sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Milhares saem às ruas do Iémen para pedir novo governo


Milhares de iemenitas saíram hoje às ruas de Sanaa para reivindicar uma troca de governo, inspirados pela agitação que derrubou o líder da Tunísia e que esta semana chegou ao Egipto.

diariodigital

Cerca de 16 mil iemenitas participaram de protestos em quatro partes de Sanaa, segundo a imprensa internacional. É a maior manifestação deste tipo desde que uma onda de protestos sacudiu o Iémen na semana passada, e os manifestantes prometeram intensificar a agitação se as suas reivindicações não forem atendidas.

«O povo quer uma troca de presidente», gritaram os manifestantes, erguendo cartazes em que também pediam melhorias nas condições de vida no Iémen, o país mais pobre do mundo árabe.

O presidente Ali Abdullah Saleh, aliado chave dos Estados Unidos numa guerra contra uma ala ressurgente da Al Qaeda que tem base no Iémen, governa este país da Península Arábica há mais de 30 anos.

«Se o partido (governamental) não atender às nossas reivindicações, vamos intensificar (os protestos) até que o presidente caia, como aconteceu na Tunísia», disse o manifestante Ayub Hassan.

Algumas dezenas de polícias com cassetetes observaram a manifestação em silêncio. Os protestos terminaram em calma, quando os manifestantes partiram para mastigar qat, uma folha levemente estimulante e que é largamente consumida no Iémen no período da tarde.

O partido governamental promoveu um protesto concorrente, pró-governo, que reuniu apenas algumas centenas de participantes.

O Iémen, que vive à sombra da Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, enfrenta desemprego elevado e a diminuição das suas reservas de petróleo e água. Quase metade dos seus 23 milhões de habitantes vive com 2 dólares por dia ou menos, e um terço sofre de fome crónica.

A insatisfação actual parece ser em parte uma reacção a uma proposta apresentada no ano passado por deputados do partido governamental, o Congresso Geral do Povo, de acabar com os limites ao mandato presidencial.

Com os limites, o presidente Saleh terá que deixar o poder quando o seu mandato chegar ao fim, em 2013.

A coligação oposicionista do Iémen tentou manifestar-se contra a ideia em Dezembro, mas não conseguiu levar grande número de pessoas às ruas. O número maior de participantes nos protestos recentes aparentemente foi influenciado pelo sucesso da revolta na Tunísia.

Imagem: http://www.asia-turismo.com/mapas/iemen.htm

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