Meu amor sem folhas, mas sempre novo em folha
As folhas caídas do deleite do teu leito, esparsas, comadres do teu alaúde, comparsas das ameias do medievo castelo de areia facetado ao aludido, desfilavam sons épicos que se incrustavam na margem da tua ainda disfarçada anorexia.
Aprecio o teu insondável alaúde, sinto-o sonoro aprofundando o meu ainda mal estudado cérebro, mas admiravelmente extasiado.
Sim… é eternamente verdade que navegamos no tempo mas não o encontramos, deslizamos desencontrados, aluados, alaudados.
O nosso amor foi feito, eleito, é o efeito aveludado do nosso alaúde pelas almas que já foram e irão, mas ninguém, seja quem for o ousa propor. Porque nunca o possuirão.
Olha-te… relembra-lhe os sons. O alaúde vivência-nos, toca-nos, desponta-nos como na leveza planetária dos Lamentos Imortais. E lá convivem estátuas de vaginas. Há o culto à deusa vagina sem mulheres. Noutro planetário sempre a contradição. Existe o culto do pénis, mulheres não.
Nos confins do Universo existe o alaúde sonhado. A questão é determinar quem e como lá chegar.
E parei a onda marítima e nela me acostei. E a reverberação alaudista sintonizou a memória das vagas que despertaram precocemente o sem tempo:
Deitei-me em cima do teu fim-de-semana desareado. A areia roubaram-na para os canteiros de obras. Roubam-nos tudo… até o nosso coração ficar sem partido. O meu corpo sonhava com um areal demasiado atraente, quente do sol que senti, sem ti. Um estranho impulso corria-me para a ainda transparente água. Os humanos ainda não a alcançaram.
Mergulhei desmedidamente e de mergulhando, cada vez mais próximo estava o fundo. Esforcei-me, reabri os olhos ávidos de biliões de crianças que jamais verão o futuro. Sentei-me e amarinhei-me no fundo marinho para sempre. Enquanto meditava que é nos silêncios ondulatórios que nascem as reflexões. Perdi a coragem, nunca mais regressei à superfície, e por lá fiquei.
A minha alma não é gentil, distancia-se, mas céus e terras entretanto permanecem. Continuam adentro de mim a cada instante recordando o suave alarido sonante. Aguardando o não feito, mas sempre que o façam na luta diária do abrir portas que me enlouquecem. No solitário andar entre indigentes, agentes desfolhantes, errantes.
É algo que não fica, algo que vai. Como as notas suaves, melodiosas de um alaúde. É querer sempre andar, mas ficar amiúde. No cruzar aqui e acolá com gente e não olhar. Convicta de que sou a melhor mas sem virtude.
Gil Gonçalves
As folhas caídas do deleite do teu leito, esparsas, comadres do teu alaúde, comparsas das ameias do medievo castelo de areia facetado ao aludido, desfilavam sons épicos que se incrustavam na margem da tua ainda disfarçada anorexia.
Aprecio o teu insondável alaúde, sinto-o sonoro aprofundando o meu ainda mal estudado cérebro, mas admiravelmente extasiado.
Sim… é eternamente verdade que navegamos no tempo mas não o encontramos, deslizamos desencontrados, aluados, alaudados.
O nosso amor foi feito, eleito, é o efeito aveludado do nosso alaúde pelas almas que já foram e irão, mas ninguém, seja quem for o ousa propor. Porque nunca o possuirão.
Olha-te… relembra-lhe os sons. O alaúde vivência-nos, toca-nos, desponta-nos como na leveza planetária dos Lamentos Imortais. E lá convivem estátuas de vaginas. Há o culto à deusa vagina sem mulheres. Noutro planetário sempre a contradição. Existe o culto do pénis, mulheres não.
Nos confins do Universo existe o alaúde sonhado. A questão é determinar quem e como lá chegar.
E parei a onda marítima e nela me acostei. E a reverberação alaudista sintonizou a memória das vagas que despertaram precocemente o sem tempo:
Deitei-me em cima do teu fim-de-semana desareado. A areia roubaram-na para os canteiros de obras. Roubam-nos tudo… até o nosso coração ficar sem partido. O meu corpo sonhava com um areal demasiado atraente, quente do sol que senti, sem ti. Um estranho impulso corria-me para a ainda transparente água. Os humanos ainda não a alcançaram.
Mergulhei desmedidamente e de mergulhando, cada vez mais próximo estava o fundo. Esforcei-me, reabri os olhos ávidos de biliões de crianças que jamais verão o futuro. Sentei-me e amarinhei-me no fundo marinho para sempre. Enquanto meditava que é nos silêncios ondulatórios que nascem as reflexões. Perdi a coragem, nunca mais regressei à superfície, e por lá fiquei.
A minha alma não é gentil, distancia-se, mas céus e terras entretanto permanecem. Continuam adentro de mim a cada instante recordando o suave alarido sonante. Aguardando o não feito, mas sempre que o façam na luta diária do abrir portas que me enlouquecem. No solitário andar entre indigentes, agentes desfolhantes, errantes.
É algo que não fica, algo que vai. Como as notas suaves, melodiosas de um alaúde. É querer sempre andar, mas ficar amiúde. No cruzar aqui e acolá com gente e não olhar. Convicta de que sou a melhor mas sem virtude.
Gil Gonçalves
1 comentário:
Gil, lindo, leve, sublime sem ser piegas!!!! Lindo...Parabéns pelo texto!
Patrícia Martinelli
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