terça-feira, 3 de junho de 2014

Construtora chinesa CITIC acusada de enterrar trabalhadores dentro da empresa


Luanda - A empresa em causa, está localizada na comuna de Calumbo ao município de Viana, em Luanda. Trata-se da China Internacional Trust and Investment Corporation (CITIC), que segundo denuncias dos trabalhadores foragidos, os cadáveres são supostamente enterrados dentro da empresa, por estes não terem familiares em Luanda.

Fonte: A República

“Os nossos colegas que morrem por falta de assistência médica, são enterrados mesmo aqui na empresa”, denuncia um dos trabalhadores que na sua maioria é trazida do interior do país, com a garantia de emprego e remuneração condigna.
Os denunciantes disseram que a empresa que participa no processo de construção de novas infra-estruturas em Angola, conta com a mão-de-obra infantil, recrutada com falsas promessas nas províncias do litoral e interior do país.
“ Eles, quando vão lá na nossa aldeia, perguntam se queremos trabalhar em Luanda, dizem que vão nos dar dinheiro e muita coisa, mas quando chegamos aqui a realidade é outra” desabafaram os operários que denunciam ainda maus-tratos naquela construtora chinesa.
Este jornal não encontrou reacções de entidades da empresa, pois, todos os esforços evidenciados caíram em “saco roto” mas os trabalhadores na sua maioria jovens, disseram que os maus-tratos passam pela injustiça salarial, falta de assistência médica e alimentação.
“Diariamente nos dão 600 kuanzas, mas se você faltar um dia nas obras, no mês te descontam 1000 kuanzas” remataram os jovens trabalhadores em tom de desespero, alegando igualmente a falta de assistência médica para os trabalhadores angolanos, que muitos “estão a morrer por falta de tratamento médico”.
“Foram a nossa busca na província do Huambo, pelos chineses, com argumentos de que, em Luanda, tem bom trabalho e boa comida, mas quando chagamos aqui, vemos que há muito sofrimento. Todos os dias alimentação é repolho e arroz sem sal, por esta razão é que fugimos de lá”, contou outro jovem, 20 anos, que solicitou anonimato, para quem “desde que chegamos aqui estamos a ver os nossos irmãos angolanos a morrerem e os cadáveres levados para um lugar que não nos permitem ver”. Os jovens, alegam que abandonaram o local pelo facto de, apesar do pouco tempo de trabalho são submetidos a maus tratos. “Fugimos de lá, mas despedimos aos outros que estamos a sair e quem quisesse nos seguir que viesse”.
Este jornal não apurou o número de crianças que trabalham na referida empresa, submetidos ao trabalho forçado, mas constatamos que muito delas com idades compreendidas entre 21 e 18 anos, não têm famílias na capital e vieram em busca de melhores condições de vida. Longe dos pais e do círculo familiar, estes jovens começam a sentir o sonho adiado, atendendo a realidade encontrada no terreno. “Fomos enganados e não é a realidade que estamos a ver aqui nesta empresa”, lamentou um dos jovens.
Refira-se que Angola é um dos países prioritários para a China em África. Os dois países estabeleceram em 2010 uma parceria estratégica, com a China a fornecer linhas de crédito e Angola a pagar com petróleo, que fez com que o comércio bilateral aumentasse mais de 2 mil por cento entre 2002, final da guerra civil e 2012, fazendo de Angola o segundo principal parceiro da China de entre os oito países de língua portuguesa.
De acordo com os dados oficiais, as trocas comerciais entre os dois países ascenderam a 35,91 mil milhões de dólares em 2013, com a China a vender a Angola produtos no valor de 3,96 mil milhões de dólares e a comprar mercadoria cujo valor ascendeu a 31,94 mil milhões de dólares.

Imagem: Luanda Chineses e brasileiros se unem na construção de Luanda. Cartazes em mandarim pautam a forte participação chinesa na construção da nova Angola. envolverde.com.br

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