Tudo o que acaba em ditadura, fatalmente começa com a revolta popular.
Na vida como descendentes e eleitos eternamente por Deus dos ditadores nos seus palácios, os ditadores não sabem, nem querem saber da vida dos miseráveis. Depois, quando surge a revolta inevitável, surpreendem-se. Nem as suas guardas presidenciais, nem os seus fiéis amigos de longa data lhes valem. Fogem como ratos do navio a afundar.
É assim a vida dos ditadores. Sabem como começam, mas desconhecem como acabam.
Mas nós sabemos.
«Os ditadores nunca se preocuparam com os opositores que se remetem ao silêncio ou com os que optam pelo elogio. Eles sentem-se ameaçados é com os que escolhem o caminho da crítica ou da denúncia dos factos que os poderes gostariam de ver afastados do conhecimento público. Muitas vezes, nem são as opiniões que perturbam os ditadores, mas sim, a verdade dura e crua dos factos. Na realidade, certos factos, desde que verdadeiros, são mais demolidores do que todas as opiniões do mundo. É que, uma vez trazidos ao conhecimento público, ninguém mais pode continuar a fingir que os não conhece e, pior do que isso, o silêncio perante eles pode tornar-se socialmente insuportável. Ficar calado perante certos factos constitui, por vezes, uma forma qualificada de mentir.» Marinho Pinto, in JN
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