É
impossível não conde-nar a repressão que se viveu neste dia 27 de Maio, em
Luanda. Estes acontecimentos mostram, mais uma vez, o verda-deiro rosto do
regime autocrático de JES que já perdeu a razão.
N
o seguimento da con-vocação de uma vigí-lia, pelo Movimento Revolucio-nário
Angolano (MRA), os esbir-ros da ditadura começaram o seu trabalho, com vista a
impedir a realização da manifestação. Na semana anterior ao dia da
mani-festação um grupo de bófias, procurando fazer-se passar por membros do
MRA, distribuiu panfletos no bairro do jovem activista Manuel Chivongue (Nito
Alves), apelando à violên-cia, para o desacreditar e a diri-gentes da oposição,
nomeada-mente do BD, recorrendo à men-tira e a argumentos racistas. Um deles
foi apanhado e conduzido a PN que o largou sem um termo de identidade sequer.
N
a antevéspera da ma-nifestração, a PN cer-cou a Praça da Independencia,
interditando-a, mesmo para acti-vidades de lazer. No dia da mani-festação foi
montado, desde ce-do, um forte aparato policial (PN, PIR, milícias e muita
bófia a civil) foi montado nas redonde-zas da Praça da Independência, desde a
Unidade Operativa, onde a circulação rodoviária foi corta-da.
A
ordem era simples e lapidar: ”o Chefe dis-se: tudo que respirar corta, não
importa a idade”, sexo ou condi-ção física. A ordem era para re-primir sem
contemplações e de forma generalizada.
Em
consequência dessa bru-talidade fardada de azul cerca de de 30 pessoas foram
presas por presumidamente querem ir para a Praça da Independência que esta-va
de facto sitiada.
Há
a registar, o espancamen-to de vários manifestantes, parti-cularmente o
dirigente do Bloco Democrático e Vice-Presidente do Sinprof, Manuel de Vitória
Pereira que foi brutalmente ver-gastado nas costas com bastões de ferro e de
choque (ver página seguinte) e o jovem Serafim Si-meão, entre outros.
Os
presos, mais tarde, foram largados de forma desumana, atirados à rua, há muitos
quiló-metros (50 a 100km) de distância do local onde foram detidos. No entanto,
durante toda a tarde e já de noite, vários grupos de jovens manifestantes
procuraram entrar-na Praça da Independência
O
regime de JES per-deu a razão e já só muito poucos nele acreditam ou teimam em
aceitar que este é um comportamento de Estado e que esta é a forma de se tratar
quem não concorda com o rumo de desgraça e roubalheira que o país tomou.
REPRESSÃO
REPETIDA A 27 DE MAIO
Folha
volante do Bloco Democrático, Maio 2014
O
BLOCO DEMOCRÁTICO CONDENA VEEMENTEMENTE A BRUTALIDA-DE, A FALTA DE LIBERDADE E
A FALTA DE RESPEITO PELOS DIREITOS HUMA-NOS QUE SE VIVEU NESTE DIA EM LUANDA
David
Saleio contorce-se com dores, deitado na carrinha que recolheu os manifestantes
tortu-rados em Luanda
Revú
apoia Revú
Não
podia ser de outra maneira, o BD ao tomar conhecimento de que o Movimento
Revolucionário Angolano (MRA) estava a organizar uma mani-festação, para o dia
27 de Maio, as 19 horas, no Largo da Independência, com o slogan: “27 de
Maio, Chega de Chacinas em Angola”, deu imediatamente o seu apoio.
A
convocação da manifestação foi dada a conhecer ao GPL, a 12.05.2014. A Central
Angola 7311, divulgou e motivou para a manif, nu-ma salutar e fraternal união
entre os jovens de vários movimentos e comis-sões.
Vários
sectores da sociedade civil angolana aderiram à ideia da manifesta-ção. O BD
apelou também aos parti-dos políticos da plataforma da oposi-ção a aderirem à
manifestação. E como “a união faz a força”, a ditadura fedoren-ta
decidiu reprimir, por todos os meios, os manifestantes, antes mesmo da hora
marcada.
