segunda-feira, 23 de junho de 2008

Impressão Sol Nascente


Está tudo errado e contudo persiste-se no erro.

A tuberculose galopante inscreveu-se no quadro das epidemias. No hospital, os lugares disponíveis são indisponíveis.
Apesar de alguns novos focos, a cólera, dizia-se, já não assustava. A equipa médica afirmou que seria extinta nos próximos cinco anos.

Este, é mundo de dinossauros, seres de pedra com mentes de fontes incoerentes, que inutilizam a validade da luz natural, cerebral. Ocos de linha dura… anzolam-nos na sua demência. Prescrevem-se choques nos tecidos tenebrosos mas, os encéfalos teimam que dependemos da inutilidade deles… perfeccionistas da lei de Murphy. Carentes, crentes no poder vitalício permanecem esqueléticos até à morte, a desordenar. Desusam o sentimento de culpa, não antecipam formação de jovens substitutos. Enfadam-se na criação de empregos, nas oportunidades à massa cinzenta rejuvenescida. As pontes desabam, a do poder não.

O homem mais poderoso, e o homem mais fraco não têm a mesma importância. O homem mais fraco é mais importante, porque a qualquer momento derruba o homem mais poderoso.

O meu melhor amigo é o silêncio do odor da santidade florestal embalsamado, dos lamentos confessados, convictos. Os meus inimigos são os outros quatro cavaleiros do apocalipse: os especuladores imobiliários, o advogado, o médico, e o agente funerário. Mas, o meu maior receio é ser queimado por heresia.
Acreditamos, defendemos resoluções, revoluções, e depois deixamo-nos arrastar na correnteza da odienta pobreza

Educaram-me, ensinaram-me, reeducaram-me que a civilização Ocidental é superior. Mais tarde descobri com sorrisos solitários, o quanto estava lesado. Não produzi estátuas, ou outras obras de arte, porque a minha beleza, o purismo das minhas formas, são renascimentos para os artistas amantes dos superiores primitivismos. A minha civilização é inferior na tecnologia, mas é superior na minha impressão de sol nascente.

Gil Gonçalves
Imagem: Monet, Impressão Sol Nascente
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