quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Ocidente do Paraíso (77). E no Huambo queimaram catequistas vivos com a Bíblia.


Mas as coisas para nós não estavam nada bem. A FNLA vinha com uma grande força para destruir Luanda e matar-nos a todos. Confiávamos em Agostinho Neto para que não houvesse uma grande matança. Afinal ele era o nosso grande Chefe.
Abordei a nossa situação com o Lucas e ele confidenciou-me:
- Não te preocupes com isso, os cubanos já chegaram a Benguela e alguns vêm a pé.
- Mas o Luís de Almeida (director-geral da informação) garantiu às emissoras internacionais que não temos cubanos em Angola.
- Não ligues a esse gajo. Ele sabe lá o que diz. Olha, sabes o que é que a 9ª Brigada fez quando avançou para o Norte?
- Não.
- Passaram o tempo a roubarem carros que encontraram pelo caminho. Esses camaradas da 9ª brigada são o máximo.
Um amigo do Lucas aproxima-se e ele apresenta-mo.
- Olha, este branco é dos nossos, trata-o bem.
Depois com uma pequena risada:
- Este é de Malanje. Tudo o que era branco incluindo padres, não escapou ninguém. Os malanjinos são fodidos.
Engoli em seco, Lucas continua:
- É pá, as FAPLAS onde chegam a primeira coisa que fazem é esgotar toda a bebida que encontram. Porra, mas que grandes bêbedos. E no Huambo queimaram catequistas vivos com a Bíblia.
De facto tudo o que era Igreja e padres era para afastar. Tudo lhes era confiscado em nome do povo. Transformavam as igrejas em quartéis. Creio que isso ficou a dever-se a uma frase de Marx. «A religião é o ópio do povo.» Mas pode algum povo sobreviver sem religião e moral?

Os Sul-africanos pretendem invadir Angola e derrubar o poder, colocando Savimbi no lugar de Agostinho Neto. Mas perante forte resistência e dificuldades encontradas retrocedem. A vitória é largamente festejada.

O senhor Figueira na altura da sua abalada definitiva comenta-me a invasão sul-africana:
- Você está enganado, os americanos ordenaram-lhes que retrocedessem. Bom, chegou a hora da minha partida. Disse ao administrador que você é um bom quadro e faz muita falta na empresa. Disse-lhe também para o acarinharem. Você deve fazer parte da gerência e ganhar de acordo com isso. Estes indivíduos não têm escrúpulos nenhuns. Se ele não cumprir demita-se. Faça assim. Nunca esteja muito tempo na mesma empresa, assim estará apto a rapidamente gerir negócios. E a Tina, você gosta mesmo dela?
- Sim, gosto muito dela.
- Ela atrai-o sexualmente?
- Sim.
- Então vá ter com um padre e peça-lhe para considerar que os filhos da Tina são filhos legítimos... filhos desse casamento. Eles sabem como fazer isso. Se eu fosse mais jovem ainda ficava mais uns tempos. Mas já não tenho paciência para aturar isto. Como você é jovem, fique. Falei com um cunhado que andou em Coimbra a estudar com Agostinho Neto. Ele é muito influente e qualquer coisa que necessite, vá falar com ele. Mas tenha um bocado de cuidado porque ele gosta muito do álcool. Você fez-se a si mesmo. Aí tem a minha morada de Portugal para me escrever… adeus.
As lágrimas vieram-me aos olhos. Era o único amigo sincero que tinha. Novamente perdia mais um amigo.

Imagem: http://pissarro.home.sapo.pt/memorias23.htm

terça-feira, 29 de junho de 2010

A Ocidente do Paraíso (76). Não vás, porque os negros não gostam dos brancos e vão-te matar.



Coloquei a situação ao senhor Figueira. Como um dos seus amigos ia embora definitivamente, e o seu apartamento estava bem localizado, onde era difícil roubar roupa, eu, a Tina e a sua filha Dina, mudámos de casa. Ficámos no quarto andar de um prédio de cinco. Encontrámos duas mesas que deixaram, e com dois colchões, mantas e alguns utensílios que trouxemos, eram esses apenas os nossos pertences para a grande aventura das nossas vidas que se avizinhava.

