Pretória (Canalmoz) - Milhares de pessoas afluíram ontem às ruas de Cairo em protesto contra o regime do Presidente Hosni Mubarak e contra alegadas brutalidades dos serviços de segurança estatais. Segundo reporta a Rádio França Internacional, inspirados pelos recentes acontecimentos na Tunísia, os manifestantes ignoraram os avisos da polícia de que os protestos eram ilegais, irrompendo por barreiras erguidas por forças policiais, o que lhes permitiu entrar no centro da cidade, gritando “Abaixo Mubarak”. Alguns dos manifestantes cercaram o edifício do Supremo Tribunal de Justiça.
Ocorreram manifestações em outras cidades egípcias, nomeadamente Alexandria, Porto Said e Giza.
A polícia é apontada como tendo procedido à detenção de dezenas de pessoas antes do início das manifestações.
Em Alexandria, registou-se a morte de um manifestante que se imolou pelo fogo, como forma de protesto contra o desemprego. Trata-se do terceiro caso de imolação no Egipto desde que na Tunísia, o cidadão Mohammed Bouazizi, the 26 anos de idade, teve atitude idêntica e que veio a provocar uma revolta popular sem precedentes contra o regime de Ben Ali.
No dia 24 e 25 do corrente mês de Janeiro, dois cidadãos egípcios imolaram-se pelo fogo na cidade do Cairo.
Os manifestantes exigem a demissão do ministro do interior, Habib al-Adly, sob cuja alçada funcionam os serviços de segurança e da polícia. Exigem ainda a revogação da lei de emergência, o aumento do salário mínimo, e restrições ao número de mandatos do chefe de Estado.
As manifestações de ontem coincidiram com um feriado nacional, tendo sido organizadas por dois grupos, designadamente o “Movimento 6 de Abril”, constituído por jovens e cujo nome deriva de um levantamento ocorrido na região do delta do rio Nilo há dois anos, em que a policia matou três pessoas. O outro grupo actua em nome de Khaled Said, que foi mortalmente agredido pela polícia na cidade de Alexandria há um ano.
O regime de Mubarak desdobrou no centro da cidade de Cairo pelo menos 30.000 agentes da polícia.
A “Irmandade Muçulmana”, o maior grupo de oposição do país, havia inicialmente rejeitado as manifestações, mas posteriormente afirmou que daria “apoio simbólico”, sem no entanto apelar aos seus seguidores para que se aderissem às manifestações.
Mohamed ElBaradei, antigo presidente da Agência Internacional de Energia Atómica e líder do grupo de oposição, Assembleia Nacional para a Mudança, expressou o seu apoio às manifestações.
Alarmados com a onda de protestos que se faz sentir em países do norte de África, diversos regimes autocráticos em vigor em Estados árabes adoptaram medidas tendentes a apaziguar os ânimos dos cidadãos. O comentador da agência de notícias IPS, Emad Mekay, refere que na Jordânia, o Rei Abdullah II decretou a redução do preço de bens alimentares, tendo anunciado medidas destinadas à criação de mais postos de trabalho.
O presidente sírio, Bashar Al-Assad, vai conceder apoio financeiro directo de 11.000 mensais a cerca de 415.000 famílias carenciadas.
O governo do Kuwait planeia distribuir rações alimentares num montante de 818 milhões de dólares, e uma subvenção a cada cidadão no valor de 3.561 dólares com efeitos a partir de 1 de Fevereiro.
Na Mauritânia, as autoridade anunciaram medidas para abrir 600 lojas para venda de arroz, açúcar, óleo alimentar e farinha de trigo a preços subsidiados, sendo intenção do governo “aumentar as oportunidades de emprego”.
O governo argelino tenciona congelar o preço dos bens alimentares.
(Redacção) 2011-01-26 06:26:00
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