quarta-feira, 8 de outubro de 2008

EXODUS ANGOLA


Comeremos diamantes e beberemos petróleo. Cagaremos nas torres e condomínios dos especuladores imobiliários, e limparemos o cú aos milhões de dólares, que ainda terão essa utilidade. E os generais rebaixarão, chefiarão quadrilhas de eleitores. Seremos outra vez colonizados. Que serventia nos resta além disso? E porquê tanto silêncio dos activos nos bancos internacionais que se foram?

Porque não produzimos nada! O petróleo e diamantes não são produzidos, SÃO EXTRAÍDOS PORRA! Nem sequer uma agulha produzimos. Vem tudo de fora…aiué! Nzambié! Temos tudo dominado, controlado por estrangeiros… vamos morrer de fome certa. Políticos, bancários e especuladores para os tribunais. Não podem fugir aos julgamentos.

Somos o único país do mundo, onde a ruína da economia não nos afecta.
O nosso crescimento económico apenas descerá um pouco. O nosso Ministério da Saúde admite que há tuberculosos em Angola. Os estrangeiros assim como aqui chegaram, assim também abalaram.

Comecemo-nos, preparemo-nos, para os nossos consagrados arcos, tangas e flechas.
Angola não tem economia nacional. A economia é elitista, é da classe, de uma família. Há uma economia sim! A do 8164, a economia primitiva das resistentes e sobreviventes à força bruta. Femininas negras vendas esquinadas. Até abundamos de estrangeiras na prostituição.

Pois!.. ensinaram-me, modelaram-me que o neoliberalismo era o cume, que até era superior a qualquer ente bíblico. As universidades da economia doutoraram os melhores especialistas em especulação. Sim! Doutores em terrorismo da especulação internacional.

Ó Kalunga!.. salve o seu povo da terra da escravidão Negra, para a terra da repatriação Branca. Quando crianças somos inocentes, em adultos culpados.
A figura da África Negra é uma aventura, propícia para aventureiros. Nos cartazes com fotos gigantes que iludem os eleitores votantes. Neles, as palavras democraticamente proibidas: só onde há pão e livros, há democracia.

Descontento-me porque nunca serei feliz
É-me proibido admirar uma grandiosa obra de arte
Que humanos semelhantes produziram
Apesar que sou uma obra-prima
Coíbem-me de transmitir os meus sentimentos
Tudo o que sinto e penso num oceano de perenidades
Numa beleza de imensidades, sem importação de serenidades

Escondem-me numa ténue demonstração de beleza
Numa mostra fugaz de humanidade
Da qual o ser humano parece amedrontar-se
Perante tanta injustificação
De tantos democratas e ditaduras neoliberalizadas
por tantos e tantos Millenniuns da especulação
felizes nos milhões de famílias que levaram
à extinção, à final, à banal destruição

Terminou-se o germinar da vida protegida
Do tempo perdido à procura
Do elo desconhecido
A genialidade despertou-me a maldade
Da Ocidental civilização atómica
Chegou a independência dos libertadores
Com novas promessas, novos colonizadores
Quadrilhas neoliberalistas, neolibertadores.

Gil Gonçalves
Imagem: http://www.daylife.com/photo/0aqO1GN0IXcRH

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