Durante os treinos no campo do São Paulo que findavam, um pormenor despertou-me a atenção. Ver mestiços era difícil, e o único branco, creio que era eu. Deram-nos uma farda azul. O Lucas ofereceu-me uma pistola checoslovaca muito bonita, mas nunca disparei um tiro com ela. Fomos chamados para a última formatura, numa tarde onde nos foram entregues armas. A seguir iríamos proteger Agostinho Neto na proclamação da Independência de Angola.

No Largo 1º de Maio tudo estava preparado. À meia-noite do dia 11 de Novembro de 1975, Agostinho Neto «perante a África e o Mundo» proclama a independência de Angola. Estava com outros colegas na protecção das suas costas, quando toda a gente começa a disparar para o ar. Alguns disparos perigosamente efectuados passam por cima das nossas cabeças e tribuna presidencial. Recebemos ordens para correr com essa gente. Fomos na sua perseguição, afastámo-los e pouco depois tudo voltou à normalidade.
Antes, a Tina implorou-me a chorar:
- Não vás, porque os negros não gostam dos brancos e vão-te matar. Que será de mim e da Dina. Não te esqueças que estou grávida.

Depois da cerimónia fomos para o Rangel e Sambizanga verificar e vigiar se existiam actos de vandalismo ou disparos anárquicos. Haviam alguns, e onde surgiam íamos para lá, e impúnhamos respeito e ordem.
Entretanto, o Lucas fez questão de comparecer e apresentou-me uma bonita moça com uma mini-saia provocante que era namorada do Xietu. Depois, fomos para o Campo da Revolução assistir à grande festa. Uma imensa multidão dançava sem parar ao som de música ininterrupta. Ninguém provocava distúrbios. O único distúrbio – se assim lhe podemos chamar – era o som alto da música.
Por volta das seis da manhã regressei para junto da Tina e da Dina. Encontrei a Tina a chorar por causa do tiroteio da celebração da independência. Escondeu-se debaixo da mesa da cozinha, e chorou por pensar que já estaria morto. Não conseguia dormir a pensar no que faria sozinha sem mim. Por isso ficou muito contente quando cheguei.

No outro dia fui trabalhar normalmente. Por falta de transporte fui a pé. Pelo caminho notei que não havia um único branco. Ninguém me molestou ou insultou. Portanto não existiam motivos para ter medo. Estava tranquilo porque nunca fiz mal a ninguém. Se o tivesse feito decerto alguém me atormentaria.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Ocidente do Paraíso (75). Agostinho Neto o que pretende é acabar com toda a influência Ocidental. Haverá aqui um grande banho de sangue.


Quando nestas circunstâncias um deles chegou, perguntei-lhe se conseguiu cobrar alguma coisa. A resposta foi erguer uma mão para me dar uma chapada. Mais rápido do que ele segurei-lhe no braço, olhei bem para os seus olhos, e dei-lhe a entender que se tentasse algum gesto de agressão, um de nós não ficaria vivo. Poisou os recibos das cobranças em cima da secretária, e foi-se embora sem dizer qualquer palavra. O início de uma grande sinfonia sobre a anarquia estava a ser composta.
Figueira assistiu à cena. Impassível, sereno, desabafou:
- O que me aflige é que toda a gente neste país perdeu o bom senso. As ideologias estragam uma nação. Tinha consideração por Savimbi, achava que ele era o único que tinha posições mais conciliatórias – ele é muito inteligente – mas acaba de estragar tudo, porque libertou presos de delito comum no Huambo, e isso é incompatível para um homem que pretende defender e impor a justiça. Este país está perdido. Bom, também tomei a decisão de eu e a minha família abandonarmos Angola. Mas não vou fazer como todos fazem. Sairei daqui calmamente depois da independência, com a mesma pequena mala com que aqui cheguei.
- Snr Figueira, e Agostinho Neto?
- Agostinho Neto o que pretende é acabar com toda a influência Ocidental. Haverá aqui um grande banho de sangue.
A sua esposa chegou, ouviu parte do diálogo e acrescentou:
- Figueira, o nosso amigo Diógenes Boavida também é um grande militante...
- Não podia deixar de o ser. Todos sabemos que como advogado é uma nulidade. O pior advogado que existiu em Angola.

