domingo, 7 de dezembro de 2008

Mistérios da Medicina. Mortes de animais intrigam cientistas no Rio


Felipe Sáles, Jornal do Brasil

RIO - Uma força-tarefa composta por 13 instituições das esferas federal, estadual e municipal começou a se reunir nesta semana com o objetivo de solucionar um mistério de epizootia (enfermidade contagiosa entre múltiplos animais) nunca antes vista no Rio.

Desde setembro, uma doença misteriosa matou mais de 50 animais de três espécies diferentes, principalmente macacos. A doença se alastra com rapidez e intriga cientistas pelas diferentes regiões onde casos foram descobertos.

A primeira ocorrência de que se teve notícia foi em setembro, no Parque Lage. Depois, vieram o Jardim Botânico, Parque da Catacumba, Copacabana, Guaratiba e Campo Grande. Cerca de 50 sagüis e macacos–prego já foram vítimas da misteriosa doença, que acometeu também um esquilo e uma capivara. Nenhum deles sobreviveu por mais de dois dias. Não há informações de contaminação entre seres humanos.

– Ainda estamos totalmente no escuro – reconhece a bióloga do Jardim Botânico Cristiane Hollanda Rangel. – É bem possível que essa doença tenha como origem o contato com o homem, mas ainda não sabemos de que forma.

Hipóteses descartadas

A primeira suspeita foi de envenenamento, devido ao forte hábito da população de alimentar os bichos. Essa prática sugeriu a hipótese de herpes após indícios colhidos em alguns animais por Vinícius de Oliveira, coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, para onde alguns bichos foram levados. O vírus, presente no ser humano, quando em contato com os animais pode ser fatal – e teria sido transmitido no momento em que uma pessoa contaminada compartilhou alimentos com um dos bichos.

Falta explicar, porém, como a contaminação se alastrou – de forma rápida – por regiões tão distintas. A primeira conjectura é de que o contágio tenha sido por contato direto, mas a transmissão por mosquitos não está descartada. Febre amarela, dengue e raiva também foram sugeridas, mas todos os exames deram resultado negativo.

– Isso não necessariamente significa que as doenças estão descartadas – explica Oliveira. – Como as mortes são rápidas, não conseguíamos ter acesso a um animal doente ainda vivo, e o vírus pode também ter morrido junto com a vítima.

Nesta semana, pela primeira vez um animal doente foi capturado pelos biólogos. Entre segunda e quarta-feira, estudiosos de várias partes do país reuniram-se no Jardim Botânico para colher informações que possam explicar a epizootia. Órgãos ligados às secretarias estadual e municipal de Saúde, Vigilância em Saúde e Ministério da Saúde estão empenhados nas investigações.

O animal contaminado perde a capacidade de se locomover, fica desidratado e pode desmaiar. O superintendente do Ibama, Adilson Gil, teme que a doença se espalhe pela Mata Atlântica.

– Confesso que nunca vi caso semelhante aqui no Rio – admite. – Se chegar às matas, tornará o controle bastante complicado.

In http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/11/27/e271129230.html

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