A prática do “Efiko” está liberalizada na Arquidiocese do
Lubango, que abarca as regiões do sul de Angola ( Huíla, Namibe e Cunene).
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Um decreto de 15 de Agosto deste ano do Arcebispo
Dom Gabriel Mbilingi aprova a tradição de iniciação feminina.
A notícia foi avançada pelo Bispo do Namibe, Dom
Dionísio Hisilenapo, em Roma, onde tomou parte num curso para jovens Bispos.
“No Lubango até já foi publicado ultimamente o
decreto que aprova este rito. Entrou em vigor no dia 15 de Agosto de 2012.
Penso que o arcebispo do Lubango terá agido da melhor forma” – disse o Prelado
à Rádio Vaticano .
O rito chegou a gerar polémica decorrente de
interpretações equívocas à carta dirigida por um grupo de religiosas da região
à Presidência da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.
O Presidente da CEAST, Dom Gabriel Mbilingi
esclareceu o assunto no Benin, onde participou da recepção ao Papa Bento XVIX.
“A carta foi para reagir à
interpretação à morte de Dom Mateus, Bispo do Namibe. Não é que alguém da
Arquidiocese levantasse a questão do “Efiko” como tal, mas algumas religiosas
reagiram àquilo que foi noticia depois da morte de Dom Mateus, uma informação
que passou num documento que apareceu no Club K, e fazia questão de umas
declarações de um jornalista que escrevia, dizendo que Dom Mateus teria
eventualmente sido morto em circunstâncias pouco esclarecidas, no sentido de
que estaria por detrás toda uma reacção de feitiçaria, que estaria na origem do
recurso a forças ocultas para que tivesse lugar o ocidente que o vitimou”-
disse numa conversa conduzida pela jornalista Dulce Araújo.
Dom Mateus Feliciano Tomás, Primeiro Bispo Da
Diocese do Namibe faleceu a 30 de Outubro de 2010, num acidente de viação,
proveniente de Luanda, onde havia participado na Assembleia-Geral da CEAST.
Tinha sido ordenado Bispo há cerca de um ano e meio.
O carro conduzido por ele, capotou quando tentou esquivar uma manada de bois
que atravessava a estrada, mas conforme um artigo, dias depois pelo jornal
angolano Club K, a sua morte teria resultado de acções ocultas, feitiçarias,
por se ter oposto a algumas práticas tradicionais do povo Nhaneca
Humbi, entre as quais o “Efiko.
“O modo com foi tratada esta questão
tradicional, que é a iniciação feminina na nossa área, concretamente nas
províncias da Huila, no Cunene e também no Namibe, onde se pratica o “Efiko”, é
isso que levou a reacção das irmãs” – explicou Dom Mbilingi.
“Quer dizer, o modo como era escrito o rito do
“Efiko” incluía acções que algumas irmãs acabaram de dizer que isso não é
verdade, portanto era necessário reagir a este efeito” - sublinhou.
“Tudo o que fiz foi pedir, quer às próprias
irmãs, sobretudo as originárias do lugar, que deverão trabalhar também com as
outras senhoras intelectuais que estão por aí, que percebem, também aos padres,
sobretudo os originários do Cunene, como do Lubango e do Namibe, estes
pedi-lhes que fizessem um estudo de campo em relação aos ritos, ao significado
tradicional que o “Efiko” tem, em ordem a que possamos, como Conferência
Episcopal responder e para que no amanhã possamos ter uma proposta mais clara
em relação a esse dado, que é cultural, mas que, se é mal entendido
efectivamente causa o mal estar que provocou naturalmente aquela situação” –
acrescentou o Arcebispo do Luabngo.
Agora, o objectivo é de desfazer os males entendidos
causados pelo artigo, posto a circular na Internet.
“A essas mesmas irmãs nós pedimos que sejam elas a
dizerem qual é a versão verdadeira, porque é importante. Como elas se queixaram
na carta que são os homens que tratam de assuntos que não lhes diz respeito,
agora vocês digam o que realmente se passa e qual é a verdade daquilo que foi
dito, e que efectivamente deve ser considerado como algo que tenha valor e que
possa ser assumido pelo evangelho, na linha da inculturação. Portanto, agora
tudo depende em parte delas”- concluíu Dom Mbilingi
O “Efiko” terá sido introduzido naquela região por
Dom Lino Rribeiro Santana Goês, primeiro Bispo de Sá da Bandiera, hoje
Arquidiocese do Lubango.
Dom Frankin da Costa, Arcebispo do Lunamgo 1986/97,
chegou a presidir a este rito na Igreja.
Foi com base nisto tudo que as religiosas escreveram
a 21 de Março do ano passado a favor deste rito na região dominada pelos povos
nyaneka umbe.
Nyaneka
É um povo que quase 60% da sua etnia grupal não
digeriu em 40% a civilização ocidental e mantém-se apegado na sua rica cultura.
Ressalta-se a festa da iniciação "puberdade"
feminina e masculina (efiko ou kufukala e o ekuenje), com maior realce para
aquela, cujo grande valor é a não prática de sexo sem esta iniciação.
A violação constitui uma desonra e humilhação não só
para a menina, mas para toda a família.
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