«Um dos sonhos mais belos que nos trouxe a brisa forte da independência foi o de ser possível construir um Homem Novo.
São precisos Homens Novos para construir o Homem Novo.»
In http://reflectir-angola.blogspot.com/2008/08/o-homem-novo.html
O prédio infestou-se para a festa. Normalizado pelo não esgotado e constante esgoto que escorre fezes e outras porcarias dos seus indecorosos moradores. Não parecem incomodarem-se nem cansarem-se convictos de que a companhia é a mais agradável possível. Imitam com o maior à vontade disponível a pocilga porcina.
Serviram-se do aniversário de uma criança para festejarem o acontecimento. E engalanaram o prédio com cagalhões que dançavam, melhor, estremeciam pela mais horrível e barulhenta música. Nos prédios contíguos, paredes, janelas e vidros pareciam a todo o momento desfazerem-se. Era intencional porque a malvadez e a idiotice ganharam foros incomuns. Os convidados chegavam dignos de uma feira de vaidades. Antes, no lugar de lhes estenderem um tapete, ou algo assim, colocaram-lhes pedras para que caminhassem seguros sobre os cagalhões e o molho nauseabundo. E todos riam altissonantes… livres.
O que importa é festejar seja lá o que for, onde e como se desentender. No prédio ao lado um engenheiro conseguiu rapinar um alicate para reparar a falta de uma fase. Puxou os condutores eléctricos, ligou-os e passados minutos começou a cheirar a queimado. Ouviram-se pequenas explosões e o prédio mergulhou na escuridão. Alheio, o prédio da festa aumentou terrivelmente o som das suas poderosas colunas sonoras. Já tresandava a álcool e os pequenos cérebros das criancinhas já com certeza não existiam, destruídos pelo infernal som. O mais importante é produzir bocós, fábricas destas não faltam, abundam intermináveis.
E disse o Senhor da Constituição. Haja luz… e Angola ficou às escuras. E o Senhor da Constituição criou os grandes tubarões para nos desfalcarem, espoliarem e devorarem. E viu o Senhor da Constituição que era bom. E os abençoou dizendo-lhes: frutificai na corrupção, multiplicai-vos e enchei os nossos cofres. In Génesis angolano.
Angola já não existe. Pode ser que Platão a descreva na sua Atlântida, e ela renasça em mais um mito, uma lenda. E os vindouros interrogarem-se: «Mas Angola existiu realmente ou foi uma invenção de algum sonhador? Se realmente existiu onde seria a sua localização? Nos Açores, nas Fossas Marianas ou algures no Golfo da Guiné? Pode ser que se encontrem vestígios dessa extraordinária civilização que desapareceu misteriosamente.» A História passada, actual e futura, é o palco onde os mesmos actores continuam a representarem muito mal os seus papéis.
Oh! Faz como o nosso Chefe, não ligues! No fundo é um povo que parece gostar da farda do antigo colonizador e do fardo da nova Constituição. O povo angolano está maratonado. Os miseráveis atingiram tal desenvolvimento económico e social, que os únicos bens não espoliados, por isso naturalmente adquiridos, são os caixotes do lixo.
Ah! Este petróleo angolano das companhias petrolíferas e do nosso Politburo. Deste povo não é com certeza. Povo do petróleo desterrado, sem direitos e ainda espoliado. E onde há muito petróleo extraem-se muitos casebres. É um petróleo virtuoso, académico, porque de esfomeados. Enquanto os especuladores financeiros e imobiliários dominarem o mundo, nunca teremos paz. É extremamente importante cercar tais monstruosidades que na tamanha miséria e fome nos abrigam. Acabemos com eles o mais rápido possível… antes que eles acabem connosco.
Imagem: FOLHA 8
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