segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cem anos de corrupção da jangada petrolífera


A falta de dinheiro é a raiz de todo o mal. Bernard Shaw
Só o petróleo nos liberta!
Sem excepção, as diabólicas noites expõem-nos a intensos tiroteios. Porque é que nas manifestações dos arruaceiros das motorizadas com escapes a imitarem tiros de canhão, actuam impunemente de dia, à noite é horrivelmente pior. É uma manifestação devidamente legalizada do movimento espontâneo dos escapes livres? A Polícia só actua contra as manifestações dos arruaceiros políticos?
A jangada petrolífera no seu desespero final. Só falta o decretar que é proibido pensar.
A beleza de uma mulher vê-se pela ostentação da riqueza exterior do seu corpo?
Minhas senhoras e meus senhores! Quando num país se perseguem e prendem cidadãos por motivos políticos, o que há a fazer para os libertar é manifestações diárias de protesto até que eles sejam libertos. Se isto não acontecer, a falência da democracia é inevitável.
Atenção tripulação desta jangada, convém lembrar o trivial: Não são permitidas manifestações nesta embarcação. Acabei de desligar-me de tudo o que é propaganda partidária e da oposição. Estou, sinto o frio conjuntural, glacial.
Pouco espaço de manobra no nosso mastro. Os arruaceiros assediam o casco, a jangada vê-se cercada e cerceada por quase todos os lados.
A nossa plataforma flutuante vai de velas desfraldadas, enfunadas, deixa-se arrastar na corrente forte, tempestuosa do imenso mar da devassidão. Singra na maré vazia, onde democracia é o sistema político que acolhe, protege e incentiva os lesa-nação e a indecência. Corromper é desenvolver. Sem corrupção é impossível o desenvolvimento económico e social. A corrupção garante o pão. Investir na corrupção é solidificar os planos da nação. A corrupção é a chave da educação. Sem corrupção não há felicidade. Amor corrupto é amor fiel. Onde há muita corrupção não há salvação. No sistema democrático da corrupção, os bancos solidários exercem a sua actividade principal, que é o suporte dos corruptos. Os bancos garantem o fortalecimento das ditaduras imobiliárias.
A nossa gloriosa jangada segue destemida na luta contra marés e ventos violentos, julga-se invencível., orgulhosa, de proa galante, avantajada, sempre em frente, mergulhada no imenso mar de corrupção. Governar em tempo de guerra é fácil, o governo é militar. Agora, governar em tempo de paz é muito difícil, muito complicado. Especialmente quando o governo continua inalteravelmente militarizado, como se a guerra nunca terminasse. Sendo que a estrutura de comando permanece nas mesmas batalhas dos campos militares, então a guerra continua válida, imparável. Alerta nesta jangada do petróleo à deriva: continuamos em 1975 com as estruturas do poder popular intactas. Os ainda vivos, remanescentes desse tempo, já sabem o que nos espera. Preparem-se para a resistência marítima popular marginalizada. Isso do planear destruir tudo o que é casa/casebre, não tem a ver com a luta da destruição nacional? Diariamente ouve-se o vazio das palavras: dentro de poucos meses iniciaremos a construção de uma fábrica que dará emprego a milhares de trabalhadores.
Fazer ou não fazer manifestação, eis a questão. Há os que dividem, e os que não dividem nada com ninguém.
Quem não tem capacidade, é incapaz de explicar o que se desenrola, o que se passa à sua volta, atribui isso ao poder de Deus. Porque é muito mais fácil, muito cómodo, muito preguiçoso. Um elementar exemplo: Deus criou paisagens maravilhosas para nosso deleite.
Na intolerante jangada petrolífera não se prende para julgar, prende-se sem acusação para condenar nas prisões a abarrotar. A corrupção não se prende, não se julga, não se condena, solta-se, legaliza-se, premeia-se. Podemos acrescentar mais um oceano à geografia mundial: o oceano glacial da corrupção angolana. E alguém se lembrou da necessidade de construir casas para pobres na nova centralidade do KK? Com tão descomunal aglomerado populacional, a cidade do KK não será apenas mais um gueto?
Como é possível o governo angolano pactuar com a charlatanice dos produtos chineses? Apenas um exemplo dos muitos triviais: o fumo para matar mosquitos que dura doze horas, mas na realidade é apenas seis. O governo angolano deve submissão aos chineses? Está instrumentalizado? Os chineses são os cavaleiros do apocalipse da libertação final? Diz-me quem te governa dir-te-ei porque desmaias.
É lícito recordar que as compras de acções dos bancos portugueses e quejandos, que impropriamente se dizem de investimentos, na verdade são genuínas lavagens de dinheiro. Um bom pé-de-meia, uma garantia de estabilidade no futuro para uma retirada estratégica de Angola, que se aproxima. Quanto mais espoliarem, mais lhes confiscarem. As nossas fontes dizem-nos que continuam as fortes pressões para nos obrigarem a abandonar as nossas habitações e para eles, os nossos dignos representantes da classe trabalhadora, construírem as suas centralidades. As vivendas estão em número um, e as traseiras dos prédios em número dois. Andam muito agressivos, com carta-branca e o apoio da repressão. E se necessário o exército privativo.
Se não se consegue resolver a pobreza da população, é porque é uma miséria de governação. Esta é a ditadura das demolições, que o povo fatalmente também demolirá. É também a ditadura das amantes, dos rendimentos petrolíferos sonantes, onde uma boa fasquia vai para o abastecimento e manutenção delas na República do Harém de Angola. Outra coisa escabrosa e violentamente psicológica é o pagamento dos vencimentos aos trabalhadores. A lei diz que os vencimentos são pagos no dia 25 de cada mês. Quem cumpre? Ninguém! É a própria nomenclatura que dá o exemplo nas suas empresas: um mês, meses, anos sem pagarem aos seus trabalhadores. Quem quiser emprego tem que pagar uma boa fatia do seu bolso para o conseguir. Este tempo diluído sem vencimentos, onde directores de empresas é o que mais existe, utilizam esses dinheiros como fundos de investimentos e enriquecem facilmente com o dinheiro que não lhes pertence. O mais importante é tudo roubarem, e claro, os privados seguem-lhes o exemplo, porque também obtêm benesses do estado das coisas. Quer dizer, também são predadores. Isto é a mais terrível ilegalidade de todas as épocas. Senão vejamos: os bancos, quando o pagamento não é feito na hora cobram taxas sobre taxas. Podemos chamar-lhes bancos das taxas ou taxados. Quando concedem um financiamento, vulgo empréstimo, cobram juros ilegais pois fazem parte da corporação maçónica, não havendo o pagamento nas datas especificadas cobram mais juros. E quando os trabalhadores conseguem reaver os seus salários, estes são-lhes pagos SEM JUROS! Quer dizer, os seus valores não pagos atempadamente servem… são utilizados pelos seus patrões como os empréstimos dos bancos, mas SEM JUROS! E ninguém é detido, não vai a julgamento, nem para a prisão, porque estamos numa corrente aurífera onde tudo é possível e ultrapassa o imaginário. O mais importante é manter um exército de escravos e amantes. Uma república sem bananas, porque até isto nos espoliou. E os bancos burros estão aflitos. Primeiro, são mais que as mães. Segundo, num mercado tão exíguo só podem sobreviver com o financiamento à especulação imobiliária, incentivando o partir de casas/casebres conforme as regras da nomenclatura. Mas os seus gestores são o cúmulo da incompetência da epidemia que se alastra muito por aqui. Ao financiarem os empreendimentos de luxo - têm que sair todos sem indemnizações, escorraçados para as terras do fim-de-século do Panguila, onde os clientes são as moscas na miséria. Correram com os milhares de vendedores do Roque Santeiro, criando uma miséria sem precedentes na História de Angola. Numa ditadura da miséria e para a miséria. Os incompetentes bancários e seus asseclas ficaram sem milhões, biliões de dólares que o Roque Santeiro facturava e que directa e indirectamente lhes iam parar aos cofres, alimentando as contas bancárias. Este crime repugnante, marco da idiotice que não ficará impune, porque os lesados exigirão e farão justiça. O povo nunca esquece.
E esta varredura vencedora invicta das eleições ainda não realizadas e já no diabolismo com vencedores antecipados. Isto é de bradar aos infernos e aos seus demónios. Angola, o Éden dos charlatães.
O PIB de Angola avantaja-se, produzindo imensa riqueza aos bajuladores. E a população vive, ainda não se salvou da grande depressão de 1929. E os milhões de angolanos que têm o seu futuro adiado, sequestrado por uma semovente e dúbia Constituição, carregam o fardo da escravidão cada vez mais pesado. O tempo da humilhação persegue-os, escravos acorrentados na mina de ouro dos milhões de barris de petróleo dos navios petroleiros/negreiros, num mar sem liberdade. Riqueza é só para estrangeiros e uma pequena elite de bajuladores do nacionalismo.
A jangada petrolífera aproxima-se de uma perigosa catarata. Conseguirá sobreviver?!
Olho para os vastos horizontes que me perseguem, e deparo-me com enxames de revolucionários. Onde há muitas cátedras de nomeados revolucionários também existem muitas esperadas guilhotinas para nos deceparem, e a eles, os revolucionários, também. Assim falou Robespierre.
E armados com os ensinamentos do nosso ultra-poderoso, ultramoderno, destacado, o primeiro dos primeiros, o que originou o super-homem, nunca permitiremos que vozes discordantes penetrem no nosso seio e tentem dividir-nos. Só a classe política marxista-leninista está apta a governar o proletariado. Aos maledicentes surra e prisão com eles. Lá longe, muito longe desterrados para que ninguém saiba que nesta bela e portentosa pátria existam presos políticos.


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