Entretanto, Lucas vai-me dando o ponto da situação:
- Olha, amanhã o Xietu – Chefe do Estado-maior das FAPLA – vem aqui prestar uma homenagem ao nosso chefe da mecânica. Eles são amigos de longa data, e o chefe da mecânica foi militante na clandestinidade. Fica atento porque te vou apresentar pessoalmente ao Xietu.
Faz uma pausa e considera:
O António Jacinto é o ministro da Cultura, mas como é branco achamos que ainda é cedo para isso. Deveria ser nomeado mais tarde. O meu cunhado vai ser nomeado ministro do Trabalho. Como somos amigos isso é bom para nós.

Na pensão foi a debandada geral. Eu e a Tina ficámos sós, mas não por muito tempo. Vieram pessoas não se sabe donde, que imediatamente ocuparam as instalações abandonadas. Não tinham noção de convivência, e os seus hábitos deixavam muito a desejar. Faziam as refeições em qualquer local. Dentro ou fora de casa eram panelas e pratos espalhados por todo o lado. O lixo aumentava. Os esgotos deixaram de funcionar porque as pessoas atiravam tudo para o seu interior. As fossas entupidas rebentaram e um caudal de água podre tornou-se companhia habitual. E vieram mais pessoas para um espaço que já não suportava mais ninguém. E tentavam invadir a todo o momento a nossa privacidade.
O pior aconteceu quando a meio da noite vieram gatunos para nos roubarem. A Tina apercebeu-se, saiu e com uma longa conversa que manteve com eles, saíram a rir.
Falei com a Tina e disse-lhe que urgentemente teríamos que sair deste local, porque não tínhamos nenhuma segurança. Ela opôs-se argumentando que as coisas da senhora que ali estavam eram sua pertença. Mas como retirá-las se a casa já estava ocupada?

Obituário

Fonte: email




domingo, 27 de junho de 2010

NOVO GOLPE (Crime organizado nos bancos)


Caros Senhores: Abram os olhos
Estes bandidos estão demais cada vez procuram se aperfeiçoar mais.

Fonte: email

Os salteadores estão se unindo com trabalhadores de bancos e agentes da
unitel para fazer o golpe. Os trabalhadores bancarios envolvidos
investigam empresas com movimentações frenquentes, retiram as assinaturas
das contas, bem como numero de telefone de confirmação dos levantamentos
de empresas ou individualidade.

Ai começa a festa, o numero de telefone é
passado para o funcionario da unitel, que por sua vez bloqueia o cartão e
retira a segunda via do mesmo cartão, neste momento o funcionario bancario
ja fez um pedido de cardenetas de cheques, depois passam cheques em
avultados valores, em nome de pessoas estranhas. Quando a agencia do banco
ligar para confirmar os valores, atende um dos membros da rede se fazendo
passar por assinante da conta.

O golpe de cancelar o numero de telefone
eles fazem num prazo de 24H. No dia seguinte o telefone da vitima passa
funcionar normalmente o que faz pensar que era uma falha tecnica da
unitel. Neste momento a unitel esta com varios processos às costas a serem
instruidos para o tribunal .


Estes ladrões estao a dar este golpes a varias empresas e
individualidades. Na segunda feira 14 de junho foi desmantelada ja uma
rede que fazia o mesmo golpe.



Divulgue este novo golpe
Coopere com a policia com mais informações

Chávez vai expropriar 11 perfuradoras petrolíferas norte-americanas


O Governo venezuelano vai expropriar 11 equipamentos de perfuração petrolífera da norte-americana Helmerich & Payne (H&P) que se encontram inactivos e que o executivo pretende utilizar na produção.

Económico com Lusa 25/06/10 08:43 DIÁRIO ECONÓMICO

As perfuradoras em causa estão paralisadas pela H&P desde o ano passado, depois de uma reclamação da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (Pdvsa) por incumprimento no pagamento de serviços prestados.

"Há um sector, dono de perfuradoras, que se nega a discutir com Pdvsa as tabelas de serviços e preferiram guardar estes equipamentos durante um ano em Anaco (sudeste de Caracas)", disse o ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez.

O governante precisou que vão ser "nacionalizadas 11 brocas de perfuração" com o propósito de impulsionar a produção nacional de hidrocarburetos e que vão solicitar à Assembleia Nacional (parlamento, dominado por simpatizantes do presidente Hugo Chávez) para que aprove declarar de "utilidade pública" os activos da H&P.

