Contentores de armamento foram ontem descarregados no comando da Intervenção Rápida
Maputo (Canalmoz) - Quantidades não especificadas de equipamento de guerra entraram no país através de navio. Na tarde de ontem, quinta-feira, diverso armamento embalado em contentores esteve a ser descarregado no Comando da Força de Intervenção Rápida (FIR), em Maputo, na Avenida de Moçambique, ao lado do cemitério de Lhanguene. O Canalmoz foi alertado do facto por fontes da Polícia alegadamente descontentes com o facto do governo estar a adquirir armamento antes de responder às preocupações profissionais dos efectivos da Polícia.
A Reportagem do Canalmoz acabou por presenciar o momento em que o equipamento, embalado em malas pretas esteve a ser descarregado no local.
O descarregamento do armamento em 10 contentores carregados em 5 camiões teve início às 15 horas e a operação foi presenciada pela nossa Reportagem. No local estiveram altas patentes da Policia, fardados, e vários agentes à civil. Não foi possível a nossa Reportagem entrar no local, por se tratar de uma instituição paramilitar, mas estando posicionada nas imediações do quartel da FIR em Lhanguene, pudemos observar o processo de desempacotamento dos contentores.
As caixas contendo diverso material de guerra estiveram a ser descarregadas dos contentores e introduzidas num camião branco, com o símbolo do Ministério do Interior, que depois as levada para os arsenais que ficam ao fundo no recinto do comando da Força de Intervenção Rápida.
Permanecemos perto do local muito tempo e testemunhámos as medidas de segurança que havia nas imediações. Conforme documentam as imagens fotográficas captadas pela nossa reportagem no local, a quantidade de armamento era enorme. A operação é suposto ainda não ter terminado.
Fontes que informaram o Canalmoz sobre a importação de elevadas quantidades de armamento, disseram-nos que na semana passada, a FIR recebeu seis veículos blindados de guerra.
Descontentamento na Polícia permite fuga de informação
As fontes policiais que alertaram a reportagem do Canalmoz sobre a importação do armamento e assim nos levaram a testemunhar o espectáculo no local, disseram-nos que reina grande descontentamento no seio da corporação. Os agentes exigem melhorias das condições salariais. Dizem agora que o Governo não os ouve mas opta por adquirir quantidades elevadas de armamento. Ao vazar a informação para a Imprensa, os agentes fizeram-no para mostrar o seu descontentamento.
Comandante Geral da Polícia no local do descarregamento
Durante parte do tempo em que se efectuava o descarregamento do armamento, o comandante-geral da Polícia, Jorge Khalau, esteve presente no local. A nossa reportagem tentou telefonicamente contactar o comandante da Polícia para questioná-lo acerca do destino das armas, mas ele não nos atendeu.
O Governo está a investir forte em armamento militar num momento em que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, posicionado em Nampula, fala em aquartelamento dos ex-guerreiros que combateram pela Renamo durante os 16 anos de guerra civil terminada em 1992 por força de acordos concluídos em Roma.
Militares do ex-exército da guerrilha da Renamo no activo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique estão a ser compulsivamente enviados para a reforma ou despromovidos e têm-se estado a agrupar-se, indignados com o facto. Várias vezes procuraram o nosso jornal para manifestarem descontentamento.
O Governo tem-se redobrado em discursos de apelo à paz e a incentivar manifestação de apelo à Paz, diz inclusivamente às forças policiais que não tem dinheiro para rever os seus salários, mas na prática está a “se armar até aos dentes”, dizem-nos fontes policiais e militares.
O Governo está a militarizar a FIR, a pensar numa possível eclosão de manifestações semelhantes às de 1 e 2 de Setembro de 2010, observam fontes policiais. (Borges Nhamirre)
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