terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Quem desrespeitou a velha constituição, respeitará a nova? (Fim)



E depois do CAN Orange 2010, outro campeonato segue: o CAN das trevas 2011 e seguintes. O campeonato da caça e eliminação dos feiticeiros da oposição. Mais uma espécie de intolerância civil à vista, ou algo parecido? Quem é escritor do MPLA não é escritor angolano. Quem é jornalista do MPLA não é jornalista angolano. Quem é poeta do MPLA não é angolano. Quem é empresário do MPLA não é angolano.

O povo angolano pode muito bem ser disciplinado, organizado, desenvolvido… mas como parece que não existe ninguém no governo para o ensinar, continuará na anárquica sobrevivência. É impressionante o desprezo com que o MPLA nos devota. Trata-nos como se fossemos lixo, zeros. Vê-se Angola a arder no Inferno. Já não há povo, há sobreviventes deste campo de concentração.

Tão estupidificados, tão anormais, tão bestiais. É como se não existissem, é como se Angola também deixasse de existir. A nova Constituição é um objecto VIP de uso e abuso pessoal. Isto é Angola, é fora de qualquer lógica. E depois um novo governo com tantos ministros, vices e outros disto e daquilo. Uma estrutura pesadíssima de que não há memória.

Na prática todo o Orçamento Geral do Estado vai para toda esta gente, que nada ou quase nada fará. É, pode-se dizer, um governo parasita. Um governo genuinamente africano, angolano. E a Constituição marxista-leninista de 1975 também era democrática. E a nova também o é? E este povo consumido em festas aprovou, não sabe o que é a nova Constituição.

Um casebre não é de certeza. Ah! Angola que te volatilizas sem horizontes, sem esperanças. Que te asfixias num colete de forças… de moribundos, moribunda. Que fizeram tal povo tão animalesco, perdido de selva em selva, perdido de Constituição em Constituição.

No regresso triunfal às cavernas da escravidão, a um altar, uma cruz e uma vela paramentados que nos esperam neste desespero continuado. Nova Constituição e velha Igreja fazem o par ideal. E os sinos tocam a rebate e os pecados ficam sempre perdoados. Pelos dados apresentados é de crer que caminhamos para o fim da nossa civilização. Quem desrespeitou a velha Constituição não respeitará a nova.

E com um governo tão abrangente, tão excessivo, quase com cem componentes, significa que não é um governo, é um sobado, ou outro Vaticano. Com esta estrutura pesadíssima, chumbada, a fadiga dos materiais responde rápida. A estrutura desaba e deixa de funcionar. Depois é uma estrutura que mantém intactos os trilhos do tradicional africanismo.

Que o fingir que vamos mudar, mas continua tudo na mesma… para pior. E com dois OGEs, um para eles e outro para nós. Assim não é governar, é arrasar. É o tal abismo que chama outro abismo. Como aquela anedota bem conhecida de que se espera a confecção do Plano Director de Luanda para a reparar, endireitar. Parece que ninguém nota que Luanda ruma exemplarmente comandada para o suicídio colectivo.

E os nossos intelectuais vaidosos não se cansam de mastigarem as palavras mal condimentadas. Angola já não existe, perdeu-se num principado. Acabem com o funji de bombó que só enche, não alimenta nada. Com este funji os cérebros não funcionam.

Imagem: Luanda, o PIB sobe

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