domingo, 29 de janeiro de 2012

Jovens debatem o que foi feito e o que ficou por fazer por JES ao longo de 32 anos


Luanda - Esta sexta feira (27.01) realiza-se na capital angolana o primeiro Encontro Provincial da Juventude de Luanda.

*António Cascais
Fonte: DW Club.k-net
Papel da Juventude na construção da Cidadania
O lema do encontro é "A Juventude e o seu papel na construção da Cidadania". Ao longo de dois dias de debates, sexta-feira e sábado, irão ser apresentadas comunicações sobre o que foi (ou não foi) feito durante os 32 anos em que o Presidente angolano José Eduardo dos Santos tem estado no poder.

O coordenador do encontro é Alexandre Dias dos Santos, mais conhecido por "Libertador". Trata-se de um dos jovens que foram presos, na sequência das manifestações em 2011, mas que acabou por ser ilibado de todas as acusações.

Lançar a semente da cidadania

Alexandre Dias dos Santos “Libertador” nasceu em 1979,no Bairro Operário, Sambizanga, fundou o Movimento da Juventude do Sambizanga e também a organização Jovens Estudantes Universitários do Sambizanga. Ele explica que a conferência deste fim de semana visa debater "aspetos sociais e políticos de Angola, lançando a semente para progressivamente consciencializar os jovens no exercício da cidadania". O movimento jovem contra o regime de José Eduardo dos Santos "entrou numa nova fase", afirma.

" Temos novos desafios. Quando saíamos à rua, as forças de segurança tentavam aniquilar-nos. Então nesta conferência vamos criar novas estratégias para lidar com esse problema. Nós temos imagens dos polícias agressores, sabemos quem eles são. Então vamos criar novas estratégias através desta conferência provincial”, diz

"Ninguém vai conseguir impedir a juventude de construir uma sociedade verdadeiramente democrática"

“Libertador” não está sozinho. Na linha da frente da iniciativa estão os mesmos que ao longo de 2011 expressaram publicamente nas ruas da capital angolana o descontentamento pela continuidade de José Eduardo dos Santos na chefia do Estado, e que agora elegem o debate como espaço de intervenção. Um deles é o músico Carbono Casimiro, um dos símbolos do movimento juvenil.

Carbono Casimiro salienta que não foi fácil organizar o congresso. Alegadamente os serviços de segurança angolanos e a investigação criminal tentaram impedi-lo. Carbono Casimiro promete, no entanto, que aqueles que classifica como “inimigos da liberdade e da democracia” não vão conseguir impedir a realização da conferência.

"Eles não vão conseguir levar a nossa conferência abaixo: o congresso vai realizar-se numa casa que não é do regime, está a ser financiado com meios próprios. Nós estamos muito atentos e cortámos todas as possibilidades dos serviços de segurança impedirem esta nossa atividade”, frisa Carbono Casimiro.

De salientar que os trabalhos vão decorrer num restaurante no bairro popular do Prenda, espaço alternativo ao que tinham escolhido em primeiro lugar, cujos responsáveis recusaram, invocando "inconvenientes políticos e económicos".

Carbono Casimiro admite que o movimento tem muitos inimigos, a começar pelo partido no poder. Mas garante que ninguém vai conseguir impedir a juventude de construir uma sociedade verdadeiramente democrática. O movimento vai prosseguir o seu trabalho e alastrar-se às províncias, independentemente dos “partidos políticos gostarem ou não”.

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