quinta-feira, 12 de abril de 2012

Esposa de Nini Satar continua detida


Maputo (Canalmoz) – A esposa de Mamad Satar (Nini), Sheila Adão Issufo, detida pela Polícia de Investigação Criminal (PIC), em Maputo, na tarde da última segunda-feira (09 de Abril de 2012), voltou a comparecer na manhã de ontem, quarta-feira, na PIC, para ser ouvida.
Não foram avançados os detalhes da audição policial a Sheila Adão Issufo. Sabe-se apenas que dentro das próximas 48 horas, a detida poderá ser levada à presença de um juiz de instrução criminal.
Após a audição de ontem na PIC em Maputo-Cidade, Sheila Adão Issufo recolheu novamente à cela na 18ª Esquadra da PRM para onde havia sido transferida na tarde da última terça-feira, depois de ter pernoitado de segunda para terça na 1a Esquadra da PRM, ao lado do Museu da Moeda (Casa Amarela), na baixa da capital do País.
A falta de informações oficiais sobre esta detenção da esposa de Nini, está a forçar a que se recorra a fontes paralelas.
De acordo com fontes por nós auscultadas, a PIC terá procurado, na audição de ontem, saber do envolvimento de Sheila Issufo em negócios em que uma irmã de Nini e Ayob Satar, cunhada de Sheila, é acusada de estar envolvida em burlas a vários cidadãos com cheques sem cobertura, de contas de empresas que inclusivamente se alega já estarem fechadas. Essas mesmas fontes indicam-nos que a família Satar está também a ser investigada por casos de alegada viciação de registos notariais de imóveis, em actos que se supõe tenham sido praticados por elementos cúmplices de pessoas da família Satar.
Segundo apurámos das mesmas fontes, Sheila Issufo terá dito na PIC que não tem quaisquer ligações com os negócios da REMIX, a tal empresa da família Satar, sob a qual pesam suspeitas de viciação de registos notariais relacionados com imóveis e emissão de cheques falsos e sem provimento.
“Ela não aceitou nada. Apenas disse que não tinha nada a ver com os negócios de Nini na REMIX, nem com a irmã acusada de burla. É uma versão que a Polícia considera de enganosa e não está a aceitar. Por isso as investigações vão prosseguir”, sublinhou uma das fontes com quem abordámos o assunto.

A Polícia insiste em não falar do caso

Tal como aconteceu na terça-feira, a Polícia da República de Moçambique (PRM) continuava ontem, até ao fecho desta edição, a não prestar, oficialmente, declarações sobre as razões que levaram à detenção da esposa de Nini.
O porta-voz da PRM a nível da cidade de Maputo, Arnaldo Chefo, contactado pelo Canalmoz na tarde de ontem, apenas voltou a dizer que não tinha conhecimento da detenção da proprietária da empresa “Unicomunicações”.
“Não tenho a confirmação dessa detenção. Quando é que isso aconteceu? Os meus colegas ainda não me disseram nada. Talvez estão no processo de investigação. Mas logo que eu tiver o assunto na mesa vou falar do que realmente aconteceu e de que é acusada”, disse o porta-voz da PRM.
A esposa de Nini está detida na 18ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), na cidade de Maputo. Foi detida na cidade de Maputo na tarde de segunda-feira por uma Brigada Operativa da Polícia de Investigação Criminal (PIC).
Nini, o marido de Sheila Adão Issufo, está a cumprir pena de prisão maior por ter sido considerado um dos mandantes do assassinato do jornalista Carlos Cardoso.
A detenção de Sheila Adão Issufo ocorreu em Maputo, por volta das 16 horas do dia 09 de Abril, na Unicomunicações, empresa de que ela é proprietária e tem a sua sede localizada na avenida Eduardo Mondlane, em frente a uma igreja da Assembleia de Deus.
Oficialmente não são ainda conhecidas as razões que levaram a PIC a deter Sheila Adão Issufo.
A Reportagem do Canalmoz apurou que a família da detida contratou o Dr. Malia como advogado de defesa.
Recentemente, Nini e outro condenado no caso do assassinato de Carlos Cardoso, Vicente Ramaya, foram ambos transferidos da B.O. – cadeia de máxima segurança, na Machava, Município da Matola – onde cumpriam as suas penas, para as celas do Comando da PRM, na cidade de Maputo. Mais tarde o irmão de Nini Satar, Ayob Satar, também foi transferido da cadeia da Machava para o Comando da PRM em Maputo.
Segundo informações ainda não comprovadas em juízo, Nini e o seu companheiro Ramaya estão sob suspeita de serem os cabecilhas dos raptos e transferência de valores cobrados de resgate a empresários que durante muitos meses do ano passado, com maior intensidade nos últimos meses, inclusive já este ano. Tais actos que aterrorizaram o País e ocorreram em Maputo e Matola, deixaram de ocorrer depois de uma brigada de especialistas internacionais de investigação criminal ter vindo a Maputo colaborar com as autoridades, enviados pelo imã dos ismailis, Sua Alteza Aga Khan, para tentarem esclarecer o caso do rapto de uma senhora da família dos proprietários da Africom e Delta Trading. A senhora viria a ser libertada do cativeiro dos seus raptores, numa carpintaria na Matola, próxima da Mozal.
A Polícia nunca esclareceu até agora quem eram os autores dos vários raptos que ocorreram em Maputo. Houve, entretanto, acusações contra elementos da própria Polícia que apontavam agentes da corporação como estando envolvidos nas acções de rapto. (Bernardo Álvaro / Redacção)
Imagem: Nini Satar
ninisatar.blogspot.com

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