Apesar
das garantias dadas pelo Comandante-geral da Polícia Nacional de que a sua
corporação garantiria a segurança dos manifestantes e a ordem pública, como é
indicado na Constitui-ção, um forte aparato repressivo foi montado e a Praça da
Independência, 48 horas antes, foi cercada.
O
Bloco Democrático não pode deixar de condenar os actos bárbaros da PN e de
chamar à atenção da opini-ão pública, nacional e internacional, para o teor
racista, homicida, xenófo-bo, de incitação à violência, à discrimi-nação, ao
bairrismo, à divisão de clas-ses sociais e quase ao tribalismo dos panfletos
que um grupo de agentes dos Serviços de Informação e Segurança do Estado estava
distri-buir no bair-ro do activis-ta Manuel Nito Alves (Viana) e em outros
bair-ros da cida-de. Cai assim a mascará, mais uma vez, de quem é que afinal
anda a atiçar a vio-lência e o racismo em Angola.
Tudo
isto faz parte de um plano para criar mau sentimento para com os jovens do MRA
e contra a sua iniciati-va de manifestação, mas a determina-ção dos activistas
do MRA é grande e a moral elevada. ovo angolano já aos direitos humanos e à
Constituição da República de Angola. O BD apela ao povo angolano para que
não caia nessas teias de incitação de ódio, racismo e violência, o BD apela ao
povo para que continue a apoiar os jovens pacifistas e tudo se mantenha em bem.
O Bloco Democrático, apela aos órgãos de polícia e de segurança de Estado para
que terminem de imediato com quaisquer pla-nos de perseguição ou prisão
antecipada. Que não haja introdução de indivíduos que venham a gerar estragos,
vandalismo, vio-lência ou agressões para depois incrimina-rem os jovens
manifestantes do MRA. Igualmente o BD exige que a polícia não faça qualquer
agressão ou prisão sem justa causa dos manifestantes. A polícia tem que ser
apenas o garante da lei. O BD exige também que a polícia não faça o fecho da
área da manifestação para impedir o acesso dos manifestantes. O BD exige que a
polícia não esteja a revistar as pessoas. O BD exi-ge que a polícia não esteja
a confiscar qual-quer equipamento de captação de imagem ou telemóveis das
pessoas ou manifestan-tes, esse é ilegal! O BD apela a que as unidades médicas
façam respeito ao seu juramento e atendam todos os feridos, caso cheguemos
nova-mente a esse ponto! O BD está consciente que o direito à indig-nação e ao
protesto é um direito que assis-
Lista
de detidos
Das
cerca de 30 pessoas que fo-ram detidas, durante a repressão da ditadura e que
viriam a ser lar-gadas à sua sorte no km 30 Km, Catete e, muito mais longe, em
Cassualala (há muitos quilómetros do local de detenção), alguns no-mes foram
divulgados pelas redes sociais:
1.
Raul Mandela,
2.
António Camilo,
3.
Pedrowski Teca,
4.
Manuel Nito Alves,
Adolfo Campos,
Emiliano Catumbela,
McLife Bunga,
Agostinho Pensador,
Edson Miguel,
Bernardo,
Panguila
12.
Tito
13.Edson
Miguel
Abrão Cativa
David Saleio
Serrote Simão
Serafim Simeão
Manuel de Vitória Pereira
...Afonso
“Feridão”
António Caquienze “Duke”,
Manuel Pedro Kiosa (Steven)
Sampaio Kimbamba,
Alex Chabalala
Santos Contuala
…
...
Citações
de alguns Revús
1.
“Fecharam-nos no carro celular da PIR. Éramos 17 ao todo. Um agente atirou uma
granada de gás lacrimogéneo dentro da viatura e fechou as portas” ( Nito Alves)
2.