Segundo o ministro venezuelano, algumas perfuradoras estão a ser usadas como "ponta de lança por sectores adversos ao Governo do presidente Hugo Chávez para tentar sabotar a produção de crude do país", no âmbito de um plano para debilitar o actual regime.

Em Janeiro de 2009, a H&P anunciou que a Pdvsa mantinha uma dívida de "100 milhões de dólares" com a empresa e que por tal razão paralisou quatro perfuradoras. Alguns meses depois anunciou que das 11 perfuradoras que tinha na Venezuela 7 estavam inactivas, prevendo que em finais de Agosto procederia a retirada destes equipamentos do país.

Em 2009, a Pdvsa assumiu o controlo de uma perfuradora da norte-americana Ensco, depois da empresa se ter recusado a operar em protesto pela dívida de 35 milhões de dólares da petrolífera venezuelana.

Segundo várias fontes, em 2008 a Pdvs registou grandes atrasos no pagamento de serviços, acumulando 7500 milhões de dólares em dívidas.

Em 2009, a empresa iniciou um plano de pagamentos, pagando numa primeira fase 2000 milhões de dólares e procedendo a uma emissão de títulos de dívida por 3260 milhões de dólares para pagar a fornecedores.

Dezenas de empresas nacionais e estrangeiras que prestavam serviços para a Pdvsa, no Lago de Maracaibo (800 quilómetros a oeste de Caracas), foram expropriadas pelo governo com base numa lei aprovada pelo parlamento que reservou ao Estado os bens e serviços de actividades primárias de hidrocarburetos.

Comentários
Armando, | 25/06/10 10:51
Não paga e ainda por cima nacionaliza para não ter de pagar
Estado corrupto, vigarista e e ladrão , essa é a realidade dos estados dados como exemplo pela esquerda caviar (Bloco ) e pelos saudosistas do antigo bloco de leste (PC).
Acho graça como é que se vergam perante um ditadorzeco de meia tigela , que oprime , manda prender e tortura os seus opositores . Agora , quando já não resta muito para roubar , nacionaliza …
Vai acabar mal, não acredito que escape .Até agora não ficou nehum no poder.

Jorge, Lisboa | 25/06/10 09:46
e continua... como é que um país com 30 milhões de habitantes se deixa governar por um indivíduo absolutamente louco!!!?!
dá que pensar... as massas são mesmo fracas e cobardes!!! é incrível... o homem é mentalmente incapaz... vive de desvarios e vai afundar o país completamente...

Imagem: http://operito.files.wordpress.com/2009/02/fidel_castro_hugo_chavez1.jpg

Portugal é o oitavo país do mundo com maior risco de colapso


A probabilidade de Portugal entrar em bancarrota é superior a 25%.
A percepção de risco em relação a Portugal não dá sinais de acalmia.

Portugal voltou a subir ao 8º lugar na lista dos países com maior risco de bancarrota, com uma probabilidade de 'default' superior a 25%.

Rita Paz 25/06/10 10:05 DIÁRIO ECONÓMICO

É que o preço de ter um seguro contra o eventual incumprimento de Portugal está a novamente a avançar, um sinal de que os investidores continuam preocupados com as contas públicas portuguesas. Desta forma, o preço dos 'credit-default swaps' (CDS) sobre obrigações do Tesouro a cinco anos portuguesas está hoje a subir 2,1 pontos base para os 322,99 pontos.

Quer dizer que por cada 10 milhões de euros aplicados em dívida portuguesa, os investidores têm de pagar um seguro anual de 322,99 mil euros.

A liderar as subidas mundiais estão hoje os CDS da Hungria e da Grécia com a mesma maturidade. Os CDS gregos sobem 22,6 pontos para 1.018,51 milhões euros, enquanto os húngaros avançam 27,7 pontos para 335,56 mil euros.

A Venezuela é, contudo, o país onde a percepção de risco é mais elevada. O preço pago pelos investidores para se protegerem de um eventual incumprimento deste país, através de ‘credit-default swaps', situa-se nos 1287,75 milhões de euros.

