Milícias curdas no nordeste lutam contra
o Estado Islâmico de forma coordenada com os EUA
Mergulhada num conflito civil desde
2011, a Síria parece mais uma colcha de retalhos composta de feudos em guerra
do que um Estado, deixando as potências externas mais relutantes em intervir
apesar de o país se tornar um fator ainda mais desestabilizador para a região.
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Os Estados Unidos finalmente entraram na
guerra síria neste ano, três anos depois de o presidente
norte-americano, Barack Obama, dizer que o líder sírio, Bashar al-Assad,
deveria deixar o poder.
No entanto, os EUA entraram de maneira
relutante, para bloquear o avanço dos combatentes do Estado Islâmico no vizinho
Iraque, e sem se aliar a Assad.
Com mais de 200 mil mortos e milhões de
pessoas que tiveram de deixar suas casas, a desintegração da Síria pode
piorar ainda mais no futuro devido à surpreendente queda dos preços do petróleo
em dezembro.
A nova pressão econômica pode tornar
ainda mais difícil que uma das facções do conflito ganhe uma vantagem decisiva.
As tentativas para encontrar uma
“solução política”, que, segundo as potências mundiais, é a única saída para a
crise, possivelmente um acordo entre Assad e seus oponentes, não deram em nada
até agora.
No momento, não está claro nem mesmo o
que faria parte de uma solução futura. As forças anti-Assad mais poderosas são
grupos islâmicos radicais, como o Estado Islâmico e a Frente Nusra, ligada à Al
Qaeda.
Para muitos analistas, as potências
ocidentais e oponentes regionais do regime sírio, como a Arábia Saudita, veem
agora as facções dominantes como grupos que eles não podem apoiar, o que limita
as opções desses países.
– A ideia de oposição evaporou para a
Arábia Saudita – afirmou Nasser Qandil, editor de um jornal libanês e
ex-parlamentar, que tem boas relações com Damasco. “Eles sabem que as opções
são o Estado Islâmico e a Nusra ou o regime. Não há terceira opção.”
Qandil disse que muitos na região e,
talvez, até o Ocidente estão optando por uma estratégia de, segundo ele,
“recuo”, o que significa deixar os combatentes sírios lutarem por conta
própria.
Washington diz que o apoio aos
adversários “moderados” de Assad é parte da sua estratégia. Entretanto, ao bombardear
o Estado Islâmico diariamente e realizar alguns ataques contra a Frente Nusra,
os EUA têm liberado a força aérea síria para lutar em outros locais contras
outros oponentes.
As forças de oposição às quais o
Ocidente já demonstrou algum apoio estão agora divididas em centenas de grupos,
com diferentes ideologias e interesses.
Milícias curdas no nordeste lutam contra
o Estado Islâmico de forma coordenada com os EUA, mas têm papel pequeno fora do
enclave étnico.
Milícias pró-Assad têm hoje um papel no
conflito que nunca tiveram antes.
– Cada vez mais lideranças regionais
surgem na Síria, e elas estão se tornando mais difíceis para o governo
controlar, o que aumenta a pressão sobre o regime – disse Lina Khatib, diretora
de um centro de estudos sobre o Oriente Médio em Beirute.
“Acho que 2015 vai ser caos total para a
Síria”.
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