Luanda - O semanário privado angolano Folha 8 foi hoje alvo em Luanda de uma ação judicial que levou à apreensão de material informático. William Tonet considerou a ação, levada a cabo por funcionários da Direção Nacional de Investigação Criminal, com mandado judicial da Procuradoria-Geral da República, como "um ataque ao que resta da imprensa privada não subjugada ao regime de José Eduardo dos Santos".
Fonte: Lusa
Em causa está o processo de investigação aberto em dezembro de 2011 pelo Ministério Público, na sequência da publicação de uma fotomontagem em que aparecem identificados o Presidente José Eduardo dos Santos, o vice-presidente Fernando Piedade Dias dos Santos e o ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência da República, general Hélder Vieira Dias "Kopelipa".
O diretor do Folha 8 disse ainda à Lusa que a medida da PGR é "injustificável", porquanto o arguido no processo em curso é ele e não o jornal, levando-o a considerar que a apreensão visa impedir a publicação de continuar a sair.
"Não sei como vamos fazer a próxima edição, mas, à mão ou de outra maneira, ela vai estar nas bancas à venda", garantiu.
O Folha 8, a mais antiga publicação privada angolana, começou a ser editado em 1995 e é a segunda vez que este tipo de ação judicial é levada a cabo contra o semanário.
Segundo William Tonet, o seu semanário e o Agora, do jornalista Aguiar dos Santos, "são os únicos que não se subjugam ao poder. Todos os outros, que se dizem privados, bajulam e servem o poder".
O diretor do Folha 8 destacou ainda a coincidência temporal da decisão da PGR com o ambiente político que o país atravessa, marcado pela contestação dos principais partidos da oposição à manutenção de Suzana Inglês à frente da Comissão Nacional Eleitoral e as frustradas manifestações antigovernamentais de sábado, em Luanda e Benguela, marcadas por espancamentos e detenções.
O semanário Folha 8 destaca-se na cobertura noticiosa satírica, por vezes contundente, da realidade social e política angolana.
William Tonet foi condenado em outubro do ano passado a um ano de prisão, convertida numa indemnização de cem mil dólares (quase 73 mil euros), pelos crimes de "injúria, calúnia e difamação", por causa da publicação no jornal de que é diretor de artigos sobre responsáveis do Estado angolano.
Na altura, foi organizada uma campanha de solidariedade com o diretor do jornal Folha Oito, que rendeu mais de 71 mil dólares, valor aquém do exigido pelo tribunal.
William Tonet recorreu desta decisão para o Supremo Tribunal e ainda aguarda uma decisão.
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