quinta-feira, 2 de outubro de 2008

As Colunas de Hércules


MicroNews.

Tuia ko Mussulo Kossota o wanga ko Kaxito
Vamos ao Mussulo
Buscar o feitiço forte o feitiço de Kaxito.
(Ângela Ferrão)
Milagre… a luz não faltou, falhou. Aiué, nossa Senhora da Muximéééééé! Agora é a água… tá-se mesmo muito mal. Dá-me a sensação, a especulação, que a privatizaram. E que a utilizam para exportação.


As Colunas de Hércules
Encontrei a manhã a meio no embarcadouro do Mussulu. O céu obrigou o dia a escurecer. A água desertou do firmamento e o horizonte enevoou-se. Chuva intensa, centimétrica, parecia milhões de micrometeoritos que abriam crateras transparentes na superfície neptuniana.
Conseguirei chegar a Tule?

Muitos perigos me esperam, mas terei êxito nesta epopeia. Quando lá chegar, admirarei as Colunas de Hércules. Não sei quem foi o propositado que chamou tal nome a duas imensas montanhas de lixo.
Para além delas é o desconhecido… alguns mercadores Fenícios que de vez em quando aqui chegam, dizem que para lá das Colunas de Hércules existem dezassete reinos, governados por pretores. A informação que dão é muito escassa. Não se sabe o que lá se passa.

Em criança ouvia falar desses reinos desconhecidos, esquecidos, abandonados. Que ninguém se preocupava com eles. Comecei a sonhar que Angola seria o continente perdido da Atlântida.

Tantos carros para poucas estradas esburacadas, permanentemente engarrafadas. Nunca conseguirei entender porque é que os Petrolíferos e Petrofamintos não apreciam bicicletas. Combinam com os séculos, com as cargas na cabeça sem rodas, sempre à roda.

O âmago do meu espírito tenta libertar-se da desordem circundante. O lixo encolerizante une-se às árvores derrubadas pela força inumana da especulação imobiliária. Os canteiros de flores perderam-se na imposição dos canteiros de obras de fachada, de santa Engrácia, do betão concreto. Dos novos construtores dilectos. Cosmovisão genética rudimentar mas, truncada.

Passam os desgovernados anos, não mandatados continuam os tiranos.

Gil Gonçalves

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