segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Angola. O dinheiro já se subprimou?



Onde estão a ser investidos os activos financeiros de Angola?

A pergunta justifica-se plenamente diante da envergadura da actual crise financeira internacional, a qual Angola dificilmente poderá escapar, porque o nosso dinheiro há muito que já deixou de se guardado em garrafões ou debaixo dos colchões.

Sabemos que grande parte do dinheiro público de Angola anda por aí a passear-se em operações de rentabilização que, certamente, não estão a ser feitas em Moscovo e muito menos em Ondjiva.
Sabemos que empresas públicas angolanas, com destaque para a Sonangol, estão a investir forte e feio, na compra de activos de congéneres portuguesas cotadas na bolsa lisboeta.

Sabemos que o BNA já investiu alguns largos milhões de dólares no Fundo Carlyle, por exemplo.
Antes de batermos palmas ou criticarmos quem quer que seja, é altura, face ao que de muito grave se está a passar pelo mundo da alta finança, de sabermos muito mais, de preferência tudo e mais alguma coisa, em relação as aplicações internacionais que estão a ser feitas com o dinheiro que é de todos nós.

Qual é a estratégia?
Quem controla quem?
Não é a primeira vez que formulamos estas e outras perguntas.
Lamentavelmente, o silêncio (que não pode ser de ouro) tem sido a resposta para as nossas anteriores preocupações.
Até quando?
Wilson Dadá
Fundo Carlyle é atingido pela crise americana

2008/03/14

NOVA YORK, EUA (AFP) — O agravamento da crise financeira norte-americana atingiu um dos investidores mais importantes do mundo, o grupo Carlyle, cujas diversas conexões políticas não impediram a quebra de um de seus fundos, com a humilhação adicional de um embargo de seus ativos.

Um dos 60 fundos administrados pelo Carlyle Group, Carlyle Capital Corporation (CCC), criado em 2006 para especular com títulos ligados a créditos hipotecários norte-americanos, anunciou na quinta-feira sua provável quebra, mergulhado em dívidas de 17 bilhões de dólares sem garantias suficientes.

Suas ações desabaram na bolsa e não valem mais que alguns centavos, contra 19 dólares em sua entrada na bolsa no terceiro trimestre de 2007.

A situação representa um duro golpe para o Carlyle, um fundo de mais de 20 anos de existência, de enorme reputação, acentuada por sua proximidade com políticos eminentes como a família Bush.

Desde sua criação, o Carlyle investiu em mais de 500 empresas. O grupo gera 81,1 bilhões de dólares distribuídos entre 60 fundos de investimentos e seu portfólio vale 21 bilhões de dólares, investidos em dezenas de empresas em todo o mundo.

O Carlyle Group se apressou para informar que a quebra do CCC "não terá impacto perceptível sobre os outros fundos e investimentos" do grupo e que "não significa insolvência nos empréstimos feitos pelo grupo nem por qualquer um de seus fundos de investimentos".

O Carlyle, criado em 1987 por David Rubinstein, não reúne seus investimentos em um só setor. Sua área de atuação inclui do setor aeroespacial e de defesa ao automobilístico, de transportes, bens de consumo, energia, saúde, imóveis, telecomunicações e comunicação.

É proprietário, por exemplo, da empresa de aluguel de automóveis Hertz e da consultoria Nielsen, assim como de dezenas de imóveis nas principais capitais do mundo, entre elas, o parque imobiliário do Banco da França.

É famoso também por seus investimentos e pelos vários líderes políticos mundiais que recrutou, dotando-se de uma rede capaz de abrir todas as portas.

Entre 1993 e 2003 o fundo foi presidido por Frank Carlucci, ex-secretário norte-americano de Defesa, o que o permitiu ajudar o Carlyle em seus diversos investimentos no setor militar.

Também recrutou como conselheiro o ex-presidente dos Estados Unidos, George Bush, após a conclusão de seu mandato, tendo permanecido no Carlyle até 2005. O Carlyle já incluiu outros políticos de renome em seus quadros, como James Baker, ex-secretário de Estado de Bush, e o ex-primeiro-ministro britânico John Major.

O grupo foi alvo de intensas polêmicas após os atentados de 11 de setembro de 2001, pois administrava o dinheiro da família Bin Laden. Mais tarde o Carlyle se distanciou da política ao eleger um novo presidente: Carlucci foi sucedido pelo ex-presidente da IBM Lou Gerstner em 2003.

Mas seus contactos mundiais permitiram ao grupo em 2007 obter a ayuda do Emirado de Abu Dhabi, cujo fundo Mubadala Development adquiriu 7,5% de seu capital por 1,35 bilhão de dólares.
Fonte: http://afp.google.com/article/ALeqM5hrMXiXfBF-jM4HQMflRtKcqT45hQ

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