No mesmo dia em que o Jornal de Angola
dá grande destaque - manchete e foto de primeira página - ao encontro de
segunda-feira entre Dilma Rousseff e José Eduardo dos Santos e aos vários
acordos assinados entre Brasil e Angola, o editorial da publicação volta a
apontar baterias a Portugal.
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“A relação com o Brasil, cada vez mais
estreita e robusta, mostra de uma forma muito evidente os equívocos das elites
portuguesas corruptas e ignorantes em relação a Angola. Péricles, o grande
cartoonista brasileiro, criou nas páginas da revista “Cruzeiro” o imortal
“Amigo da Onça”. Hoje essa figura bisonha e cínica assenta que nem uma luva nas
mesmas lideranças políticas em Portugal. É difícil perceber tanto anacronismo e
tanta cegueira política”, lê-se no editorial de hoje.
“Praia, Bissau, São Tomé, Maputo e
Brasília nunca foram palco de conspirações contra Angola. Só Lisboa,
orgulhosamente só, continua a dar guarida a todos os inimigos da democracia
angolana, estendendo-lhes a passadeira vermelha e ao som de trombetas e
fanfarras. Cada qual escolhe os amigos que quer. Portugal escolheu a Jamba e
agora escolhe os antigos colaboradores de Savimbi”.
Ao elogiar a parceria estratégica de
“muitos anos” entre Angola e Brasil - Dilma deu ontem o seu apoio à candidatura
angolana a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações
Unidas - o jornal envia recados para Lisboa: “Esta relação não é
interesseira nem flutua ao sabor dos acontecimentos. O Brasil foi o primeiro
país do mundo a reconhecer Angola no dia 11 de Novembro de 1975. Entre os
países de língua portuguesa, apenas um ficou de fora: Portugal”.
O mesmo texto diz que ao longo de
décadas de agressão estrangeira “apenas o Governo de Lisboa tolerou acções
contra Angola, dentro do seu território”. “Mesmo quando a ONU impôs sanções aos
dirigentes da UNITA, Lisboa fechou os olhos e arrastou os pés.”
E lembra alguns dos episódios que
considera de deslealdade: “Jonas Savimbi foi recebido no Palácio de Belém pelo
Presidente Mário Soares, quando as suas tropas, organizadas e comandadas pelos
generais do apartheid, matavam milhares de civis angolanos, provocavam êxodos
de milhões de pessoas, destruíam importantes complexos económicos e todos os circuitos
de produção e distribuição, fazendo de cada angolano um cidadão sitiado”.
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