Companheiro da fadista Mariza, dono de um império em
Luanda, caiu em desgraça quando o sócio, ministro da Defesa, o acusou de
desviar fortuna. Não vai a Angola há um ano, onde a polícia o quer interrogar
sobre negócios.
Por: Henrique Machado
Por: Henrique Machado
O império somava já participações em mais de trinta
áreas de negócio, dez anos depois, sob liderança de António Ferreira mas com a
‘bênção’ do ministro da Defesa de Angola, Kundi Paihama, a quem o primeiro deu
sociedade. E a prosperidade mantém-se, num grupo que detém agora sete casinos
no país – mas o companheiro de Mariza, pai do filho bebé da fadista, está fora
do barco. Caiu em desgraça com o general, que o acusa de ter desviado largos
milhões da empresa. E há mais de um ano que o português não vai a Luanda. A
Interpol procura-o por suspeitas sobre negócios no Congo. Continua pendente em
nome do empresário um mandado de comparência no gabinete da Interpol em Luanda,
a pedido da congénere do Congo, para que António Ferreira seja interrogado a
propósito de negócios que manteve naquele país. Mais um entrave nas relações do
companheiro de Mariza com África – depois do ‘divórcio’ com Kundi Paihama em
finais de 2008. A gestão do grupo foi entregue pelo general a Henrique
Doroteia, advogado que, conforme o CM avançou ontem, foi espancado por três
homens no sábado à tarde, junto ao seu escritório no centro de Lisboa. Para a
vítima não há dúvidas de que foi "crime encomendado pelo António
Ferreira", conforme contou à PSP e ao CM, mas António Ferreira, por seu
lado, nega tudo (ver direito de resposta). A vingança, pela tese de Henrique
Doroteia, deve-se ao facto de este lhe ter roubado o lugar de gestor nas suas empresas.
E por ter avaliado por baixo o valor da participação de António Ferreira na
sociedade, numa altura em que tinha no empresário português Jorge Armindo um
potencial comprador (ver caixa). Doroteia terá avaliado a quota de António
Ferreira abaixo dos 100 milhões de euros que este pedia. O advogado de Lisboa
trabalhou durante vários anos para o companheiro de Mariza, "fazendo
pareceres ou contratos" para a empresa de Luanda – até que no final de
2008 António Ferreira foi "afastado da administração do grupo por
suspeitas de ter desviado milhões de dólares", recorda Henrique Doroteia.
"Nessa altura, fui convidado [pelo general Kundi Paihama] a assumir a
administração do grupo, provavelmente porque a principal área de negócio são os
casinos e eu já tenho bingos em Lisboa – e aceitei. Encerrei a relação que
tinha de advogado-cliente com o António Ferreira e ele ficou apenas como sócio
da empresa." Ferreira, segundo Doroteia, nunca lhe perdoou e no sábado
"vingou-se". PAGAMENTOS AO EMPRESÁRIO SUSPENSOS Henrique Doroteia diz
que António Ferreira tem recebido cerca de 200 mil euros mensais da sociedade,
mas, segundo fontes próximas do empresário, aquele não consegue retirar
dividendos da empresa. ALGUNS BANCOS "TIRARAM-LHE O TAPETE" Segundo
Henrique Doroteia contou na PSP e ao ‘CM’, alguns bancos angolanos
"tiraram o tapete" a António Ferreira em consequência das más
relações que este passou a ter em Luanda. OS SETE CASINOS CONTROLADOS PELO
GENERAL A sociedade do português com o general angolano controla o Casino Marinha,
Casino Tivoli, Casino Lubango, Casino Olímpia, Imperador Viana, Imperador Morro
Bento e o Casino Luanda, apurou o CM. ADVOGADO FICOU EM LISBOA A RECUPERAR O
advogado agredido, que deveria ter partido para Angola no dia do crime, sábado,
continua em Lisboa – "a recuperar fisicamente" e a acompanhar o
desenrolar dos processos judiciais. "TRIPLICÁMOS A FACTURAÇÃO NOS
CASINOS" A sociedade angolana tinha até 2008 interesses em mais de trinta
áreas de negócio – construção civil, imobiliário e mármores são só alguns
exemplos –, conforme contou ao CM Henrique Doroteia, mas, desde que este passou
a administrar o grupo, ocupando o lugar de António Ferreira, a gestão dos sete
casinos na zona de Luanda passou a ser praticamente a actividade exclusiva do
grupo. "Triplicámos a facturação", diz Doroteia, que já tem a
experiência de gerir bingos em Lisboa. VÍTIMA DIZ PROVAR QUE EMPRESÁRIO
CONTRATOU CRIME Sucessivos socos entre o rosto e as costelas deitaram Henrique
Doroteia por terra à porta do seu escritório, no número 5 da avenida Duque de
Loulé, depois de ter sido apanhado de surpresa pelos três homens que o atacaram
no sábado ao final da tarde – em frente à mulher, que o ia levar ao aeroporto,
de partida para Angola. O advogado teve de ser assistido pelo INEM e apresentou
queixa na PSP contra António Ferreira e três desconhecidos que, segundo a
vítima, foram contratados pelo primeiro para o espancarem, como forma de
vingança. Dos três executantes, Henrique Doroteia apenas se recorda de que
"eram negros, musculados, altos, com ar de profissionais de ginásio"
– sendo a mulher também testemunha. Diz ter provas da autoria moral do crime –
entre as quais as ameaças que sofreu e a armadilha que lhe foi montada por um
primo de António Ferreira, como forma de saber onde a vítima ia estar no sábado
à tarde – e conta apresentá-las ao Ministério Público. Entretanto, António
Ferreira vai processar Henrique Doroteia por difamação. QUERIA VENDER POR 100
MILHÕES O empresário português Jorge Armindo terá sido um dos interessados em adquirir
a parte de António Costa Ferreira na sociedade angolana, adiantou ao CM o
advogado Henrique Doroteia, mas este, na avaliação que lhe foi pedida enquanto
administrador da empresa, disse ao potencial comprador que a quota de António
Ferreira não vale os 100 milhões de euros que aquele pretendia. Segundo
Henrique Doroteia, este é o principal motivo para Ferreira o ter ameaçado já
este mês.
COMENTÁRIO MAIS VOTADO "É curioso a trajectória "meteórica" de alguns advogados e como se metem em tremendas negociatas, sem terem tirado gestão ou economia! Muitos são vigaristas e a única forma de justiça é apanharem, já q se sentem impunes!" Antonio
COMENTÁRIO MAIS VOTADO "É curioso a trajectória "meteórica" de alguns advogados e como se metem em tremendas negociatas, sem terem tirado gestão ou economia! Muitos são vigaristas e a única forma de justiça é apanharem, já q se sentem impunes!" Antonio
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