“Fomos atacados com porre-tes que dão choques eléctricos, e pisoteados com
botas, ao ponto de até as pessoas que não acre-ditam em Deus terem pedido a Sua
intervenção, para a sua sal-vação” “A pancadaria foi tanta, que um dos
manifestantes defecou ali mesmo” (Adolfo Campos)
3.
“O meu torturador disse que foram mandados por José Eduardo dos Santos e
ameaçou matar a mi-nha família caso continuemos a protestar” (Edson Miguel)
4.
“Vocês querendo ou não, vamos morrer em nome da liberda-de” (Bernardo)
MANUEL
VITÓRIA PEREIRA foi, mais uma vez preso pela PN e foi bar-baramente torturado.
“Foi o mais cas-tigado”, segundo Adolfo Campos, “por ser branco, membro da
oposição e pela sua idade”. Ele é o rosto da determinação e coe-rência ! O
Libertação Social dei-xa aqui os factos em dircurso directo:
“S
ão aproximadamente 14-30.
Entro
no “Parque da Indepen-dência”, onde se têm feito feiras do livro e lançamento
de discos. Um porteiro sentado faz-me recuar dizendo que o preço da entrada são
50 kwanzas. Pago e vou sentar-me na esplanada, a uma das mesas, sozinho.
Distraído
com o telemóvel, ten-tando escrever um sms, sou in-terrompido e vejo-me cercado
por vários polícias que me con-vidam a ir falar com o chefe. Insisto na
pergunta do porquê da situação e intimam-me a obe-decer.
Saio
do parque acusado de ter reunido com mais alguém e sou obrigado a entrar num
carro celular.
Sou
levado com mais um cidadão que diz ser Serafim Kapembe Lorenço Simeão e
dirigente juvenil da CASA-CE. Reclamava de não ter feito nada e começou a ser
batido. Começámos a levar pancada ali mesmo.
P
arando a viatura num local que penso ser uma instalação da PIR foram-nos
retiradas as camisas, que os nossos agressores nos embru-lharam nas cabeças, à
laia de turbante, mas tapando a visão.
Fomos
empurrados para dentro de um camião debaixo de cacetada com bastões eléctricos.
No
camião e sem a venda demos en-contro com um grupo maior de jo-vens, onde
reconheci Manuel Nito Alves, que me acode dizendo “não batam no doutor”. Ali
fui ainda mais surrado e até pisado.
M
esmo sendo obrigado a ficar deitado de cara para baixo ouvia os gritos,
pancadas e estalidos dos ins-trumentos de tortura, principalmente ao jovem que
implorava por água.
Na
primeira e na segunda viatura, fui mimoseado por nomes como “branco”, filho da
puta, estrangeiro e laton barbudo, no tom mais odioso que se pode imaginar. E
foi ainda co-mo “branco” que fui chamado pela última vez e obrigado calçar-me à
pressa e a pular do camião. Não sabia onde estava nem se já estava livre. No
chão, fui fotografado por agentes da PIR e homens à civil.
L
evei algum tempo a perceber que não ia entrar numa prisão, mas sim estava
abandonado num lugar tal-vez distante. Perguntei a pessoas que me disseram ser
Viana e qual o sentido do táxi de regresso.
Fui
ver mais tarde os meus pertences na pasta de trabalho que trazia. Parecia não
faltar nada, mas encontrei o passa-porte do Serafim Simeão, cujo destino ainda
é incerto e que anseio estar livre, depois do que já sofreu” ( by Manuel
Vitória Pereira).
VAMOS
FAZER BLOCO
Manuel
de Vitória Pereira
“nasceste
no país errado”, “este país tem dono, é do JES”, PN
O
BD, através do Secretário Nacional para as Relações Internacionais, Carlos
Lopes, entre-gou uma Carta Protocolar à relatora da 55ª Reunião da Comissão
Africana dos Direitos Humanos, a que anexou nove documentos, elaborados pelo
partido, sobre diversas violações dos Direitos Humanos (DH), ocorridas no país.
