Reina perigo de morte por fome no município
dos Gambos, na província da Huíla, numa comunidade estimada em cerca de 150 mil
habitantes.
O alerta foi feito pelo Padre Jacinto Pio
Wakussanga, Presidente da ONG “ Construindo Comunidades”.
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A região semi-desértica habitada
maioritariamente pelas etnias Muhacavanas e Mucubais, consta da
avaliação feita em Maio pelo Departamento Nacional de Nutrição, do
Ministério da Saúde, com o apoio das Nações Unidas como das mais afectadas pela
estiagem que assola dez províncias angolanas.
No entanto, o quadro piorou e nada foi
feito para acudir as populações afectadas pela seca.
Além da estiagem o Padre Pio enumerou a
explosão demográfica nos Gambos, a distribuição iníqua de terra e recursos
naturais, bem como a intensa exploração de rochas ornamentais como factores
agravantes da fome.
“ Alguns fazendeiros controlam grande
parte das terras, que pouco as usam para a agricultura e mais para a pecuária.
Mas, os fazendeiros controlam apenas quatro por cento do gado, enquanto os
populares controlam 96 porcento da reserva ganadeira no município”, disse o
presbítero.
O Padre Pio explicou que “ os
fazendeiros usam grande parte das terras para deixar crescer capim e com este
produzir feno de reserva, para a alimentação do gado”.
Enquanto isso, ainda de acordo com o
religioso, os populares têm de usar pouca terra, tanto para agricultura de
subsistência como para o pasto.
Sobre a exploração do granito, como
actividade alternativa à agro-pecuária, o sacerdote afirmou que a mesma “ não
produz quaisquer benefícios para as comunidades locais.
Segundo a chefe de departamento para a
assistência da direcção provincial da Assistência e Reinserção Social,
Francelina Tomás, decorrem levantamentos sobre a situação de fome com vista a
assistir os populares.
O Município dos Gambos situa-se a 127
quilometros a Sul da cidade do Lubango, a capital da Província da Huíla, e faz
fronteira com as províncias do Cunene e do Namibe.
No entanto, não há informação pública
sobre a disponibilização das verbas e dos programas implementados para
minimizar os efeitos negativos da estiagem.
22 mil crianças podem morrer à
fome
A avaliação realizada em Maio passado pelo Departamento
Nacional de Nutrição, do Ministério da Saúde, com o apoio das Nações Unidas,
indica que cerca de 533 mil crianças, com menos de cinco anos, nas dez
províncias angolanas mais afectadas pela seca estão em situação de má-nutrição
aguda.
A informação está contida no relatório publicado pelo Escritório das Nações Unidas para
a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em Maio passado.
A avaliação oficial calcula em 20 porcento o
número de crianças em situação de má-nutrição severa (105,000 a 110,000
crianças), e uma possível taxa de mortalidade de 20 porcento dentre estas. Ou
seja, 21,000 a 22,000 crianças angolanas podem morrer à fome este ano.
O Ministério da Agricultura, Desenvolvimento
Rural e Pescas (MINADERP) estima que cerca de u
O número corresponde a cerca de 10 porcento
do total da população angolana e indica, como as áreas mais afectadas, as
províncias do Bengo, Kwanza-Sul, Benguela, Huíla, Namibe, Cunene, Moxico, Bié,
Huambo e Zaire.
Em Abril passado, o Conselho de Ministros
aprovou o plano de resposta à seca do MINADERP, avaliado em US $43 milhões,
destinados à assistência alimentar de emergência e à distribuição de sementes e
utensílios agrícolas para a preparação da lavoura em tempo oportuno.
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