sábado, 2 de outubro de 2010

É preciso combater qualquer tentativa de retorno ao monopartidarismo. Se nos distrairmos podemos perder a democracia


Defende Teodato Hunguana, membro sénior da Frelimo

Raul Domingos diz que a Frelimo está a tentar devolver o país ao regime de partido único

Maputo (Canalmoz) – Teodato Hunguana, membro sénior do partido Frelimo, no poder, e actual presidente do Conselho de Administração da Mcel, chama os moçambicanos a responsabilidade de combater, “de forma tenaz”, qualquer atitude que vise a reimplantação do regime monopartidário no país.
Teodato Hunguana diz que os moçambicanos devem combater condutas que apregoem o fim da democracia no país, e até chama esta tendência “doença epidémica”. Hunguana fez estas declarações durante um debate sobre os 18 anos dos Acordos de Paz, organizado pelo Parlamento Juvenil e que contou com a presença do antigo número dois da Renamo e actual presidente do PDD, Raul Domingos, um dos principais negociadores do Acordo Geral da Paz.
Para Teodato Hunguana, que antes de assumir o cargo de presidente do Conselho de Administração da MCel este ano era até então juiz conselheiro do Conselho Constitucional, o Acordo Geral de Roma foi assinado exactamente para a implantação da democracia em Moçambique, e é preciso que todos (partidos políticos, dirigentes e os cidadãos em particular) assumam a construção da democracia como desafio pessoal.
Aliás, Hunguana assume que uma das causas principais da “guerra de desestabilização” – segundo suas palavras, foi a falta de liberdade, daí que é preciso conservar aquilo que foi conquistado com sacrifício de milhões de moçambicanos.
A “guerra de desestabilização”, a que outros chamam de Guerra Civil, “não traz boas recordações para nenhum moçambicano, por ter sido muito violenta e uma guerra, das mais terríveis em África na época”, referiu Teodato Hunguana.

Se nos distrairmos podemos perder a democracia

Num outro desenvolvimento, Teodato Hunguana diz que é preciso que “estejamos atentos a quaisquer tendências que constituam perigo para os princípios do Estado de Direito Democrático”.
“É preciso que nos levantemos contra essas tendências”, defende Hunguana. Entretanto ele apela aos moçambicanos para que não se distraiam por nada, porque, segundo disse, “se nos distrairmos podemos recuar”.

Há esforços para levar o país ao monopartidarismo

Por seu turno, para Raul Domingos, personalidade de peculiar importância nas negociações para o fim da guerra Civil que durou 16 anos, os acordos foram alcançados com muito sacrifício e é preciso que as bases do Acordo sejam respeitadas e implementadas.
Raul Domingos acusa no entanto o partido no poder, Frelimo, de estar a tentar a todo o custo fazer Moçambique retornar ao monopartidarismo o que parece colar com o que preocupa Teodato Hunguana.
Raul Domingos diz que o monopartidarismo defendido pela Frelimo só trouxe derramamento de sangue e morte brutal de pessoas que pensavam diferente. “O monopartidarismo nunca beneficiou os moçambicanos, mas sim a um grupo restrito de pessoas”, lembrou Raul Domingos.

(Matias Guente) 2010-10-01 07:01:00

Sem comentários: