Os presos políticos actuais serão amanhã os heróis nacionais.
Acho que o Luís de Camões gostaria disto: e por toda a parte a ameaçar e a disparar, se a tanto o engenho da morte nunca me abandonar.
A nossa jangada petrolífera lá vai bem desgovernada, e quando as ondas se lhe manifestam, exigem-lhe o bom governar para não no mar soçobrar, nota-se a tomada de medidas enérgicas à população marinha, que sentindo-se aprisionada na jangada, exige-lhe o cumprimento integral da sua constituição, da liberdade e do direito de expressão e manifestação. Debalde, todos são pescados e enjaulados na democrática prisão dos marítimos nevoeiros dos fantasmas dos piratas das Caraíbas. Esta jangada é muito teimosa, segue sempre no mesmo rumo do mar tempestuoso. Parece que não tem bússola, nenhum sextante, nada de instrumentos de navegação. É por isso que cria muitos problemas, muitas complicações. Esta jangada navega nas inóspitas correntes marítimas da corrupção.
Manas, não desesperem, pensem nisto: Que a vossa beleza fortaleça as vossas almas e libertem os vossos pensamentos. Que estas e todas as rosas futuras vos injectem o seu néctar. E que desabrochem sempre na perenidade do verde das pétalas do amor. Olhem, não percam a esperança. O amor vencerá!
O vento dos nossos augúrios movimenta-se, tenta adaptar-se ao ritmo cardíaco da loucura humana. Tantos e tão desmesurados ritmos que nos conduzem ao inefável destino dos devaneios da nossa alma. O ritmo exclusivo que devemos seguir, o do amor, permanece enigmático. Mostra-te, demonstra um terno cândido amor, e o mundo te rejuvenescerá, e será teu. Lembra-te, o Mundo é demasiado ínfimo.
A nossa vanguarda revolucionária é o Politburo. Partido com uma longa história e tradição de vitórias sobre vitórias. A nossa luta é consequente, todos nós, militantes, também somos consequentes. Da nossa força sai a nossa vitória. Devidamente enquadrados no leninismo científico e sabiamente dirigidos pelo nosso Politburo, a nossa força é indestrutível, tal como o nosso futuro. Quem não é por nós é contra nós, e isso é por demais evidente. Cerremos fileiras porque os nossos inimigos internos tentam travar a marcha da nossa luta. Fica desde já terminantemente proibido, os nossos inimigos levantarem as cabeças, e quando o fizerem os nossos comités estão atentos, vigilantes. Só a vigilância revolucionária permite as vitórias que o nosso querido povo alcançou. O povo angolano só deseja o Politburo como seu porta-estandarte. As demais forças políticas são os tentáculos da reacção interna e internacional que tentam a todo o custo reverter a felicidade do nosso povo e outra vez o retornar à escravidão. O nosso gloriosos Politburo já há muito que retirou o nosso povo da miséria, e contrariamente ao que os nossos inimigos dizem – sim, todos os partidos políticos são nossos inimigos – para o nosso povo não faltam empregos. O contrário… é as habituais sórdidas atoardas dos desestabilizadores da nossa querida pátria amada. Não toleraremos mais arruaceiros. É verdade que ainda temos um longo caminho a percorrer, e apenas estamos há quase quarenta anos no poder, uma gota no oceano. E isto para um partido político revolucionário não significa nada. Com mais outros quarenta ou oitenta anos resolveremos definitivamente todos os problemas do nosso povo, e a miséria desaparecerá do nosso seio. Arregacemos as mangas para erguermos a nossa Pátria. Honremos os nossos heróis. A partir de agora a palavra arruaceiro desaparecerá dos dicionários. Avante povo angolano! Como um só homem cerremos fileiras em torno do nosso querido Comandante-em-chefe. Que vivam para sempre os ensinamentos dos nossos queridos dirigentes. Pedimos a todas as igrejas que orem para que o pensamento dos nossos eternos líderes se ilumine. Empunhemos o facho aceso da nossa gloriosa luta de libertação que ainda não terminou. Viva Angola! Viva o Politburo!
Quando ansiamos ir mais além, sempre mais longe, e amontoamos palavras e depois as sorteamos, as jogamos no jogo da sorte, mas retardados pela inconstância do não ser, travados pela ferrugem neuronal permanente para a qual não existe, nunca existirá cura, alcançamos o cume da mediocridade, uma salada de palavras. Contextualizando: quando a cabeça não dá, porque obstruída como uma flor quase no auge da sua beleza mas não a consegue demonstrar, fica-se na classe do murchar. As palavras não se atiram ao acaso, dá ao Politburo o que é dele, deixa-te de trapalhadas, tudo tem limites, fraquezas, tal como o intelecto. Se não o és, nunca o conseguirás, então porque prossegues no desalento da mediocracia?
Existe sempre um caminho que nos conduz inevitavelmente a um carinho. Tudo é composto de amor, mas nós decompomo-lo. As veredas da vida acenam-nos às nossas escarpas. Tudo é composto de velocidade, até o simples acto de beijar torna este mais elementar atributo cognitivo da espécie humana, num invento… inventaram o beijo supersónico. O amor não se compra, não se vende, não se aluga, imagina-se.