Comentários
tostões ou milhões?, | 25/06/10 11:08
Conforme, na generalidade, com todos os comentadores, muito especialmente com João, | 25/06/10 10:54, cujas ideias quero reforçar:

É tempo de poupança e contenção, não é tempo de malandragem, nem de preguiça - o RSI tem de ser controlado, fiscalizado, vistoriado para que não haja abusos...

MAS... primeiro que tudo, há que acabar com os abusos aberrantes de toda esta classe política que se alambuza com tudo o que são regalias, subsídios, ajudas de custo, viaturas, subvenções, reformas, pensões, altos salários, sempre a somar e acabar também com tudo o que está a mais na estrutura da AP: o excesso de assessores, secretários, ajudantes, consultores, e labujadores, o excesso de municípios e freguesias, o excesso de cadeiras políticas e órgaõs administrativas, a subsidiação a FUndações (Soares, Figo e outras sorvedouros), os CCR, os governos civis, a inexistência de qualquer controlo sobre os juízes, sobre a qualidade e sobre os seus indevidamente altos vencimentos, a falta de senso das entidades reguladores...
Tudo isto porque, para além de gastos desnecessários, são fonte de alta corrupção, compadrio e todo um esquema de grande gatunagem que reduz a zero, comparativamente, os pequenos esquemas dos RSI e dos sub. desemprego...

Antes de tratar das centenas de euros que alguns metem ao bolso com os RSI, há que tratar dos esquemas que permitem que as finórios elites deste país metam MILHõES!!!

JJ, | 25/06/10 10:44
Há muita especulação mas também há muita verdade, que confiabça pode ter a comunidade mundial num País que de manhã diz uma coisa á tarde já diz outra? e mais grave continua a fazer de conta que não se passa nada, gostaria de saber o que é que a classe politica tem a dizer sobre isto, e não me venham com a treta de que a culpa é só do PS, toda esta situação começou com Anibal Cavaco Silva, desde que ele foi primeiro ministro Portugal tem vindo a acomular divida pública uma em cima da outra, desde 1986 que Portugal vive muito acima das suas possibilidades, só que na altura entravam milhões todos os dias vindos dos fundos de coesão, depois a torneira foi fechando, fechando, até que passou só a pingar, no entanto esta corja que são os politicos agiu como se nada se passasse. Eu só gostaria de saber se o salário e mordomias do actual governador do Banco de Portugal foram reajustadas, ou se continua tudo na mesma, já que todos os politicos reconheceram que 20000€ mordomias por mês era muito para um país como o nosso, falta agora saber o que é que foi feito para corregir isso

Imagem: http://fotos.sapo.pt/noMNLwYl2J8yTTUGzu3Y/














sábado, 26 de junho de 2010

África do Sul: a degenerescência do ANC


Agora percebe-se, em todos os níveis do partido, que ele é um meio para a incorporação pessoal numa determinada minoria que se aproveita das crescentes desigualdades da sociedade.

por Richard Pithouse (*) Pretoria (Canalmoz)
http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=6&idRec=8184

- A degenerescência do Congresso Nacional Africano (ANC) (*1) chegou a um ponto tal que, hoje, ele representa um perigo para a integridade da sociedade.
Julius Malema (*2) é um dos exemplos mais ilustrativos da maneira como um movimento empenhado na libertação nacional se tornou, nas palavras de Franz Fanon, «um instrumento de progresso pessoal». Mas Malema não é o único. O Communication Workers Union (sindicato das comunicações) tem toda a razão quando diagnostica um “Keeble-ismo profundamente enraizado” dentro do ANC [em referência a Brett Keeble, um homem de negócios sul-africano de reputação demoníaca, NDT].

Há pouco tempo soube-se que Nonkululeko Mhlongo, mãe de dois filhos de Jacob Zuma (*3), dispõe de contratos de vários milhões de rands [a moeda nacional sul-africana, NDT] para o abastecimento do KwaZulu Natal. A mulher e a filha de Zweli Mkhise ganharam uma licitação de 3 milhões de rands do Departamento dos Serviços Correccionais. Este tipo de coisas acontece desde há anos e não se pode atribuir a alguns indivíduos problemáticos. Ao contrário, em casos como o do negócio de armas e o jogo duplo de Valli Moussa entre o Eskom [a companhia eléctrica nacional da África do Sul, NDT] e o Comité de Angariação de Fundos do ANC, era a organização no seu todo que estava profundamente comprometida. Esta também se comprometeu colectivamente por se recusar sempre a tomar uma posição clara contra os indivíduos envolvidos em práticas duvidosas.

