Membros da Renamo observaram um minuto de silêncio em memória das mais de 10 pessoas que foram assassinadas pela Polícia, durante as manifestações de 01 a 03 de Setembro
Maputo (Canalmoz) – Cumprindo com aquilo que já se considera sua tradição, a Renamo não foi às comemorações centrais do dia da paz que tiveram lugar na Praça dos Heróis, em Maputo, desta vez dirigidas pela presidente da Assembleia da República, devido à ausência do chefe do Estado no país, na qualidade de sua substituta constitucional.
Membros deste partido da oposição estiveram reunidos na delegação do partido na cidade de Maputo para, à sua maneira, comemorarem o Dia da Paz.
No acto através do qual a Renamo assinalou os 18 anos de Paz a nota dominante nas várias intervenções foram as acusações ao partido Partido Frelimo, no poder.
O partido liderado presentemente por Armando Guebuza, actual chefe de Estado, é acusado de estar a violar sistematicamente o Acordo Geral de Paz, ao partidarizar as instituições do Estado. Mais, a Renamo acusa também o partido Frelimo de querer fazer retornar o país ao monopartidarismo e condicionar as liberdades individuais e outros direitos constitucionalmente consagrados. Acrescenta que “tudo isso está a tirar brilho à paz que foi conquistada com muito suor”.
O maior partido da oposição parlamentar diz que as recentes manifestações de 01 a 03 de Setembro “mostram claramente que o povo não está em paz com o seu Governo”.
Falando aos membros do partido em Maputo por ocasião do 04 de Outubro, o secretário-geral da Renamo, Ossufo Momade, disse ser importante celebrar a paz, na medida em que ela abre a porta para a liberdade e para o desenvolvimento. Mas, mais do que celebrar, explica Momade, é preciso recordar a coragem dos moçambicanos que no passado se viram obrigados a pegar em armas para acabar com práticas que só traziam sofrimento ao povo.
Segundo Ossufo Momade, o povo moçambicano compreendeu que era preciso pegar em armas para resgatar a sua dignidade, liberdade de poder sentir-se dono de si próprio, aspectos que, segundo Momade, haviam sido usurpados pela Frelimo.
Retorno ao comunismo
Por seu turno, o delegado da Renamo, a nível da cidade de Maputo, Arlindo Bila, disse que a Renamo continuará a lutar para que Moçambique não retorne ao regime de partido único. Bila fala de “postura arrogante” que, segundo suas próprias palavras, “caracteriza a postura do Governo do dia”.
O delegado da Renamo em Maputo afirmou ainda que “é preciso que todos os moçambicanos combatam qualquer comportamento que tenda a reimplantar o monopartidarismo”.
“O comunismo foi derrotado mas é preciso continuar a lutar contra ele”, disse. Acrescentou que “nenhum moçambicano tem saudades dos campos de reeducação, das aldeias comunais e da ditadura”.
(Matias Guente) 2010-10-05 06:29:00
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