segunda-feira, 24 de outubro de 2011

José Mena Abrantes, Agualusa, e a literatura angolana in memoriam no Facebook



ADIVINHA
José Mena Abrantes Numa análise dos clichés da actual literatura mundial e das estratégias que permitem a um escritor da periferia aceder à escala internacional, o romancista britânico Tim Parks escreveu:
"Imagine que um escritor que é fortemente identificado com um determinado país - precisamente porque está em conflito com as autoridades desse país - traça um retrato não realista e de cores fortes da vida nesse local. Abandona a linguagem ousadamente desviante do modernismo precoce, a subversão agressiva dos valores herdados, tão difíceis de traduzir para a língua franca dos efeitos especiais, e utiliza figuras de estilo intelectuais e metáforas extravagantes em série, exibições de literariedade, elementos oníricos de sonhos e de fábulas, deslocando a narrativa para um futuro ameaçador ou um passado misterioso. (.) E, acima de tudo, para ser compreendido, tudo o que exige um conhecimento real da cultura do país é removido, ou, pelo menos, transferido do centro do livro. (.) Registe-se que esta receita se alia à necessidade que tem o escritor da periferia de causar espanto se quiser chamar sobre si a atenção da cena mundial. O seu país não é representado, mas sim apresentado, ouso dizer explorado, mesmo vendido, como um lugar fantástico".
Dá-se um doce a quem adivinhar o nome de um (ou mais) escritor(es) angolano(s) que se enquadram neste perfil!

