quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Jovens revolucionários à “caçam” de doações a favor do jornalista William Tonet


Luanda - Numa altura em que faltam apenas 48 horas para expirar o prazo de cinco dias estabelecido pelo o juíz Manuel Pereira da Silva, centenas de jovens revolucionários – cuja maioria participa activamente nas manifestação realizadas em Luanda – uniram-se, por uma causa nobre, em recolher as pequenas contribuições dos populares, a fim de pagarem a ‘monstruosa’ multa solicitada pelo Tribunal de Luanda, a favor da liberdade do jornalista e advogado William Tonet.

Fonte: Club-k.net
Centenas de púberes – na sua maioria estudantes, músicos, funcionários públicos e desempregados – constituíram uma coligação denominada de “Corrente de Solidariedade a favor do Advogado do Povo”, a fim de ajudar as organizações da sociedade civil engajadas na luta, na recolher os poucos parcos para a liquidação da multa.
Os membros deste grupo se encontram disseminados nos locais onde se concentram maior fluxos da população tais como: nas paragens de táxi, nos mercados, nas escolas e universidades, dos nove municípios da cidade capital.

No município de Viana, por exemplo, estes púberes – nomeadamente: Albano Bingo, Edson Vitoriano, Pedro Mateus, André Chicolassonhi, Agostinho José, Jeromino Jeremias, Alemão Francisco e Kexikwasa António, dentre outros – encontram-se localizados na paragem de táxi da Vila, junto à Casa da Juventude.
“Temos outros elementos no Largo das Escolas (junto à sede de União dos Escritores Angolanos), em Cacuaco, Samba (junto à sede de Mãos Livres), na Avenida dos Combatentes (junto à de AJPD), na paragem do São Paulo, etc”, disse o músico André Chicolassonhi a este postal.

Este soube que, a iniciativa destas organizações (AJPD e Mãos Livres) já se alastrou para algumas províncias tais como: em Benguela (onde a OMUNGA, como sempre, já começou a mover fundo e mundos junto das populações), no Lubango (pelas Mãos Livres, em coordenação com a organização do Padre Pio), em Cabinda pelo Agostinho Chicaya. Importa aqui frisar que, a Rádio Comercial Despertar também esta a receber doações.
AS FALCATRUAS DO JUIZ MANUEL DA SILVA

Curiosamente, por ironia da história, o juiz, Manuel Pereira da Silva, que conduzira o caso do também presidente do Amplo Movimento de Cidadãos (AMC), William Tonet, foi sindicalista da UNTA-central sindical do MPLA e membro influente da DISA (a polícia secreta), em 1975.
Este juiz foi um dos responsáveis pela condenação e assassinatos de mais de 80 mil pessoas, segundo dados das Nações Unidas, durante os tristes acontecimentos do 27 de Maio de 1977.
Segundo uma fonte da Fundação 27 de Maio, Manuel Pereira da Silva chacinou, pessoalmente, um dos seus companheiros da DISA, identificado apenas por “Dadão”, para se apoderar dos seus bens matérias e esposa (D. Melinha), e que mais tarde viria também a eliminar fisicamente.

De recordar ainda que, aquando dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977, o director do bisemanário Folha 8, William Tonet, quatro membros da família Tonet foram presos e torturados. Dentre eles, o seu pai, ele (WT) e dois tios que foram enterrados vivos numa das valas comuns.
Outro facto curioso é que após a lida da sentença, o advogado de defesa de William Tonet, Tiago Ribeiro, interpôs uma Reclamação de Aclaração, face ao que julga terem sido erros cometidos durante o seu julgamento, o juíz Manuel Pereira da Silva (ex-DISA) ditou a pena cumulativa de todos os processos, fixada em um ano de prisão e indemnização no valor de 10 milhões de kwanzas.

O mesmo juiz procedeu ao despacho público, aceitando o recurso, mas ditou para a acta o que textualmente, aqui citamos: “ 1º) O réu no prazo de 5 dias pagar a indemnização; 2º) Deve o réu condenado, cumprir escrupulosamente o Acórdão; 3º) Até que o processo baixe. Passe as competentes guias até os termos finais dos autos.” Estivemos a citar o despacho do juiz, quando respondeu na passada segunda-feira, à interposição do recurso do caso William Tonet, jornalista e proprietário da WT-Mundo Vídeo.

W. TONET DIZ "NA 2ª FEIRA VOU APRESENTAR-ME

JÁ DE CHINELOS E CALÇÕES PARA IR PARA A CADEIA"

Segundo o jornalista, o juiz que o condenou ignorou o código penal angolano. Pois, bastou o seu advogado apresentar recurso o juiz encurtou o prazo de pagamento dos 100 mil dólares de dois anos, para cinco dias.

O apelidado “Advogado do Povo” diz que já está preparado para se entregar às autoridades para, nas suas palavras, ser colocado "nas masmorras do regime", muito embora tivera aprovada a veracidade de todas as notícias. Tanto que o próprio Ministério Público pediu a sua absolvição.

Este postal soube que, os advogados do jornalista apresentaram reclamação, da decisão do juiz. Mas, caso não houver uma reposta até na próxima segunda-feira, 17, William Tonet entregar-se-a às autoridades competentes.
“Eu não tenho maneira de pagar 100 mil dólares em cinco dias. Como o prazo termina no sábado, na segunda-feira vou apresentar-me já de chinelos e calções, para ir para a cadeia”, rematou.

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