Esta
posição política do partido visou informar a Comissão Afri-cana dos Direitos
Humanos (CADH), em particular, e a todos os participan-tes da 55ª Reunião sobre
as ações de denúncia e acompanhamento que o BD tem realizado, apesar do
silêncio de chumbo que a comunicação social faz sobre a nossa acção.
O
BD espera que a CADH leve em conta o conteúdo probatório da documentação
entregue pelo partido, quando abordar, com o Executivo angolano, esta matéria
das violações dos Direitos Humanos que se têm agravado, nos últimos anos, em
todas as províncias do país.
O
BD vai continuar a acompa-nhar todas as acções da CADH e vai manter com esta um
per-manente contato institucional, visando a denúncia sistemática de toda
violação de DH que ocorra, de forma a contri-buir para a melhoria dos DH no
país, permitindo aos angolanos o seu pleno exercício da Liberdade, Modernidade
e da Cidadania.
A
ditadura não mede os meios para atingir os seus fins que são a manutenção do
poder e espoliação do bem público.
O
arquitecto da fome continua a sua saga de se tornar um homem “muito rico” e não
tem vergonha de o dizer, nem hesita em recorrer à brutalidade, ao terror e até
ao jaca-résismo para manter o seu poder autocrata.
A
ordem era de prende todos de forma indiscriminada. Até os jornalis-tas estavam
sujeitos e foi assim que prenderam, sem nenhuma conside-ração pela profissão e
pela liberda-de de imprensa, o jornalista da Rá-dio Despertar, Serrote Simão,
aquém foram apreendidos os seus instrumentos de trabalho. Isto dei-xa claro que
não há liberdade de imprensa.
A
sanha repressiva e torturado-ra era tal que um grupo de 17 deti-dos foi metido
numa carrinha da PIR e de-pois fizeram deflagrar uma granada de gás
lacrimogéneo, deixan-do os detidos retidos no interior da carri-nha em sufoco
(esta situação grave está comprovada por ví-deo).
Depois,
os presos foram levados para a unidade da PIR e ameaçados de fuzi-lamento,
depois de lhes terem sido vendados os olhos, deitados de bru-ços, no chão,
foram ata-cados “com porretes que dão choques eléctricos, e pisoteados com
botas, por todos o lado, como se corpos dos presos fos-sem uma massa de
borra-cha.
Não
podemos esquecer Ganga, Kassule, Kamu-lingue, Kussema, Mfulu-pinga, Ricardo
Melo e tantos outros.
É
preciso continuar a resistir! É preciso ousar para vencer.
Mais
do que nunca a mobiliza-ção para a resistência pacífica à di-tadura que se quer
entrincheirar em Angola é o caminho a seguir. A li-berdade é uma conquista que
o po-vo chama! O silêncio e a aceitação do sofrimento só trarão mais
infelicidade e sofrimento.
É
preciso uma mobilização geral. A juventude tem um papel primordial. É preciso
assumir uma atitude de cidada-nia activa, defendendo os nossos direi-tos.
Assume
o teu país! Nascemos no país errado? Não temos direito a este país? Angola é a
roça de JES? Não é a nossa Pátria bem-amada?
Recordando
os nossos irmãos Kassule, Kamulingue, Kussema, Gan-ga, Mfulumpinga, Ricardo
Melo e tan-tos, tantos outros, é preciso continuar e resistir!
É
preciso divulgar o mais possível, para dentro e para fora, todos os factos e
denunciar esta ditadura que se apre-senta lá e cá com pele de cordeiro.
Não
foi possível transmitir a manifes-tação em directo pela internet
(www.centralangola7311.net) mas va-mos procurar criar um canal perma-nente para
informar o país e o mundo sobre o que se está a passar.
A
LIBERDADE, MODERNIDADE E A CIDADANIA VÃO VENCER.
BD
- Sede Nacional: Rua Cónego Manuel das Neves, 102, 5º andar, 14. Telefone: 222
407 198,
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