Pode ser verdade que o peixe começa a apodrecer pela cabeça, mas é essencial compreender que a degenerescência do ANC não resulta apenas do aumento do poder de uma elite predadora dentro do partido. Houve um tempo em que se acreditou que o poder era um projecto político colectivo que iria transformar a sociedade de baixo para cima. Agora percebe-se, em todos os níveis do partido, que ele é um meio para a incorporação pessoal numa determinada minoria que se aproveita das crescentes desigualdades da sociedade. De certo modo, este processo, mesmo que conduzindo a uma desracialização da hegemonia, não deixa muito espaço para a esperança numa sociedade melhor, se a isso limitarmos as nossas aspirações.

O ANC abandonou a linguagem da justiça social em favor da ilusão de uma linguagem pós-política de “distribuição”. Essa linguagem considera que o Estado só está obrigado a satisfazer as necessidades mais básicas da sobrevivência e que se trata de uma simples questão de eficiência técnica. O problema com a linguagem da distribuição é que a distribuição é as mais das vezes, em si mesma, uma estratégia de contenção das aspirações populares, mais do que uma estratégia para se atingir a prosperidade humana universal. Atirar com as pessoas para ”oportunidades de habitação” em guettos periféricos onde pouco mais há a esperar do que alguma assistência para as crianças ou a possibilidade de um emprego precário, contribuindo para evitar que as pessoas se manifestem na rua, promove o desenvolvimento no sentido mais perverso do termo.

O segundo problema é que a ilusão de que o desenvolvimento, sendo uma questão pós-política de o governo trabalhar mais depressa, mais afincadamente e mais inteligentemente, não leva em linha de conta as realidades políticas profundas que enformam qualquer projecto de desenvolvimento. Há que tomar decisões políticas sobre questões como a de saber se, sim ou não, o valor social dos terrenos e dos serviços deve prevalecer sobre o seu valor comercial. Quando essas questões não são politicamente consideradas, o “fornecimento de serviços” só podem ser canalizados para as margens da sociedade, com o resultado de se tornarem um processo de efectiva marginalização.

Mas a natureza política inevitável do desenvolvimento não diz respeito apenas à competição entre os interesses dos pobres de um lado e, do outro, o poder dos ricos e das empresas. Há também um jogo político entre as pessoas que estão no terreno e as elites locais do partido. É frequente ver os funcionários locais tentando, de boa fé, seguir as directivas dos dirigentes políticos, mas verem os seus esforços para implementar um desenvolvimento tecnocrático desviados pelas elites locais do partido para seu próprio proveito. Nem sempre se trata de simples pilhagem. Muitas vezes, a atribuição de uma casa e de serviços, como todos os contratos envolvidos nesse processo, é submetida aos sistemas de clientelismo e de apadrinhamento com os quais, frequentemente, o ANC consolida o apoio político ao partido ao nível local. Em muitos casos, os projectos de desenvolvimento, justificados em nome da satisfação das necessidades do povo, tornam-se projectos basicamente orientados para a consolidação de alianças nas micro-estruturas locais do partido. Os diferentes comités, incluindo o comité executivo do ramo local, estão povoados por uma multidão de mini-Malemas.

Segundo a análise de Franz Fanon, é inevitável haver um autoritarismo subjacente que acompanha a degeneração de um partido num “instrumento de progresso pessoal”. Escreve ele que o partido «ajuda o governo a subjugar o povo. Torna-se cada vez mais claramente antidemocrático, uma ferramenta de coerção». Um partido que diz, e que tem de continuar a dizer, que aquilo que faz é para o povo mas que, de facto, se tornou um instrumento de progresso pessoal graças às cumplicidades de dominação, terá inevitavelmente de soçobrar na paranóia e no autoritarismo, ao tentar resolver a quadratura do círculo, pretendendo, para si próprio e para toda a gente, que o enriquecimento privado é de certo modo o verdadeiro fruto da libertação nacional.

