quinta-feira, 19 de abril de 2012

Casas de Moatize usadas como símbolo de mau exemplo da Vale no mundo


“Casas de tipo Caixotes” é assim como são descritas as casas que a empresa Vale Moçambique construiu em Cateme para reassentar as populações retiradas das suas terras em Moatize, onde agora se faz a exploração de carvão
Maputo (Canalmoz) – Uma das principais faces negativas da exploração de carvão de Moatize, pela empresa brasileira Vale Moçambique (filial da Vale do Rio Doce) é o processo de reassentamento das populações retiradas dos campos carboníferos em Moatize. Reclama-se, principalmente, pela má qualidade das casas onde as pessoas estão reassentadas e este assunto atingiu agora dimensão internacional.
As casas construídas pela Vale, em Cateme, para reassentar as populações retiradas de Moatize, foram publicadas no Relatório de Insustentabilidade da Vale 2012, da autoria da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale. São apontadas como símbolo da irresponsabilidade social da Vale nas regiões onde a mineradora, que é a segunda maior do mundo (atrás da norte-americana BHP BILLITON), está implantada.
No capítulo da responsabilidade social da Vale, o relatório de 17 páginas traz alguns exemplos dos desmandos da empresa, incluindo em Moçambique.

Tete, Moçambique

“Em Moçambique, por exemplo, os mega-projectos de mineração de Moma e Moatize resultaram na remoção de cerca de 760 famílias camponesas das suas comunidades, para possibilitar a abertura de minas de carvão, entre 2009 e 2010. A empresa (Vale) dividiu as famílias entre rurais e semi-urbanas, usando critérios diferenciados para os reassentamentos. As famílias consideradas ‘rurais’ foram realocadas a cerca de 45 km da sua comunidade de origem e a 75 km da cidade de Tete”.

Rio de Janeiro, Brasil

No Rio de Janeiro, a população que vive no entorno da Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), uma joint venture da Vale com a Thyssen Krupp, chama o empreendimento de “FLAGELO TKCSA”. A comunidade sofre com o aumento de 600% de partículas de ferro no ar da região, conforme constatou o Ministério Público do Rio de Janeiro, que denunciou a empresa e dois de seus directores por crimes ambientais. De acordo com o relatório produzido pela FIOCRUZ, problemas respiratórios e dermatológicos relacionados com a poluição são os mais frequentes desde a sua inauguração em 2010. Para piorar, o desvio de um rio vem causando sérias enchentes em um dos conjuntos habitacionais da região, resultando na perda de móveis e bens pelos moradores. Até hoje, no entanto, não foi paga nenhuma compensação aos atingidos pelos danos causados”.
Estes são apenas alguns exemplos dos vários exemplos concretos de mau relacionamento da Vale, com as populações de locais onde a empresa está instalada, um pouco por todo o mundo. O relatório foi produzido por organizações de 38 países dos cinco continentes onde está implantada a empresa. (Borges Nhamirre)

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