Economista
defende que recursos poupados com os subsídios aos combustíveis sejam
investidos em infra-estruturas.
Coque
Mukuta
VOA
O aumento dos preços
dos combustíveis em Angola anunciados pelo Governo na passada sexta-feira, 26,
vai provocar o aumento do custo de vida no país num ano que, como admitiu hoje
o Presidente da República na sua mensagem de Ano Novo, será difícil.
A Associação Angolana dos Direitos do
Consumidor (AADIC) afirmou que a medida viola os artigos 78º e 89º da
Constituição da República de Angola. Segundo a organização de defesa dos
consumidores, o número 1 do artigo 78º da CRA diz que o consumidor tem direito
à qualidade dos bens e serviços, à informação e esclarecimento, à garantia dos
seus produtos e à protecção na relação de consumo.
As consequências colaterais já são
anunciadas. Os taxistas, por exemplo, dizem que vão aumentar os preços das
viagens.
Por sua vez, o economista Carlos Rosado
prevê ainda mais a subida dos preços dos combustíveis que vai encarecer
ainda mais o cabaz das famílias angolanas.
“Eu admito que o preço pode subir ainda
mais, mas que não suba até a 150 kzs, porque isso vai alterar o cabaz das
famílias vai”, disse.
Aquele economista afirmou, no entanto,
que a medida será bem-vinda se o valor dos os subsídios retirados dos
combustíveis for usado em infra-estruturas que beneficiem as populações.
“Não vale a pena ficar a dizer que estes
aumentos não têm custo para a população porque têm custo sim, mas seria bom que
os subsídios que são retirados aos combustíveis sejam aplicados nas
infra-estruturas, como escolas hospitais e muito mais”, defendeu o analista.
De realçar que a Sonangol Distribuidora
foi autorizada pelo Ministério das Finanças a actualizar os preços dos produtos
derivados de petróleo em 20 por cento, passando o litro de gasolina a custar 90
kwanzas e o de gasóleo 60 kwanzas, no âmbito da estratégia do Executivo de
redução da carga de subsídios para a melhoria da qualidade da despesa pública.
Nos termos do Decreto Executivo, passam
a ser excluídos do regime de preços fixados o fuel leve, o fuel pesado e o
asfalto, passando os seus preços a ser formados no âmbito do regime de preços
livres, cessando assim o ónus do Estado com o custo de subvenções.
De acordo com a nota justificativa do
Governo, o ajustamento vai permitir ao Executivo criar espaço fiscal, para
assegurar a sustentabilidade da política fiscal e garantir o financiamento do
Plano Nacional de Desenvolvimento até ao fim da legislatura.
O novo reajuste dos preços dos
combustíveis ocorre numa altura em que o défice fiscal do país se aprofunda
face à queda constante do preço do barril do petróleo, negociado abaixo dos 60
dólares.
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