Comentários:
Carlos Roque Estou em dieta, mas sei quem é.
José Mena Abrantes Tim Parks acrescenta: "Chegamos assim ao paradoxo seguinte. Qualquer que seja o valor que um autor atribua à sua singularidade, à sua autonomia em relação à sua cultura nacional, interessa-lhe ter um produto nacional interessante para vender no mercado internacional: a melancolia escandinava, o burlesco irlandês, a tradição popular sul-americana. Ou, melhor ainda, a opressão política sob qualquer forma. Longe de nos libertar, o processo de internacionalização da literatura reforça os estereótipos porque, confrontados com a necessidade de conhecer numerosos países, utilizamos um sistema de rotulagem rápido para os arrumar na nossa cabeça. o aplanamento e a normalização a que induz inevitavelmente a tradução reforçam ainda o processo. (.) Apelo assim aos meus pares escritores para que se esforcem por tomar consciência dessas evoluções. Não para as explorar, mas precisamente para evitar escrever sempre o mesmo romance arrebatador e sem interesse de maior, que a nova situação do mercado nos convida a escrever (o "esperanto da literatura internacional", segundo a expressão do crítico Adam Shatz). Para isso, é necessário realizar esse antigo gesto que é o recuo, a fim de nos desligarmos, não da cena nacional com o objectivo de deixar boquiaberta a cena internacional, mas da obsessão da celebridade. Em suma, afastarmo-nos um pouco das ambições grotescas que nos levaram a criar o fantástico reino da literatura mundial, na esperança de ser galardoado, num belo dia de outubro, com o Prémio Nobel".
Carlos Roque Como uma luva. Espantoso...
José Mena Abrantes A Vânia não tem direito ao doce...
Tito Cambanje Quem lê vive mais....
Julius Julius Consules Notabilíssima aptidão que os Abderitas tem pela poesia, como uma desgraça colectiva. Na caminhada moldada, distanciada, ouço-os animados de bocejos alargados, pomposos.
- Já correm réditos no teu livro de poemas?
- Ainda não abastaram angariadores.
- Torna-te fácil, elogia os feitos do Fulano.
Ou:
- Feitorei quatrocentos poemas, não consigo ludibriá-los.
- Também agonizei mais de mil, poesia dos combates… não sei se estás a ver!
- Hum, hum!
- Se publicar um livro de poesia, serei eleitor da Academia de Letras Fulana. A garinada fartará com lascívia, eu idem. Serei lisonjeado, admirado, invejado pelos meus amigos. Nas igrejas repicarão sinos, porque se pariu um grande escritor avatar. Farei um figurão heráldico. O meu nome literário será gravado na toponímia. A rua onde nasci chamar-se-á Rua do Poeta.
- Ah! … Os poetas Abderitas são tão diferentes, como punhais indiferentes.
- Discordo! A nossa poesia é celebrada nos punhais importados, espetados, frustrados de corrupção. Freados mas combativos, demoramos convencimentos. Inda não zarpou para lá das Colunas de Hércules, porque nos falta tempo de limpar o sangue acumulado na noite dos tempos.
- Dos pés à cabeça, poesia vitoriosa e derrotas concordantes.
- Até ver!
- A pé firme!
- Sai uma glosa debatida, declamada, motejada do meu vanglorioso corcel bibliotecário.
Nelson Silvestre J.E.A.L bingooooo!
Julieta Duarte prosa/poesia que sabe a musica. tem que publicar.
Vania Bonfim José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos para mais de vinte idiomas. Também escreveu várias peças de teatro: "Geração W", "Aquela Mulher", "Chovem amores na Rua do Matador" e "A Caixa Preta", estas duas últimas juntamente com Mia Couto.
Beneficiou de três bolsas de criação literária: a primeira, concedida pelo Centro Nacional de Cultura em 1997 para escrever « Nação crioula », a segunda em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa durante 3 meses e na sequência da qual escreveu « Um estranho em Goa » e a terceira em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst. Graças a esta bolsa viveu um ano em Berlim, e foi lá que escreveu « O Ano em que Zumbi Tomou o Rio ». No início de 2009 a convite da Fundação Holandesa para a Literatura, passou dois meses em Amsterdam na Residência para Escritores, onde acabou de escrever o romance, « Barroco tropical ».
Escreve crónicas para a revista LER. Realiza para a RDP África "A hora das Cigarras", um programa de música e textos africanos. É membro da União dos Escritores Angolanos.
Luis Fernando MENA ABRANTES manda para cá o doce....acertei em cheio: JOSE EDUARDO AGUALUSA !!!
Nelson Silvestre Cabulas não valem!
Julius Julius Consules As noites delongam-se, mordentes noite e dia
Escravas, nas costas carregadas de garrafais crianças
Os teus lábios endureceram sem porvir
Só de fora para fora, de fora para dentro não
A minha tristeza voa, só vê desolação, na nação
Tudo esbanjado, partido, não repartido
Sem bater pés não andam, desandam
Está tudo entupido, carcomido
Tudo de fachada fechada, enregelada
A tristeza de contemplar poetas, de poesia engarrafada
Poemas de escravos independentes
Na pátria dos poetas mortais
Sempre as mesmas vozes se levantam
Cabisbaixas nas repetidas intenções
Vania Bonfim Entrega dos Doces para Nelson Silvestre e Vânia Bonfim em segundo lugar. Andem lá... Bjos
Julieta Duarte peço muita desculpa,pois o meu post não era para esta página. reportava-se a Valter José Guerreiro. a César o que é de César.
João Stattmiller Ja em bifes a estas horas da manha Mena?!? Acordas-te com azia concerteza...rsrsrs
Julius Julius Consules Há neste reino muitos ditadores confessos que têm toda a razão na invocação do poder eterno. E consolam-se porque Deus também está eternamente no poder.
Nsambanzary Newton Xirimbimbi ‎José Eduardo Agualusa, grande escritor. Os outros lhe reconhecem o mérito, porquê nós o hostilizamos? Não estamos a espera que homem morra, para receber homenagem post mortem, como é hábito por essta bandas, pois não?
Luis Fernando Amigo Nsambanzary , não se está a questionar o mérito ou a falta dele no caso. Está em causa, isso sim, a gritaria do Agualusa para se fazer notar, nem que para isso seja preciso renegar a mãe, atropelar-nos a todos e insultar Agostinho Neto. Aquilo a que poderia chamar-se "querer aparecer a qualquer preço". Torne a ler o post do Mena Abrantes e descobrirás que tenho razão
Julius Julius Consules Eis aqui a razão:
Para votar é necessário que haja eleitores
Para haver eleitores é necessário que haja eleições
Para haver eleições é necessário que haja democracia
Para haver democracia é lícito apear o poder ilícito
Julius Julius Consules E de facto Luís Fernando, assim é:
Quanta mais ignorância melhor governação
Glória aos descendentes da hipocrísia na Terra
Um movimento de libertação, um pedaço de pano como bandeira, um hinista, um poetastro, tiros de canhão.
Mais uma nação. Outra opressão
E sempre os mesmos premiados
uma benção.
Fernando Pereira ‎Luis Fernando, concordo contigo qd dizes que o JEA devia estar calado em relação ao Neto, mas olha que dar Prémio Nacional de Cultura e Arte, edição 2011, na categoria de Literatura à Maria Eugénia Neto é um atestado de menoridade às letras angolanas. Acho que é mesmo altura de importar o Gonçalo M. Tavares ou Walter Hugo Mãe para que a literatura angolana não passe por situações deste tipo! É a minha opinião, apesar de não ter nada contra a senhora!!!
Fernando Pereira o JEA é um bom escritor, dispensam-se os comentários dele, ou então que os faça ao Brasil e Portugal já que se assume culturalmente e em termos de cidadania como triangular, ou tripé. O Neto é uma referencia para os angolanos que muitas vezes pouco mais tinham que os poemas dele para ousar resistir...e são poemas de resistencia, que ainda hoje nos fazem reviver sonhos de tempos maus e muito bons simultaneamente
Ana Silva Cresci a ver este tipo de filmes, se és contra mim...
Teresa Font Penso que toda a gente percebeu de quem de falava. Os livros tb são um produto e um negócio- que pode ser tratado como uma embalagem de OMO. Vendem-se - e venderam-se - como pães quentes "livros-receita" cheios de inexactidões, estereótipos e tolices puras e duras. As mulheres têm sido um grupo particularmente afectado pelo fenómeno. Duvido, no entanto, que tal facto prejudique seja o que for, a não ser mentes já 'prejudicadas'. Mas acho a análise de Tim Parks interessantissima e vou procurá-la.Obrigada.
Julius Julius Consules E elevando a mediocridade se define uma civilização.
Amor de Fátima hummm....não preciso de doces...também tou de dieta....por isso vou aguardar pela resposta, Zé!
Luandino Carvalho Tantas qualidades...
Luandino Carvalho ÁGUA CALMA ILUMINADA, quem mais?
Teresa Victória Pereira Mena, estava a ler as primeiras linhas e já tinha identificado o tal. Para mim há um que é o perfeito encaixe nessa descrição:-)
José Mena Abrantes ‎@Teresa Font O texto foi originalmente publicado no NCR Handelsblat de Roterdão, mas aparece traduzido na edição portuguesa do Courrier Internacional, nº 186, Agosto de 2011. Vale a pena ler, para lá de qualquer adivinha..

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