sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CASA-CE está preocupada com a grave carência alimentar no interior de Angola


COMUNICADO
 
1-   A CASA-CE está preocupada com a grave carência alimentar e a seca que afecta mais de um milhão de angolanos, nas províncias do Huambo, Bié, Kwanza-Sul, Huíla, Benguela, Zaire, Bengo, Moxico, Namibe e Cunene.
2-   A CASA-CE recorda o alerta feito em Maio de 2012, aquando da divulgação do relatório de avaliação do Ministério da Saúde de Angola, com o apoio das Nações Unidas que revelava que cerca de 533 mil crianças com idade inferior a 5 anos encontravam-se em situação de má-nutrição aguda, mais de 100 mil das quais nas províncias do Huambo e igual número no Bié. O mesmo relatório estimava-se que cerca de 22 mil crianças morreriam de fome se não fosse tomada uma medida de emergência.

Apesar do SOS lançado na altura e lamentavelmente, não se conhece até ao momento qualquer acção do governo de Angola visando evitar que mais mortes das crianças ocorram!

3-   A CASA-CE alerta que a situação mais dramática é presentemente vivida no município dos Gambos, na província da Huíla, afectando especialmente as comunidades Muhacavonas e Mucubais, onde as reservas alimentares se esgotaram há meses.

Nesta região do sul do nosso país, o número de óbitos aumenta consideravelmente, situação que afecta maioritariamente as crianças. O gado, principal fonte de sustentação dessas comunidades, esta igualmente afectado pela crise da seca provocando a morte massiva.
 
4-   A CASA-CE considera ser inadmissível e até intolerável, a falta de patriotismo do actual governo, que não implementa acções para estancar as mortes das crianças, nem providencia uma ajuda alimentar de emergência.

Só para recordar, este é o mesmo governo que, inactivo e silenciosamente para com os angolanos, desencadeou uma grande acção de solidariedade para as populações vítimas da fome na Somália, com ampla publicidade nos meios de comunicação social público.
 
5-   Esta é uma indiferença cujas consequências poderão conduzir ao desastre humanitário, num país sem guerra, e de propalado crescimento económico, onde o partido no poder e o governo gastam em vaidades e sem prestar contas, desmesuradas somas de dinheiros públicos, em projectos paliativos de betão e asfalto, na maior parte dos casos porque rendem de corrupção milhões de dólares, ao passo que não salva vidas de crianças que são o futuro do país.
 
De nada valerá a exaltação estatística de crescimento económico tão propalado, e a ideia de conforto na posição financeira da reserva internacional, nas suas dezenas de milhares de milhões de dólares.
 
6-   Nos seus Princípios de Programa de Governação, a CASA-CE relembra o destaque que deu ao desenvolvimento da agricultura e a criação da segurança alimentar, visando eliminar em definitivo as situações dramáticas de pobreza e de fome que afectam a maioria dos angolanos, causada pela gestão ruinosa e discriminatória do actual governo, aliada a uma administração pública débil.
  7-   Reiterando que vai fazer constar da abordagem pública este assunto, sobretudo para que não adormeçam os actuais governantes enquanto morrem crianças de fome, a CASA-CE junta a sua voz, ás vozes das organizações humanitárias, e deixa o seu apelo à sociedade civil e às igrejas, para a mobilização no esforço de salvação das crianças, vitimas desta contrastante situação.
  
8-   Para assinalar sua solidariedade para com todos os que sofrem, nos moldes que oportunamente comunicará, a CASA-CE está criar as condições internas para que seus membros e todos quantos queiram fazê-lo, dediquem tempo de reflexão sobre as vítimas de fome.
                                 Luanda, 27 de Setembro 2012

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