A Igreja católica cubana renunciou ao activismo político em Cuba, e inclusivamente optou por distanciar-se de dissidentes católicos a troco de promessas do regime em permitir que a Igreja mantenha um espaço para o culto e possa reconstruir infra-estruturas suas em templos e seminários.
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O jornal espanhol «El Pais» cita um telegrama diplomático divulgado pela WikiLeaks, e que foi expedido de Havana para Washington, D.C. em 2008 por Jonathan Farrar, chefe da Secção de Interesses dos Estados Unidos em Cuba, a dizer que “do Cardeal Jaime Ortega aos monges das províncias, a Igreja Católica evita desafiar o governo”. Acrescenta o telegrama: “A estratégia eclesiástica não mudou, e os objectivos visam conservar as concessões obtidas, pôr em funcionamento uma emissora de rádio e rejuvenescer as paróquias depois de anos de ostracismo e de ter sido reduzida à insignificância”.
O telegrama diplomático refere que “o medo de despertar a ira do governo reduz os programas da Igreja a trabalhos muito limitados, como o atendimento a doentes mentais”. O telegrama fala de “uma Igreja acobardada, resignada à caridade governamental, à ‘autonomia mínima’”. Ao referir-se à Conferência Episcopal de Cuba o documento define-a como uma “instituição conservadora que silencia a sua voz em assuntos políticos a troca da sobrevivência religiosa”.
Num outro telegrama divulgado pela WikiLeaks, o chefe da Secção de Interesses dos Estados Unidos em Havana diz que “a corrupção em Cuba avançou a tal ponto que se converteu em fenómeno generalizado que abarca altos funcionários, membros do Partido Comunista Cubano e funcionários sem ligações políticas”. O telegrama, expedido em 2006, menciona casos de “comissões ilegais cobradas por funcionários a troco de concessões e cujo montante é depositado em contas abertas em seu nome ou de intermediário, junto de bancos estrangeiros”. O documento cita um empresário suíço a dizer que “como em qualquer parte do mundo, um contrato de 1 milhão de dólares supõe (para o comissionista cubano) 100,000 dólares no banco”.
Os funcionários cubanos apontados no telegrama são membros da “elite revolucionária e pessoas pragmáticas que conquistaram um espaço dentro de um sistema comunista rígido”. Um dos elementos “tido como corrupto” é o General Júlio Cesar Regueiro, casado com Dania Rodríguez, filha de Carlos Rafael Rodríguez, antigo vice-presidente do Conselhos de Estado e de Ministros, acrescentando que “algumas instalações do Estado sao administradas por máfias”, dando como exemplo o “director de um centro de distribuição de pão que colocou amigos seus em centros decisivos e controla toda a cadeia estatal de padarias”.
O telegrama cita o ex-embaixador espanhol em Havana, Carlos Alonso, a comentar a um diplomata dos Estados Unidos: “A corrupção é necessária para sobreviver. Equanto que na maioria dos países da América Latina um escândalo de corrupção consiste em uma pessoa roubar 11 milhões de dólares, em Cuba há corrupção quando um dos 11 milhões de cubanos rouba 1 dólar”.
O tráfego de influências é outro aspecto focado no telegrama diplomático. Muito dos cargos em empresas ou organismos estatais são obtidos através do suborno de funcionários com poder de decisão. Diz o telegrama diplomático: “Por exemplo, trabalhar para uma gasolineira pode custar milhares de dólares (pois permitirá ao beneficiário traficar combustíveis). Para conseguir trabalho na empresa estatal CIMEX (Comércio Interior Mercado Exterior) custa mais de 500 dólares. Os polícias são famosos por aceitar subornos, acenando aos automobilistas uma longa lista de transgressões”.
(Redacção) 2011-01-24 05:37:00
Imagem: alcindodesouza.blogspot.com
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