Luanda - A empresa em
causa, está localizada na comuna de Calumbo ao município de Viana, em Luanda.
Trata-se da China Internacional Trust and Investment Corporation (CITIC), que
segundo denuncias dos trabalhadores foragidos, os cadáveres são supostamente
enterrados dentro da empresa, por estes não terem familiares em Luanda.
Fonte: A República
“Os
nossos colegas que morrem por falta de assistência médica, são enterrados mesmo
aqui na empresa”, denuncia um dos trabalhadores que na sua maioria é trazida do
interior do país, com a garantia de emprego e remuneração condigna.
Os
denunciantes disseram que a empresa que participa no processo de construção de
novas infra-estruturas em Angola, conta com a mão-de-obra infantil, recrutada
com falsas promessas nas províncias do litoral e interior do país.
“
Eles, quando vão lá na nossa aldeia, perguntam se queremos trabalhar em Luanda,
dizem que vão nos dar dinheiro e muita coisa, mas quando chegamos aqui a
realidade é outra” desabafaram os operários que denunciam ainda maus-tratos
naquela construtora chinesa.
Este
jornal não encontrou reacções de entidades da empresa, pois, todos os esforços
evidenciados caíram em “saco roto” mas os trabalhadores na sua maioria jovens,
disseram que os maus-tratos passam pela injustiça salarial, falta de
assistência médica e alimentação.
“Diariamente
nos dão 600 kuanzas, mas se você faltar um dia nas obras, no mês te descontam
1000 kuanzas” remataram os jovens trabalhadores em tom de desespero, alegando
igualmente a falta de assistência médica para os trabalhadores angolanos, que
muitos “estão a morrer por falta de tratamento médico”.
“Foram
a nossa busca na província do Huambo, pelos chineses, com argumentos de que, em
Luanda, tem bom trabalho e boa comida, mas quando chagamos aqui, vemos que há
muito sofrimento. Todos os dias alimentação é repolho e arroz sem sal, por esta
razão é que fugimos de lá”, contou outro jovem, 20 anos, que solicitou
anonimato, para quem “desde que chegamos aqui estamos a ver os nossos irmãos angolanos
a morrerem e os cadáveres levados para um lugar que não nos permitem ver”. Os
jovens, alegam que abandonaram o local pelo facto de, apesar do pouco tempo de
trabalho são submetidos a maus tratos. “Fugimos de lá, mas despedimos aos
outros que estamos a sair e quem quisesse nos seguir que viesse”.
Este
jornal não apurou o número de crianças que trabalham na referida empresa,
submetidos ao trabalho forçado, mas constatamos que muito delas com idades
compreendidas entre 21 e 18 anos, não têm famílias na capital e vieram em busca
de melhores condições de vida. Longe dos pais e do círculo familiar, estes
jovens começam a sentir o sonho adiado, atendendo a realidade encontrada no
terreno. “Fomos enganados e não é a realidade que estamos a ver aqui nesta empresa”,
lamentou um dos jovens.
Refira-se
que Angola é um dos países prioritários para a China em África. Os dois países
estabeleceram em 2010 uma parceria estratégica, com a China a fornecer linhas
de crédito e Angola a pagar com petróleo, que fez com que o comércio bilateral
aumentasse mais de 2 mil por cento entre 2002, final da guerra civil e 2012,
fazendo de Angola o segundo principal parceiro da China de entre os oito países
de língua portuguesa.
De
acordo com os dados oficiais, as trocas comerciais entre os dois países
ascenderam a 35,91 mil milhões de dólares em 2013, com a China a vender a
Angola produtos no valor de 3,96 mil milhões de dólares e a comprar mercadoria
cujo valor ascendeu a 31,94 mil milhões de dólares.
Imagem:
Luanda Chineses e brasileiros se unem na construção de
Luanda. Cartazes em mandarim pautam a forte participação chinesa na construção
da nova Angola. envolverde.com.br
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