Morreu Dom Fortunato Baldelli, antigo Núncio Apostólico
em Angola, na quinta-feira, 20/9/2012, em Roma, aos 77 anos de idade, vítima de
doença.
O seu consulado em Angola durou de 1982 a 1992.
O actual vice-Reitor da Universidade Católica de
Angola, Padre Gerónimo Kahinga, lidou bastante com ele na altura e evocou a sua
memória.
Na sua óptica, a missão de D. Baldeli foi marcada
pelo tempo das duas realidades dos Angolanos - da esperança e do desespero. Da
esperança, abraçou a fase intermédia do fim da guerra e da reconciliação
(1991-1992).
“Dom Baldelli teve também a alegria de acolher para
nós e connosco a primeira visita do Santo Padre a Angola, Beato João Paulo II,
ocorrida em junho de 1992”, recordou, ainda, o vice-reitor.
Portanto, “Dom Fortunato Baldelli, de feliz memória,
foi daqueles diplomatas que soube trabalhar na altura própria com o Governo que
estava a mudar a sua estratégia, a sua estrutura, o seu modo de se relacionar
com os outros”.
Com efeito, na altura, o Governo estava a começava a
abrir-se a outros partidos, ao multipartidarismo que até aí não existia.
No outro lado da moeda, foi o Núncio que “teve a
tristeza de receber de novo as primeiras notícias do recomeço de guerra em 1992
- um momento difícil que ele terá sofrido”.
“Quando a guerra recomeça efetivamente o ano 92 foi
um momento difícil, imagino ele que terá sofrido verdadeiramente, porque devia
continuar a mandar na Santa Sé notícias de alegria para João Paulo II, que veio
dizer aqui, em Angola, não mais a guerra; no Huambo que esta terra não se chama
mais abandonada, deserta, mas que se alegra com a vinda do Senhor. Ele devia
continuar a dar esta notícia”, comoveu-se padre Kahinga.
Infelizmente, prosseguiu, “Dom Baldeli teve de
comunicar notícias de tiros, de derramamento de sangue”.
“Mesmo nesta condição, o antigo representante do
Sumo Pontífice em Angola, não parou simplesmente em Luanda e teve tempo de
deslocar-se às regiões de guerra como o eram as províncias do Huambo e do
Kuando Kubango, ou mandava o seu secretário, de modo a obter informações
genuínas para melhor informar a Santa Sé”, referiu, ainda P. Kahinga.
De igual modo, nas suas digressões no interior do
país, aproveitava comunicar a preocupação do Santo Padre para com o povo
angolano.
Em remate, o sacerdote angolano deixou o seu voto:
“Que o nosso Deus receba a sua alma e lhe conceda um verdadeiro repouso,
tranquilidade e aquela paz que Ele sabe conceder aos seus verdadeiros filhos.
Lembre-se que, Dom Baldelli, enquanto esteve cá, lutou e gastou as suas
energias por nós”.
Caixinha
Fortunato Baldelli (Valfabbrica, 6 de agosto de
1935) é um cardeal de nacionalidade italiana, ex-Penitenciário-mor da
Penitenciaria Apostólica.
Serviu em várias nunciaturas apostólicas.
Entrou para os serviços diplomáticos da Santa Sé, em
1966, em Cuba e no Egipto.
Após uma breve passagem pela Secretaria de Estado e
do Conselho para os Assuntos Públicos da Santa Sé, foi nomeado para o Conselho
da Europa como Observador Permanente.
De 1985 a 1992 foi Delegado Apostólico em Angola e
São Tomé.
De 1992 a 1994 exerceu as mesmas funções na
República Dominicana e em 1999 foi Núncio Apostólico em França.
No dia 2 de Junho de 2009, Dom Fortunato Baldelli
foi nomeado pelo Papa Bento XVI para a Penitenciária Apostólica.
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