Eis definitivamente a bancarrota da energia eléctrica. Agora, implementaram o plano, mais um, diabólico dos cortes de energia eléctrica diariamente, só nos fornecendo um cochito, tá-se mal. Que maneira mais atroz de silenciarem a oposição e provocarem ainda mais miséria em larga escala. Que plano mais macabro para acirrar ainda mais os ânimos. Voltando ao velho estribilho: não trabalham e não deixam ninguém trabalhar. Os dólares da mediocracia ateiam a chama da teimosia do investimento de transformar Angola numa pátria de presos políticos. Quantos já tentaram, e se derrubaram.
A nossa luta dirige-se ao lutador, sofredor, anónimo, heróico, generoso e martirizado povo angolano. A nossa luta ainda não terminou, porque o inimigo ainda não desarmou. Temos que mobilizar-nos para o esmagar definitivamente. Já passaram quase quarenta anos, mas os nossos esforços centram-se apenas em mais outros quarenta para definitivamente erradicar-mos a pobreza e finalmente garantirmos alguma diminuição da miséria nas nossas esqueléticas populações. Com um partido da vanguarda revolucionária, o Politburo, estão à partida garantidas as condições para que o nosso povo almeje a felicidade. Então, não serão necessários mais partidos políticos, nem oposição e muito menos mais democracia. Porque democracia a mais torna-se enjoativa. Nós, Politburo, somos tudo isto e muito mais. Cerremos fileiras em torno do trono do nosso guia para que o nosso barco da revolução atinja a porta do bom porto há muito esperado, e pelo nosso povo sonhado. Avante camaradas! (A TPA – Televisão do Politburo de Angola, é o órgão oficial do partido marxista-leninista da vanguarda da classe operária e camponesa. O seu patriotismo na defesa dos anseios das massas trabalhadoras exploradas pelo imperialismo internacional e seus lacaios – os agentes internos da contra-revolução que o nosso cilindro esmagará, já esmaga, - que não desarmam, é um facto. Sob a liderança do nosso esclarecido líder, a nossa centralidade vanguardista obtêm vitórias atrás, ou à frente?, que glorificam as massas trabalhadoras e os nossos queridos militantes. É o veículo da educação patriótica do nosso povo. Vigilantes sob o estandarte da nossa bandeira, cerremos fileiras em torno do nosso partido e do nosso querido líder. A reacção não passará, ao inimigo nem um palmo do nosso petróleo. (Até as praias privatizaram.)
Em Angola, o Politburo é o partido de vanguarda que conduz e organiza manifestações e comícios de massas. É por excelência o orientador e o impulsionador da revolução. Pelo que, os outros partidos políticos devem-lhe seguir o exemplo e apoiarem todas as suas decisões e directivas. Em Angola o Politburo é a solução das soluções.
Só um partido marxista-leninista é que está apto a conduzir os destinos do maravilho povo angolano. Os outros partidos são fantoches, e se não seguirem os paradigmas marxistas-leninistas estarão condenados ao fracasso. Só um verdadeiro partido condutor de massas garante estabilidade e paz. E com o tenaz apoio internacionalista dos partidos, governos, e de todos os países amigos que seguem a mesma senda - o rumo do desenvolvimento - a vitória é certa. Os povos amantes da paz e da liberdade vencerão.
Depois da tua odisseia na escravidão da vida, eis que a morte te chamou, era a tua vez, procurou, e a conta da tua vida saldou.
E as tuas andanças nas estradas, anos, tantos anos de expectativas perdidas. E continuavas, rodavas até aos limites do destino.
E tantas vezes, ludibriado, insistias na rota dos escravos. Mais anos, tantos anos sem remuneração.
E quanto mais sofrimento, mais alimento para Deus que mais tarde te recompensará, te guiará, te alimentará nesta vida e na outra te seguirá.
A recompensa está na terra que pisamos e no céu apenas a olhamos.
Vivemos de promessas, e de tortuosas esperanças dos comícios dos políticos eleitorais.
E os tempos sempre tão difíceis, fáceis para os que adulteram a História, sempre cada vez mais difíceis para as multidões que nela perecem sem vislumbrarem o futuro melhor prometido, esquecido, perdido.
Recordar a terra regada de lágrimas. De tanto tempo nela passado na luta contra a tristeza da pobreza, na certeza de que a morte é a continuação dos professorados deixados para que os vivos neles se inspirem e prossigam no abrir das portas do Universo.
Quem casa quer uma tenda. Nunca arrasarias um milhão de casas se soubesses que os seus destroços mais tarde te cairiam em cima. Em qualquer parte do mundo, quem casa quer casa. Em Angola: quem casa nunca terá casa. E quem tem casa, há santos e anjos que a arrasa. Portanto: quem casa quer uma tenda.
Tal e qual como sempre nos prometem os nossos abomináveis homens das centralidades.
1 comentário:
meu Caro, poderá postar por estas páginas alguma coisa referente a um de tal General D'Antas, ou quem será este senhor de ar altivo?
Obrigado
Enviar um comentário