quinta-feira, 28 de outubro de 2010

República Popular das Demolições


Sob o lema, Vamos Demolir Angola, o nosso glorioso Politburo com a coragem que lhe é peculiar, encetou uma grandiosa campanha de requalificação de Angola em geral e de deixa abaixo tudo onde hajam seres humanos em particular. A viverem em pardieiros ou não, a que majestosamente as correntes mais conservadoras da eliminação física ultrajaram com a introdução nos espoliados do petróleo do acervo… casebres.

Ora, os detentores dos lucros do petróleo habitam em luxuosos palácios, os que não têm acesso nem a um barril de petróleo vivem em casebres, mesmo que a sua habitação tenha valor neste inferno da imolação imobiliária. Este ainda é o povo que não se pode aproximar destes novos senhores feudais. Este povo tem apenas o direito reservado de viver em campos de extermínio, as estrelas das noites que os contemplam têm muitas histórias de terror para narrarem. O Politburo já conseguiu abolir a família angolana, simplesmente não existe, demoliram-na.

Os bancos logo acorreram em massa apoiados pela angolanidade do lucro fácil, não trabalhoso, obrigados a sustentarem no seu capital social a inutilidade dos eternos habituais da governação e o apoio incondicional da Igreja do Deus local. Pudera, sem eles que seria de Angola?! São os únicos que sabem governar, mais ninguém está habilitado para isso. São detentores das melhores graduações das universidades marxistas-leninistas.

O que dá trabalho, como a agricultura, que se dane. Basta alguns pós de conversa, que daqui a alguns anos teremos os nossos campos inchados de produtos, e as nossas populações finalmente libertas da fome.

De imediato os bancos lançaram-se ao assalto sob as ordens da divina chefia, com o lema: É PARTIR, É DEMOLIR!

Antes era o inimigo principal que destruía as habitações com bombas, como se eles fossem os únicos que destruíram Angola. Agora em paz (?) na imprensa escrita, falada e muda, somos informados a todo o momento que o bairro tal vai ser demolido, que o mercado tal vai ser demolido – é incrível notar que estes demolidores não constroem mercados municipais, é tudo para arrasar – que as casas da rua tal vão ser demolidas, que o campo de futebol vai dar mais um shoping, que a seguir todos os bairros também serão demolidos… só se houve falar de demolições.

Parece que ainda ninguém notou que eles querem demolir integralmente a cidade (?) de Luanda para investirem na especulação imobiliária e a população desaparecer, varrerem-na do mapa?
Está quase, falta apenas um pouco para a total demolição de Angola.

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