Certo, Ana, certo, estamos
todos mais que fartos, mas tu já imaginaste este país com um governo que não
seja controlado pelo MPLA, que tem em mão toda a riqueza de Angola? Já viste o
que se passa ao longo da estrada que vai para o Sul de Angola, com todos aqueles
terrenos privatizados por não se sabe quem? E tudo o resto, petróleo,
diamantes, telecomunicações, transportes, turismo, etc., cujo controlo, na
hipótese de mudança de poder, deveria ser devolvido ao povo de Angola. Tás a
ver o ambiente? Fazer como?...
Tenho muito medo que a situação descarrile para uma enorme violência, no resgate daquilo que foi espoliado. A única hipótese viável para Angola parece-me ser uma implosão no seio do MPLA, com a exoneração de todos os pseudo-democratas ex-guerrilheiros. E, enfim, a implementação de uma política de distribuição da riqueza mais igualitária, tanto quanto possível diametralmente oposta à actual. Utopia?
Tenho muito medo que a situação descarrile para uma enorme violência, no resgate daquilo que foi espoliado. A única hipótese viável para Angola parece-me ser uma implosão no seio do MPLA, com a exoneração de todos os pseudo-democratas ex-guerrilheiros. E, enfim, a implementação de uma política de distribuição da riqueza mais igualitária, tanto quanto possível diametralmente oposta à actual. Utopia?
É claro, Ana, não controlamos o
tempo. E «tudo depende do MPLA e de Eduardo dos Santos referindo-se ao nosso
futuro...». O M tem de mudar e já está a mudar, não? Só que, enquanto não forem
substituídas as suas cabeças pensantes, essas que ainda acreditam na guerrilha
urbana, quase todas ligadas umas às outras por importantes elos financeiros, a
tendência será sempre ir de mal para pior. E, se não houver mudança interna, o
M vai rebentar pela costuras. Ora isso tanto poderá ser uma boa coisa para o
país, como uma verdadeira catástrofe. Aplica-se aqui, de facto, a trivial
alegoria «Estamos entregues à bicharada». Enfim, é o que eu penso. Com grande
tristeza.
Tá bem, Ana, estamos em plena
campanha eleitoral (em exclusividade para o M) e os camaradas não brincam em
serviço. Eu tenho amigos no "Kremlin", sei que tipo de disciplina ali
reina. É aflitivo, parece que têm medo de respirar, não vá o ar faltar ao
chefe!! Quando eu digo mudar, para fazer uma comparação, é como se dissesse que
uma crisálida está a mudar. Não se vê nada, tudo se passa por dentro duma
membrana opaca. Mas penso que está mesmo a mudar. Sempre com os mesmos muadiés
no poleiro a mandar vir com bocas do século passado!
Imagem: O Conversa Afiada reproduz texto do
Movimento Levante Popular da Juventude: conversaafiada.com.br
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