segunda-feira, 2 de abril de 2012

Manifestação de solidariedade ao Dr. David Mendes – Fernando Macedo


Luanda - Íntegra da carta aberta do acadêmico Fernando Macedo manifestando solidariedade ao advogado e líder do Partido Popular, David Mendes respeitante a onda de perseguição que tem sofrido no seguimento das denuncias das contas bancarias do Presidente da Republica, José Eduardo dos Santos.
«Senhor Dr. David Mendes,
 Tenho seguido a sua afirmação como advogado nos últimos doze anos. Sei que o senhor não é perfeito, tal como eu e o resto dos mortais não somos! Mas não consigo perceber, no quadro de um Estado que se autoassume como democrático de direito, a perseguição e campanhas que são movidas contra si por todos os meios possíveis e inimagináveis, incluindo os usados nos órgãos de comunicação social do Estado. Confesso que não compreendo!

Para o actual regime o senhor Dr. David Mendes cometeu um crime que não vem definido em nenhuma lei e na Constituição da República. Esse crime, para o regime, na minha modesta maneira de perceber os factos, é ter apresentado uma queixa-crime contra o engenheiro José Eduardo dos Santos, que exerce o cargo de Presidente da República de Angola.

Senhor Dr. David Mendes,

Que Deus lhe dê paz de espírito e que o defenda e proteja contra as ciladas dos seus adversários políticos!
Não tenho dúvidas em relação à perseguição que contra a sua pessoa é movida. Esta prática tem sido usada pelo regime contra os senhores Luaty Beirão, Casimiro e outros membros do Movimento Revolucionário.
Deixe-me dizer-lhe que esse partido não se inibiu de assassinar Matias Miguéis, não se inibiu de assassinar Hoji ya Henda; não se inibiu de assassinar Ricardo de Melo e tantos outros angolanos e angolanas. Esse regime não se inibiu de ameaçar de morte Luiz Araújo. Esse regime não se inibiu de dizer que Rafael Marques era um jornalista medíocre e de mover uma companha permanente contra ele dizendo que está ao serviço do imperialismo. Esse regime tem na Polícia Nacional esquadrões da morte: são oficiais dessa corporação que o afirmam em público! Existem provas fotográficas que secundam as denúncias de que a Polícia Nacional age em perfeita sintonia com agentes criminosos, que anunciam publicamente por via da TPA que vão continuar a praticar crimes semelhantes aos que já têm praticado, sob o olhar silencioso da Procuradoria-Geral da República!

Senhor Dr. David Mendes,

Não tenho palavras nem poder para o consolar nem defender. Não tenho palavras nem poder para consolar nem defender o Dr. Filomeno Vieira Lopes nem os “Revús” e todos aqueles e aquelas que sofreram na carne actos criminosos incentivados e apoiados por agentes do Estado no dia 10 de Março do ano em curso! Mas tenho a certeza de que os vossos adversários escolheram a via do crime para vos combaterem. Seja o que for que vocês tenham feito ou venham a fazer, que supostamente atente contra as leis da República, deve ser resolvido nas barras dos tribunais e não pela justiça das mãos longas dos que patrocinam milícias armadas e privatizaram o Estado, e pior, instrumentalizaram a Polícia Nacional para os servir.

Senhor Dr. David Mendes,

Conte com as minhas preces junto do meu Deus, o Deus de Abraão e Pai de Jesus Cristo, para que ajustiça Dele não tarde a concretizar-se em Angola. Só me resta repetir os versos de um poeta, seu conterrâneo: “Felizes os mortos que não se deixaram matar. Felizes esses a quem os tiranos não compram a alma. Invencível a ideia de país desejável”!»

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