem, Ana, estamos em plena campanha eleitoral (em exclusividade para o M) e os camaradas não brincam em serviço. Eu tenho amigos no "Kremlin", sei que tipo de disciplina ali reina. É aflitivo, parece que têm medo de respirar, não vá o ar faltar ao chefe!! Quando eu digo mudar, para fazer uma comparação, é como se dissesse que uma crisálida está a mudar. Não se vê nada, tudo se passa por dentro duma membrana opaca. Mas penso que está mesmo a mudar. Sempre com os mesmos muadiés no poleiro a mandar vir com bocas do século passado!
Imagem: O Conversa Afiada reproduz texto do Movimento Levante Popular da Juventude: conversaafiada.com.br

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