sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ANGOLA Dívidas a trabalhadores portugueses na construção ultrapassam meio milhão de euros, anuncia sindicato em Lisboa


Pretória (Canalmoz) - O Sindicato da Construção de Portugal (SCP) afirmou hoje que as dívidas a trabalhadores portugueses do sector, emigrados em Angola, ultrapassam o meio milhão de euros e anunciou que vai pedir a intervenção do embaixador daquele país em Lisboa.
“A intervenção do senhor embaixador é extremamente importante”, sublinhou o presidente do SCP, Albano Ribeiro, durante uma conferência de imprensa no Porto.
Citado pelo jornal de economia, OJE, Ribeiro sustentou que “muitos trabalhadores têm dois meses de salário em atraso, outros três, outros ainda não estão a receber as horas extras prometidas”, atribuindo o incumprimento salarial “sobretudo a empresas subcontratadas”.
O sindicalista disse que a questão salarial é apenas uma parte do problema, já que “a alimentação dada aos trabalhadores é má”, há registo de operários abandonados, problemas de insegurança e inexistência de primeiros socorros “em muitos casos”.
O responsável do sindicato referiu ainda que dois portugueses do sector da construção morreram em Angola de paludismo (malária), “porque não tinham assistência médica”.
Acrescentou que os portugueses enfrentam em Angola a concorrência dos chineses, que “entraram em força” no país, aceitando trabalhar por menos dinheiro e sem qualquer segurança.
“O custo por metro quadrado de um trabalhador chinês e de um português não tem nada a ver. Os chineses trabalham em esteiras enquanto os portugueses exigem andaimes. Isso tem um custo elevado para as empresas, mas esse é que é o caminho”, sublinhou.
Albano Ribeiro disse que Angola se tornou “muito apetecível há dois anos, sobretudo para trabalhadores portugueses que a crise da construção espanhola deixou sem emprego”.
Assinalou, no entanto, que a degradação do quadro laboral angolano “está a fazer com que regressem em massa”.
“Nos últimos dois anos foram milhares e milhares para Angola, mas cerca de 5.000 trabalhadores podem regressar em breve” a Portugal, previu.

(Redacção) 2010-10-01 06:46:00

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