Luanda - Os dias 22 e 23 do mês de Novembro
foram marcados por realização de várias manifestações em Luanda. Os jovens
angolanos exigiam a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos, no poder há
35 anos. Como resultado destas manifestações, uma das activistas Laurinda
Gouveia foi torturada por mais de seis comandantes da Polícia Nacional com
barras de ferro e encontra-se até ao momento com visíveis marcas no corpo.
Fonte: VOA
Dores permanentes no corpo, inflamação
das pernas, problemas de audição e fortes cicatrizes são as sequelas da
agressão a que foi sujeita, quando levada por agentes da Polícia Nacional no
dia 23 de Novembro.
Pressão da igreja
Laurinda Gouveia, que ainda não formalizou
a queixa por não poder deslocar-se à polícia, afirma estar a sofrer grandes
pressões para deixar de participar em manifestações públicas. Segundo a
activista, a maior pressão vem da igreja que frequenta.
“A maior pressão é mesmo da igreja. As
minhas irmãs ficam com medo de se juntarem a mim têm receio que sejam conotadas
com a Laurinda”, lamentou. Laurinda Gouveia disse também ter sido afastada do
grupo Coral Santa Cecília da Sagrada Família por participar nas manifestações.
“Ainda não foi uma proibição mas o chefe do meu grupo disse que não posso
voltar a cantar sem antes falarmos com o padre” revelou.
Laurinda vive com medo
Por outro lado, a activista perdeu os
exames na universidade, mas afirma que vai continuar a participar nos
protestos, embora tema ser raptada: “Uma vez que saio daqui até ao Primeiro de
Maio para apanhar o autocarro sinto medo que eles voltem a me fazer mal”,
acrescentou.
Laurinda Gouveia, tem 26 anos, é natural
do Kwanza Sul, órfã de pai, vende churrasco à porta da sua casa no Cassenda e
estuda filosofia na Universidade Católica, no bairro do Palanca. Têm surgido
reacções contra a agressão à jovem de todas as esferas, músicos, jornalistas,
políticos e organizações da sociedade civil.
O Grupo de Trabalho de Monitoria dos
Direitos Humanos em Angola exige, em comunicado, um pronunciamento imediato do
Presidente da República a condenar o tão violento acto e a confirmar a abertura
de um processo judicial para investigar e responsabilizar os autores da
agressão. O grupo também apela à solidariedade de toda a sociedade,
especialmente da primeira-dama, mulheres polícias, mulheres e jovens
estudantes, entre outros sectores da sociedade. Laurinda pede ajuda, tem medo,
não quer andar sozinha, pois não sabe "o que (lhe) pode acontecer".
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