terça-feira, 5 de outubro de 2010

Não há paz onde o povo sofre de forma sistemática. – afirma a Renamo, nas comemorações do dia da paz



Membros da Renamo observaram um minuto de silêncio em memória das mais de 10 pessoas que foram assassinadas pela Polícia, durante as manifestações de 01 a 03 de Setembro

Maputo (Canalmoz) – Cumprindo com aquilo que já se considera sua tradição, a Renamo não foi às comemorações centrais do dia da paz que tiveram lugar na Praça dos Heróis, em Maputo, desta vez dirigidas pela presidente da Assembleia da República, devido à ausência do chefe do Estado no país, na qualidade de sua substituta constitucional.
Membros deste partido da oposição estiveram reunidos na delegação do partido na cidade de Maputo para, à sua maneira, comemorarem o Dia da Paz.
No acto através do qual a Renamo assinalou os 18 anos de Paz a nota dominante nas várias intervenções foram as acusações ao partido Partido Frelimo, no poder.
O partido liderado presentemente por Armando Guebuza, actual chefe de Estado, é acusado de estar a violar sistematicamente o Acordo Geral de Paz, ao partidarizar as instituições do Estado. Mais, a Renamo acusa também o partido Frelimo de querer fazer retornar o país ao monopartidarismo e condicionar as liberdades individuais e outros direitos constitucionalmente consagrados. Acrescenta que “tudo isso está a tirar brilho à paz que foi conquistada com muito suor”.
O maior partido da oposição parlamentar diz que as recentes manifestações de 01 a 03 de Setembro “mostram claramente que o povo não está em paz com o seu Governo”.
Falando aos membros do partido em Maputo por ocasião do 04 de Outubro, o secretário-geral da Renamo, Ossufo Momade, disse ser importante celebrar a paz, na medida em que ela abre a porta para a liberdade e para o desenvolvimento. Mas, mais do que celebrar, explica Momade, é preciso recordar a coragem dos moçambicanos que no passado se viram obrigados a pegar em armas para acabar com práticas que só traziam sofrimento ao povo.
Segundo Ossufo Momade, o povo moçambicano compreendeu que era preciso pegar em armas para resgatar a sua dignidade, liberdade de poder sentir-se dono de si próprio, aspectos que, segundo Momade, haviam sido usurpados pela Frelimo.

Retorno ao comunismo

Por seu turno, o delegado da Renamo, a nível da cidade de Maputo, Arlindo Bila, disse que a Renamo continuará a lutar para que Moçambique não retorne ao regime de partido único. Bila fala de “postura arrogante” que, segundo suas próprias palavras, “caracteriza a postura do Governo do dia”.
O delegado da Renamo em Maputo afirmou ainda que “é preciso que todos os moçambicanos combatam qualquer comportamento que tenda a reimplantar o monopartidarismo”.
“O comunismo foi derrotado mas é preciso continuar a lutar contra ele”, disse. Acrescentou que “nenhum moçambicano tem saudades dos campos de reeducação, das aldeias comunais e da ditadura”.

(Matias Guente) 2010-10-05 06:29:00

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