Continuam a exigir pagamento de salários em atraso e
reenquadramento
Maputo
(Canalmoz) – O grupo dos 624 ex-operativos da Casa Militar da Presidência da
República, dentre eles antigos agentes secretos do ex-SNASP, agora SISE, dizem
que hoje voltarão a manifestar-se contra o Governo de Armando Guebuza. Os
agentes da Casa Militar integram Polícias, Militares e agentes dos Serviços de
Informação e Segurança do Estado. A semana passada estiveram no Gabinete do
Primeiro Ministro onde foram ameaçados de serem afastados com recuso à Força de
Intervenção Rápida caso não dispersassem voluntariamente.
Estes
antigos agentes que tinham a responsabilidade de garantir a segurança do chefe
de Estado acusam o regime de os ter usado e descartado, e reclamam, por isso, a
reintegração nas Forças de Defesa e Segurança, para além de exigirem dinheiro
de salários que alegam estarem atrasados há seis meses – de Outubro de 2011 a
Março de 2012.
Na
semana passada, este grupo acampou defronte do Gabinete do Primeiro-Ministro, e
hoje prometem acampar defronte do Ministério do Interior, onde funciona também
o Comando Geral da Polícia.
Na
concentração anunciada para esta manhã, o grupo diz pretender falar com o
vice-ministro do Interior, o coronel José Mandra, e o comandante-geral da PRM
(inspector-geral da Polícia), Jorge Khalau. Descartam qualquer possibilidade de
dialogar com o ministro do Interior (adjunto de Comissário da Polícia), Alberto
Mondlane.
A
concentração da semana passada não teve nenhum efeito, uma vez que os
manifestantes teriam sido advertidos pela chefia da Segurança do Gabinete do
Primeiro-Ministro de que se insistissem em permanecer no local, seria chamada a
FIR para espancá-los e escorraçá-los por estarem a criar “desordem”.
Os
624 agentes da Casa Militar estiveram nos finais do ano passado no Centro de
Formação da Polícia de Matalane para reciclagem, segundo eles, a mando do
presidente da República e comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança,
Armando Guebuza.
Eles
dizem terem sido aldrabados pelo presidente da República, Armando Guebuza, que
lhes terá dito que seriam enquadrados no aparelho do Estado. “Por isso estamos
aqui para pedirmos explicações de porquê nos levaram à Matalane, não nos
reintegram e nem nos pagam os salários prometidos”.
“O
Governo liderado pelo presidente Guebuza é que nos chamou das nossas casas.
Como os senhores devem saber nós estávamos desmobilizados, mas de novo fomos
chamados pelo presidente da República, Armando Guebuza, há 7 anos e ficámos
aquartelados no Comando do Centro de Formação da Polícia Militar (ex-SMO) das
Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), todo esse tempo por ordens dele
(Armando Guebuza). Durante esses 7 anos ficámos acantonados até que no ano
passado, em 2011, fomos levados à Escola de Formação Básica da Polícia da
República de Moçambique (PRM) de Matalane, para sermos reciclados”, ” disse
Carlos Marrengula.
“Fomos
a Matalane cumprir com aquilo que o Governo na pessoa do presidente queria de
nós, que era recebermos treinos. Encerramos em Novembro do ano passado, mas até
agora não estamos a ver nada, como a reintegração, muito menos nos pagam o
dinheiro que nos prometeram dar como vencimento mensal”, denunciou Carlos Marrengula.
Ministro do Interior “o mau da fita”
“Quando
chegámos a Matalane, o que ouvimos e nos irritou foi que o ministro do
Interior, Alberto Mondlane, disse que quem não quiser cumprir o que vamos dizer
para fazer como ordem, pode ir à Renamo”.
“Como
ele diz que quando não cumprirmos as suas ordens podemos ir à Renamo, então nós
exigimos dele mesmo que nos passe um guia de transferência para o quartel da
Renamo em Marínguè”, disse, por seu turno, Fernando Luís, um outro antigo
militar da Guarda Presidencial.
Hoje,
estes agentes deverão voltar a manifestar-se em público para exigir o que dizem
ser seus direitos. (Bernardo
Álvaro)
Imagem: Maputo, 29 dez (Lusa) - Os
desmobilizados de guerra de Moçambique ...
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