Luanda - Elementos afectos a Direcção Nacional
de Investigação Criminal(DNIC), dispararam, bárbara e mortalmente, em quatros
jovens, no pretérito dia 12, no Bairro Augusto Ngangula, na comuna do Kikolo,
município do Cacuaco.
Fonte: O Crime
Club-k.net
Efectivos da Polícia semeiam luto no
cacuaco
As vítimas, identificados pela nossa
equipa de reportagem por, Amaral Deca, Mateus Vicente, Pai King, de 19, 22 e 23
anos respectivamente, tiveram mortes imediatas, tudo porque foram atingidas
mortalmente na região do tórax e na cabeça, com vários tiros cada.
O acto bárbaro, foi perpetuado, por
volta das 15hs, na passada sexta‐feira, 12, dois dias depois de se
assinalar o dia dos Direitos Humanos em todo o mundo, explicou Salvador
Tchizuza, pai do malogrado, Amaral Deca.
Quando vários elementos não
identificados, surpreenderam, quatro jovens que se encontravam em convívio no
quintal de uma residência, de venda de bebidas.
Os jovens, foram surpreendidos pelos
supostos agentes da DNIC, com uma palmada nas costas e disseram: O que vocês
fazem por aqui? Um dos jovens virou e disse não te conheço e me bates nas
costa! Quem é o Sr?
O agente disse, sabes com quem estas a
falar? E logo ordenou que bebessem rápido as cervejas e os mesmos rejeitaram.
Dada a frágil resistências dos jovens,
os supostos agentes sacaram as armas, mandaram os moradores se afastarem e
fecharem as portas das suas casas.
Obrigando os jovens a se despirem e a
deitarem‐se ao chão de
costa para cima. De seguida dispararam cruelmente aos jovens, deixando eles aí
estendidos como se de cães se tratasse, lamentou.
Os agentes retiraram‐se, minutos
depois surge o patrulheiro de polícia e o carro de recolha de cadáver afecto a
DNIC.
Quando a informação nos chegou,
contactamos várias unidades de polícia do município e nada, posteriormente,
ainda na mesma noite, contactamos por via telefone o Chefe do Departamento das
Operações do Comando Municipal de Cacuaco e não tivemos sucessos, só mais tarde
tivemos informações de um policial afecto a esquadra do cemitério do catorze,
que nos disse que os corpos se encontravam na morgue do Maria Pia. Este disse
também que estava no patrulheiro aquando da remoção dos cadáveres, afirmou
Tchizuza.
João Kumunanga e demais familiares, do
malogrado Mateus Vicente, diz: “lamentamos com profunda dor e tristeza o
desaparecimento físico do nosso filho, e pela forma cruel como foi morto.”
Eles não foram gatunos, não roubaram,
não foram encontrados com armas nem meios alheios. Por isso queremos que se
faça justiça e que os executantes dos nossos filhos apareçam, realçou.
Já Salvador Tchizuza, abatido coma perda
do filho, considera esta cruel atitude como sendo um acto de assassinato.
Não há lei neste país que permite
executar pessoas apenas porque se desconfia que são supostos marginais, se
existe outra lei na polícia que manda executar pessoas, que nos mostrem, os
rapazes até estavam indefesos, afirmou.
As nossas fontes, desconhecem, até ao
momento da nossa reportagem o nome e o paradeiro de uma das vítimas, tudo
porque o mesmo não era residente daquele bairro, apenas visitante e amigo dos
seus filhos.
Polícia “Malucos”.
Salvador Tchizuza, apela ao
governo(Ministério do Interior), para que os agentes da polícia devem ser
pessoas formadas, no sentido de saberem se dirigir e informarem quando
estiverem a actuar.
Numa situação dessas, os rapazes deviam
ser levados, ouvidos em tribunal e se possível condenados, nem que for a pena
máxima, Isso sim seria justiça não a execução como foi feita, realçou.
Tchizuza, disse também que há
comandantes que dão ordens “empíricas” e sem fundamentos legais. Por isso apela
que se deve colocar comandantes com formação de polícias e não “malucos” que
também foram marginais. Há muitos marginais na polícia, o que eles fazem?
Nós nunca fizemos isto nas FAA, somos
pessoas educadas moralmente, temos educação patriótica e militar. É preciso que
a polícia faça trabalho correcto, para não provocar a “ira” do povo. Não acha
que apenas eles têm armas! Somos a maioria, afirmou agastado com a situação.
O país tem homens bons mas também os
maus estão aí, desde os políticos e polícias, esses têm de sair para não
prejudicar nós os pobres, se assim queremos construir um país próspero, “NEM
TODO JOVEM É DELINQUENTE”.
Tchizuza e Lúcio Lara.
Sou antigo combatente e guerrilheiro de
guerra, desde 1963, ao lado do MPLA, na altura como movimento de libertação.
Eu e vários nacionalistas, dentre os
quais Lúcio Lara, lutamos contra os portugueses até conquistarmos a
Independência deste país, assinamos os Acordos de Lunhamês no leste de Angola,
naquela época, na Base de Muxixi, sem nada para comer sem qualquer tipo de
assistência tínhamos apenas ligação com a República da Zâmbia, recordou.
O que nos motivou a lutar e a combater
por esse país, foi para estarmos cada um no seu ligar, livres e independentes,
não para assistirmos uma série de mortes “encomendadas e selectivas”, não
podemos “atrofiar ” os ideais de Neto, lamentou.
Sou antigo combatente e deficiente
físico de guerra, não tenho pensão, estou a formar o meu filho para que seja o
futuro deste país e vocês me tiram ele, sem mais nem menos!
A nossa constituição, diz que todo
cidadão, tem o direito a vida, protecção e segurança, E foi a pouco tempo que o
nosso país foi aceite como membro não permanente da ONU, tudo isso para enganar
a comunidade estrangeira, “Esses cruéis e cobardes assassinos”, me trouxeram
lágrimas e dor que jamais se apagará, afirmou.
Salvador Tchizuza, aproveitou, a ocasião
para deixar uma frase para pensar: Saul, personagem bíblica, era ungido e
eleito por Deus para guiar o povo de Israel, mas de tanto poder começou abusar
dele, Deus tirou‐lhe rapidamente
a unção que tinha e nomeou, um indivíduo do campo que não vestia melhor. Quando
Saul se apercebeu já era tarde, Deus lhe tinha tirado a unção e a entregou a
Davi, homem pobre que herdou o poder e comandou Israel conforme Deus planeou.
Ganhou‐se a luta contra os portugueses, foi uma
batalha com a unção de Deus, agora se começam a estragar tudo, há um dia que
Deus vai resolver da sua maneira. Os que fazem isso um dia serão castigados.
*Costa Kilunda
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