E findamo-nos sem essência, sem o germinar das lápides atiradas ao abandono do tempo. Depois reencontradas nas cavernas escuras e escusas, sem a iluminação da alta voltagem inofensiva do sublime amor.
Esta história humana presente é o calvário, o purgatório, o martírio do amor sem a proporção divina das zebras desequilibradas entre o amar e sem viver. Condenámo-nos à nascença a amar, mas recusam-nos, teimam em nos odiarem. Não é ser, é ter alguém no Governo em quem confiar. Não existe nada de divino em que acreditar. Temos que apreender a dizer não, a este faz-tudo de amor clonado em vão. Evitemos que estes vendedores revendam o ardor da paixão. Não podemos resumir esta contenda nos gestos augurais das suas vestais até já continentais.
As plantas ondulam porque amam o vento. Se ele lhes faltasse o ódio reinaugurar-se-ia de verde amarelecido.
As asas do estímulo vivencial são o código genético desconhecido que nos faz voar, perfumar, o aroma para amar. E quem isto ousar proibir, também será proibido.
Os sensores do amor quando activados desordenam-se. No futuro serão bloqueados porque perigarão os instrumentos sensíveis das naves interplanetárias. E será imaginado, recriado um longínquo planeta amoroso para amantes eternos. É que os circuitos do amor desafiam as leis e a velocidade física. Não há, nunca existirá máquina que calibre a sua invisível intensidade. Porém, ele, o amor, esforça-se e tem mais que força, perenidade para viajar pelo infinito do Universo.
Deixai que os sedentos bebam da sua água pura, para que a impureza humana na poluição das águas não cause pandemias, e aconteça a sua extinção. Apenas um minuto de imensidão amorosa vale milhões de anos planetários. Para quê lutar se estamos sempre presos nos tentáculos das suas areias movediças, acariciantes, desse eterno sentimento. Tudo se extingue e parece em vão, o amor não! O amor tem muitas pernas mas quatro estão sempre presentes: duas femininas e duas masculinas. O útero da deusa mãe aguarda o seu convidado e os pés dos amantes movem a escala Richter.
Promete pois que amarás o amor e que nunca te cansarás da sua tentação. A diferença que existe entre o rico e o pobre é que o pobre é rico de amor. E o rico vive na pobreza espiritual à procura do amor. A plenitude virá quando soarem as badaladas cardíacas, rítmicas do relógio bioquímico do nosso coração. Não haverá tormenta que nos domine, que nos separe, porque estamos acorrentados, desmaiados nesse sem sentido, perdidos nos outros sentidos.
Que se santifiquem os mártires do amor, e que nos próximos tempos um salmo planetário seja cantado na cosmologia. E dos suicidas infelizes apenas porque amaram… serão edificadas estátuas de beijos com luz estelar aos viajantes espaciais com a inscrição:
AOS INFELIZES DO AMOR TERRENO QUE APENAS AMARAM
Imagem: campo de concentração de Luanda
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