Maputo
(Canalmoz) – A esposa de Mamad Satar (Nini), Sheila Adão Issufo, detida pela
Polícia de Investigação Criminal (PIC), em Maputo, na tarde da última
segunda-feira (09 de Abril de 2012), voltou a comparecer na manhã de ontem,
quarta-feira, na PIC, para ser ouvida.
Não
foram avançados os detalhes da audição policial a Sheila Adão Issufo. Sabe-se
apenas que dentro das próximas 48 horas, a detida poderá ser levada à presença
de um juiz de instrução criminal.
Após
a audição de ontem na PIC em Maputo-Cidade, Sheila Adão Issufo recolheu
novamente à cela na 18ª Esquadra da PRM para onde havia sido transferida na
tarde da última terça-feira, depois de ter pernoitado de segunda para terça na
1a Esquadra da PRM, ao lado do Museu da Moeda (Casa Amarela), na baixa da
capital do País.
A
falta de informações oficiais sobre esta detenção da esposa de Nini, está a
forçar a que se recorra a fontes paralelas.
De
acordo com fontes por nós auscultadas, a PIC terá procurado, na audição de
ontem, saber do envolvimento de Sheila Issufo em negócios em que uma irmã de
Nini e Ayob Satar, cunhada de Sheila, é acusada de estar envolvida em burlas a
vários cidadãos com cheques sem cobertura, de contas de empresas que
inclusivamente se alega já estarem fechadas. Essas mesmas fontes indicam-nos
que a família Satar está também a ser investigada por casos de alegada viciação
de registos notariais de imóveis, em actos que se supõe tenham sido praticados
por elementos cúmplices de pessoas da família Satar.
Segundo
apurámos das mesmas fontes, Sheila Issufo terá dito na PIC que não tem
quaisquer ligações com os negócios da REMIX, a tal empresa da família Satar,
sob a qual pesam suspeitas de viciação de registos notariais relacionados com
imóveis e emissão de cheques falsos e sem provimento.
“Ela
não aceitou nada. Apenas disse que não tinha nada a ver com os negócios de Nini
na REMIX, nem com a irmã acusada de burla. É uma versão que a Polícia considera
de enganosa e não está a aceitar. Por isso as investigações vão prosseguir”,
sublinhou uma das fontes com quem abordámos o assunto.
A Polícia insiste em não falar do caso
Tal
como aconteceu na terça-feira, a Polícia da República de Moçambique (PRM)
continuava ontem, até ao fecho desta edição, a não prestar, oficialmente,
declarações sobre as razões que levaram à detenção da esposa de Nini.
O
porta-voz da PRM a nível da cidade de Maputo, Arnaldo Chefo, contactado pelo
Canalmoz na tarde de ontem, apenas voltou a dizer que não tinha conhecimento da
detenção da proprietária da empresa “Unicomunicações”.
“Não
tenho a confirmação dessa detenção. Quando é que isso aconteceu? Os meus
colegas ainda não me disseram nada. Talvez estão no processo de investigação.
Mas logo que eu tiver o assunto na mesa vou falar do que realmente aconteceu e
de que é acusada”, disse o porta-voz da PRM.
A
esposa de Nini está detida na 18ª Esquadra da Polícia da República de
Moçambique (PRM), na cidade de Maputo. Foi detida na cidade de Maputo na tarde
de segunda-feira por uma Brigada Operativa da Polícia de Investigação Criminal
(PIC).
Nini,
o marido de Sheila Adão Issufo, está a cumprir pena de prisão maior por ter
sido considerado um dos mandantes do assassinato do jornalista Carlos Cardoso.
A
detenção de Sheila Adão Issufo ocorreu em Maputo, por volta das 16 horas do dia
09 de Abril, na Unicomunicações, empresa de que ela é proprietária e tem a sua
sede localizada na avenida Eduardo Mondlane, em frente a uma igreja da
Assembleia de Deus.
Oficialmente
não são ainda conhecidas as razões que levaram a PIC a deter Sheila Adão
Issufo.
A
Reportagem do Canalmoz apurou que a família da detida contratou o Dr. Malia
como advogado de defesa.
Recentemente,
Nini e outro condenado no caso do assassinato de Carlos Cardoso, Vicente
Ramaya, foram ambos transferidos da B.O. – cadeia de máxima segurança, na
Machava, Município da Matola – onde cumpriam as suas penas, para as celas do
Comando da PRM, na cidade de Maputo. Mais tarde o irmão de Nini Satar, Ayob
Satar, também foi transferido da cadeia da Machava para o Comando da PRM em
Maputo.
Segundo
informações ainda não comprovadas em juízo, Nini e o seu companheiro Ramaya
estão sob suspeita de serem os cabecilhas dos raptos e transferência de valores
cobrados de resgate a empresários que durante muitos meses do ano passado, com
maior intensidade nos últimos meses, inclusive já este ano. Tais actos que
aterrorizaram o País e ocorreram em Maputo e Matola, deixaram de ocorrer depois
de uma brigada de especialistas internacionais de investigação criminal ter vindo
a Maputo colaborar com as autoridades, enviados pelo imã dos ismailis, Sua
Alteza Aga Khan, para tentarem esclarecer o caso do rapto de uma senhora da
família dos proprietários da Africom e Delta Trading. A senhora viria a ser
libertada do cativeiro dos seus raptores, numa carpintaria na Matola, próxima
da Mozal.
A
Polícia nunca esclareceu até agora quem eram os autores dos vários raptos que
ocorreram em Maputo. Houve, entretanto, acusações contra elementos da própria
Polícia que apontavam agentes da corporação como estando envolvidos nas acções
de rapto. (Bernardo
Álvaro / Redacção)
Imagem: Nini Satar
ninisatar.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário