quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

«A incompetência, a cobardia e a subserviência continuam a florescer»


Afinal o mesmo lixo da História reaparece sempre sob vários disfarces. E assim continuam na navegação agarrados às proas e dirigindo os lemes da riqueza espoliada, acumulada durante gerações e gerações. E criam forças especiais, espaciais e arsenais de seguranças… para se protegerem daqueles que esfomearam. E assim engalanados anunciam sempre espampanantes que os jornalistas são, serão, acordados ou a sonharem, livres para denunciarem os abusos do poder que corrompem as sociedades.

A História é, são, as revoluções periódicas quando o embuste social da fome se torna insuportável.

E para continuarem com o ultraje odiento de nos despojarem de tudo escondem-se no último invento: a democracia. Que outro sistema político implantarão a seguir? Provavelmente clones muito obedientes, democráticos... A CLONOCRACIA!


«“Vê se moderas as críticas”
Foi com a publicação do meu quinto texto aqui no Alto Hama, em 31 de Agosto de 2006 («(Re)flexões (+ ou -) sobre Jornalismo (I)»), que os donos do poder em Portugal traçaram o meu destino profissional. Uns porque são os donos da verdade única, outros porque da verdade única são os donos.

ORLANDO CASTRO ALTO HAMA

Nesses tempos, e já em 2001 na minha página pessoal, bem como ainda hoje, era um acto de suicídio escrever que “se não for possível deixar às gerações vindouras algum património, ao menos lutemos, nós os Jornalistas, para lhes deixar algo mais do que a expressão exacta da nossa incompetência e cobardia, visível quando a subserviência substitui a competência”.

Quase quatro anos depois, a incompetência, a cobardia e a subserviência continuam a florescer e a sar uma mais-valia decisiva para quem quiser singrar numa relevante parte da comunicação social portuguesa.

“Porque não há (digo eu na minha santa ingenuidade) comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar, cá estou mais uma vez (já lhes perdi a conta) a tentar o impossível já que - reconheçamos - o possível fazemos nós todos os dias”, escrevia eu num exercício de pregação para uma classe profissional surda, muda e cega.

Já nessa altura eu interrogava: “Não será este texto um (mais um) exercício de mero suicídio?” Em 2001 era uma dúvida, em 2006 uma interrogação, em 2009 uma certeza e hoje uma confirmação.

Mesmo “suicidado”, continuo a pensar que se o Jornalista não procura saber o que se passa no cerne dos problemas que o rodeiam é, com certeza, um imbecil. Também penso que se o Jornalista consegue saber o que se passa mas, eventualmente, se cala é um criminoso.

Por não querer ser criminoso fui, com muitos outros, abatido. A bem, acrescente-se, de uma nação cujos dirigentes actuais, tais como os do antigamente, quando ouvem falar de liberdade de expressão puxam logo da pistola.

Acresce, para mal dos nossos pecados (digo eu), que a precariedade profissional de muitos os obriga a aceitar fazer tudo o que o «chefe» manda (mesmo sabendo que este para contar até 12 tem de se descalçar). E mesmo assim...

Ontem escrevi aqui que não há restrições directas à Internet, acrescentando que as indirectas, essas existem e aumentam de volume e são do tipo, “enquanto escreveres no teu blogue o que escreves está fodido”.

Hoje, nem de propósito, recebi mais um “não” a uma tentativa de emprego numa entidade onde, aliás, sou conhecido por durante os 18 anos de jornalismo ao serviço do Jornal de Notícias ter feito vários trabalhos nesse organismo.

De forma particular, um dos responsáveis dessa entidade escreveu-me a dizer: “Eras a pessoa indicada para o lugar... mas essa tua mania de dizeres o que pensas ser a verdade em nada ajuda. Vê se moderas as críticas”.»

Imagem: http://www.imotion.com.br/imagens/data/media/71/8597dino.jpg

Sem comentários: