A
Jorge Eurico
timbrado e aprumado
Grande parte das dificuldades das organizações comunitárias nesta área resulta não da falta de vontade de fazer as coisas, mas das mais diversas manipulações jurídicas e políticas que sofrem, quando não de ameaças dos especuladores imobiliários.
In Políticas Municipais de Emprego. Ladislau Dowbor http://www.dowbor.org
Muitos… muitos milhares de jovens deambulam. Como aves com asas feridas, porque o caçador atira a esmo, diverte-se. A facturação dos biliões petrolíferos sobe, o desemprego também. Novas ruas novos nomes: rua dos desempregados, apinhados. Futuros continuadores da involução Petrofaminta. Desaprumados, descuidados nos estudos, mas muito estudados por psicólogos. Desprezados pelas ciências humanas, morais e sociais. Apoiados por pretensa ciência mas, lentes na ciência penitenciária. Futuros trapeiros patriotas, neófitos vendedores de tralhas para aquecer. Os cavaleiros andantes nas justas pela Libertação descuidaram brechas da neocolonização. Não olvidaram o propositado buraco negro da aldeia global, a senda triste da eterna escravidão, campo de concentração neocolonialista.
É vitória certa ruminar que não há emprego para ninguém. É uma constante nacional noticiar mais desemprego. É uma mais-valia, um valor acrescentado. Despedidos porque a empresa faliu, sumiu, ou há trabalhadores a mais… Mil e mais uma estratégia sem lei nem rei, para trabalhadores autónomos, que do pé para a mão, vão para o olho da rua, onde não há minas petrolíferas nem diamantíferas.
Os Petrofamintos lixados emparceiram com rebuçados, bolachas, cigarros, e cacarecos que as esposas remendam. No mar de lama da magnitude da globalização empresarial, peixe graúdo abocanha peixe a miúdo.
O polícia, monta guarda e aguarda vítima num mercado de rua. De vez em quando volteia, passeia, pára. De olhar frouxo repara, enquanto descansa o peso dos braços nas mãos enlaçadas, nas costas coladas. Está armado e equipado. O telemóvel espalha sem som nem tom o seleccionado timbre horripilante arquivado. À velocidade de cágado dormente desenlaça uma mão, solta o telemóvel da cintura, petrifica-se. Está colocado pelos Petrofamintos.
- Passa o telemóvel!!!
É um dia de juízo para a polícia. Chegou um carro patrulha com seis polícias diligentes. Apeados, encafuam-se nas ruelas. Um tenro Petrofaminto alarma a combinação. Culpados e inocentes dão nos cascos. A terra freme como cavalos de corrida num hipódromo. Os incansáveis vigilantes dos dias e das noites, polícia não dorme, aprofundam-se, aferram-se nos labirintos. A missão seja ela qual for, é sempre para repor a legalidade.
Enquanto aguarda pelo restabelecimento da lei, o motorista afunda-se no assento com as mãos na nuca. Ficou, pachorrenta sentinela na viatura. Atira uns réditos para uma donzela, bem nutrida de carnes frescas. Ela não dá cavaco. O vencimento de polícia está num escalão tão baixo que não dá para comprar um sutiã. Ela pisca-lhe os olhos com tal intensidade, que parece que o circuito de voltagem óptico se desregulou. Ele não entende a mensagem semafórica, acredita que ela está no ponto nevrálgico. A carne quente dele rejubila, solta o verbo.
- Estamos muito quentes, vem, vamos arder!
- Burro! Os bombeiros chegaram….
Os Petrofamintos retornaram, cercaram-no à má cara. Crianças com armas de guerra aperradas, e armas brancas afiadas, dos filmes imitadas, cópias de segurança efectuadas. Ainda não tem noção do matar, do coração parar. Por isso matam, como se fosse a brincar. No abandono da inocência pedem meças:
- Sai daí, vamos dar uma volta, depois regressamos!
E foram passear, dar umas voltas pela cidade com as deselegantes da mesma idade.
- Mentor, este conflito entre Petrofamintos, novos-ricos e especuladores imobiliários, alimenta o ciclone sul-africano, e realimenta um mais poderoso ciclone angolano.
- Dou o meu acórdão. Nos bairros os Petrofamintos disputam a invisível força armada da defesa civil militarizada. Sem abrir concurso, os Petrofamintos impõem soirée até à matina.
Gil Gonçalves
Jorge Eurico
timbrado e aprumado
Grande parte das dificuldades das organizações comunitárias nesta área resulta não da falta de vontade de fazer as coisas, mas das mais diversas manipulações jurídicas e políticas que sofrem, quando não de ameaças dos especuladores imobiliários.
In Políticas Municipais de Emprego. Ladislau Dowbor http://www.dowbor.org
Muitos… muitos milhares de jovens deambulam. Como aves com asas feridas, porque o caçador atira a esmo, diverte-se. A facturação dos biliões petrolíferos sobe, o desemprego também. Novas ruas novos nomes: rua dos desempregados, apinhados. Futuros continuadores da involução Petrofaminta. Desaprumados, descuidados nos estudos, mas muito estudados por psicólogos. Desprezados pelas ciências humanas, morais e sociais. Apoiados por pretensa ciência mas, lentes na ciência penitenciária. Futuros trapeiros patriotas, neófitos vendedores de tralhas para aquecer. Os cavaleiros andantes nas justas pela Libertação descuidaram brechas da neocolonização. Não olvidaram o propositado buraco negro da aldeia global, a senda triste da eterna escravidão, campo de concentração neocolonialista.
É vitória certa ruminar que não há emprego para ninguém. É uma constante nacional noticiar mais desemprego. É uma mais-valia, um valor acrescentado. Despedidos porque a empresa faliu, sumiu, ou há trabalhadores a mais… Mil e mais uma estratégia sem lei nem rei, para trabalhadores autónomos, que do pé para a mão, vão para o olho da rua, onde não há minas petrolíferas nem diamantíferas.
Os Petrofamintos lixados emparceiram com rebuçados, bolachas, cigarros, e cacarecos que as esposas remendam. No mar de lama da magnitude da globalização empresarial, peixe graúdo abocanha peixe a miúdo.
O polícia, monta guarda e aguarda vítima num mercado de rua. De vez em quando volteia, passeia, pára. De olhar frouxo repara, enquanto descansa o peso dos braços nas mãos enlaçadas, nas costas coladas. Está armado e equipado. O telemóvel espalha sem som nem tom o seleccionado timbre horripilante arquivado. À velocidade de cágado dormente desenlaça uma mão, solta o telemóvel da cintura, petrifica-se. Está colocado pelos Petrofamintos.
- Passa o telemóvel!!!
É um dia de juízo para a polícia. Chegou um carro patrulha com seis polícias diligentes. Apeados, encafuam-se nas ruelas. Um tenro Petrofaminto alarma a combinação. Culpados e inocentes dão nos cascos. A terra freme como cavalos de corrida num hipódromo. Os incansáveis vigilantes dos dias e das noites, polícia não dorme, aprofundam-se, aferram-se nos labirintos. A missão seja ela qual for, é sempre para repor a legalidade.
Enquanto aguarda pelo restabelecimento da lei, o motorista afunda-se no assento com as mãos na nuca. Ficou, pachorrenta sentinela na viatura. Atira uns réditos para uma donzela, bem nutrida de carnes frescas. Ela não dá cavaco. O vencimento de polícia está num escalão tão baixo que não dá para comprar um sutiã. Ela pisca-lhe os olhos com tal intensidade, que parece que o circuito de voltagem óptico se desregulou. Ele não entende a mensagem semafórica, acredita que ela está no ponto nevrálgico. A carne quente dele rejubila, solta o verbo.
- Estamos muito quentes, vem, vamos arder!
- Burro! Os bombeiros chegaram….
Os Petrofamintos retornaram, cercaram-no à má cara. Crianças com armas de guerra aperradas, e armas brancas afiadas, dos filmes imitadas, cópias de segurança efectuadas. Ainda não tem noção do matar, do coração parar. Por isso matam, como se fosse a brincar. No abandono da inocência pedem meças:
- Sai daí, vamos dar uma volta, depois regressamos!
E foram passear, dar umas voltas pela cidade com as deselegantes da mesma idade.
- Mentor, este conflito entre Petrofamintos, novos-ricos e especuladores imobiliários, alimenta o ciclone sul-africano, e realimenta um mais poderoso ciclone angolano.
- Dou o meu acórdão. Nos bairros os Petrofamintos disputam a invisível força armada da defesa civil militarizada. Sem abrir concurso, os Petrofamintos impõem soirée até à matina.
Gil Gonçalves
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