terça-feira, 25 de outubro de 2011

Renamo apela à revolta popular. Na abertura da IV sessão da Assembleia da República.


…depois de recordar as promessas do governo não cumpridas

O anúncio da “cesta básica” e outros truques tinha um único objectivo: propaganda política para entreter o povo moçambicano e evitar que aconteça em Moçambique o que está acontecer na Líbia, Tunísia, Egipto, Síria e Yémen, onde partidos e dirigentes que se consideram vitalícios estão a ser escorraçados - chefe da bancada da Renamo, Maria Angelina Enoque.

Maputo (Canalmoz) - Arrancou ontem, segunda-feira a quarta sessão da Assembleia da República que foi dominada por discursos da presidente do Parlamento, Verónica Macamo, e dos três chefes de bancadas, nomeadamente Frelimo, Renamo e MDM. O discurso da chefe da bancada da Renamo foi o que mais mereceu atenção não só por ter sido o mais longo, mas, também, por ter criado um mal-estar generalizado e comentários do lado do Executivo assim como da bancada da Frelimo. No seu discurso, a chefe da bancada da Renamo, Maria Angelina Enoque, arrolou todas as promessas do Governo que pomposamente foram anunciadas oportunamente e que entretanto não foram cumpridas.
O adjectivo reservado pela deputada Angelina Enoque para classificar as promessas da Frelimo não podia ser menos simpático para o governo da dupla Guebuza/Aires Ali. A líder parlamentar da Renamo apelidou as promessas não cumpridas ao longo dos últimos meses de “truques descabidos da Frelimo”.
Na lista das promessas, a chefe da bancada da Renamo começou por questionar a “cesta básica” e o “passe social” nos transportes públicos que o governo prometera para terem entrado em vigor no dia 01 de Agosto último, mas acabou por não cumprir. Angelina Enoque lembrou o arroz de terceira qualidade e o subsídio ao preço do pão que o governo também prometeu para atenuar o sofrimento dos cidadãos carenciados, por sinal a esmagadora maioria, e não cumpriu.
“O anúncio da cesta básica e outros truques tinha um único objectivo: propaganda política para entreter o povo moçambicano e evitar que aconteça em Moçambique o que está acontecer na Líbia, Tunísia, Egipto, Síria e Yémen, onde partidos e dirigentes que se consideram vitalícios estão a ser escorraçados”, disse a chefe da bancada da Renamo.
À falta de informação sobre o impacto das medidas de austeridade, a chefe da bancada da Renamo juntou ao role de atoardas da Frelimo o dossier sobre os mega-projectos. “Nos mega-projectos são assinados acordos que ficam no segredo dos deuses. Quem são os moçambicanos que lá estão?”, questionou para depois acrescentar que “nos contratos com os mega-projectos cresce a corrupção, a roubalheira, o desmando e quem questiona é tido como apóstolo da desgraça, antipatriota e com ausência de auto-estima”, afirmou a líder parlamentar a Renamo.
Maria Angelina Enoque voltou também a exigir celeridade nas investigações ao assassinato do director dos serviços de inteligência das Alfândegas, o jovem Orlando José, até aqui nunca esclarecido. (Matias Guente)
Imagem: C M PENACOVA ACUSA HOMEM DAS TABERNAS DE INCITAR À REVOLTA POPULAR
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