Na África do Sul contemporânea, não é nada inabitual encontrar pessoas que vivem no temor dos conselheiros locais e dos seus comités executivos. De facto, não é exagero afirmar que nós desenvolvemos um sistema político a dois terços, com direitos políticos liberais para as classes médias e restrições cada vez mais severas aos direitos políticos básicos dos pobres.
Os movimentos políticos dos pobres têm sido, desde há muito tempo, objecto de uma repressão ilegal e violenta por parte das elites políticas locais. Mas, ao normalizarem-se, tornaram-se cada vez mais descaradas. O apoio entusiástico de figuras-chave do ANC local e provincial aos ataques contra o Abahlali base Mjondolo em Durban, em Setembro do ano passado, constitui um dos pontos mais baixos a que desceu o ANC na África do Sul pós-apartheid. Mas o que aconteceu a Chumani Maxwele4, o jogger da Cidade do Cabo sobre quem se abateu a paranóia por vezes lunática do ANC, conseguiu, mais do que qualquer outro acontecimento, expor publicamente o autoritarismo paranóico que se entranhou profundamente no ANC.

Claro que há pessoas e tendências no partido que se opõem ao modo como se tornou uma excrescência predadora da sociedade. Mas o ANC deixou de ter uma efectiva visão política e desconfia, profunda e por vezes violentamente, de qualquer acção política que surja de baixo – seja ela originada dentro ou fora do partido. Pode fazer declarações contra a corrupção, mas a verdade é que a máquina política que lhe permite ganhar eleições assenta por sistema no nepotismo, no clientelismo e na corrupção. Por isso não pode opor-se a isso sem fudamentalmente de opor àquilo em que se tornou. E não parece, de todo, que haja qualquer perspectiva real de que a organização possa desenvolver uma verdadeira visão política que lhe permita mobilizar-se contra si própria – contra aquilo que o Sindicato Nacional dos Metalúrgicos designou como “o gangue dos saqueadores” que comprometeu o ANC a todos os níveis. Se há alguma possibilidade de propor uma visão política alternativa, é bem possível que tal venha a incumbir aos sindicatos, aos movimentos do povo pobre e às igrejas que já se tornaram a consciência da nossa sociedade.

Notas do tradutor
(*) - Richard Pithouseé professor de política na Universidade de Rhodes. Este artigo foi publicado originalmente em inglês por The South African Civil Society Information Service, aqui.
(*1) - O African National Congress [ANC] foi fundado em 1912 com o nome South African Native National Congress (SANNC) para lutar pelos direitos das populações nativas. Foi ele que conduziu todo o movimento de libertação que viria a conseguir, em Abril de 1994, o estabelecimento de uma democracia parlamentar não-racial, de que o primeiro presidente foi a sua figura mais emblemática, Nelson Mandela. Desde então governa o país, numa aliança tripartida com o COSATU (Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos) e o SACP (Partido Comunista da África do Sul).
(*2) - Julius Malema, de 29 anos, actual presidente da organização de juventude do ANC, é conhecido pelo seu estilo de vida opulento, que contrasta com as suas retumbantes e polémicas declarações acerca das diferenças entre ricos e pobres.
(*3) - Jacob Zuma é presidente do ANC desde 2007 e presidente da África do Sul desde 2009. Figura muito controversa, tem estado envolvido em diversos escândalos e processos judiciais de fraudes e corrupção. Zuma é polígamo, o que é permitido na África do Sul.
(*4) - Em Fevereiro último, Chumani Maxwele, um estudante de 25 anos, estava a fazer jogging quando na estrada passou a caravana automóvel do presidente Zuma. O jovem terá protestado contra o barulho e feito algum gesto obsceno na direcção das viaturas. De imediato foi preso e levado num BMW dos seguranças. Ficou detido 24 horas, sofreu interrogatórios e maus tratos, a sua casa foi toda revistada por polícias à paisana, e só foi libertado, sem julgamento, depois de assinar um pedido de desculpas ao presidente. (Richard Pithouseé / Tradução: Passa Palavra)

2010-06-24 07:53:00

ANGOLA. Sector petrolífero contribui com 55% para o PIB


- O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Abraão Gourgel, revelou que o sector petrolífero contribui actualmente com 55% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Pretoria (Canalmoz)
http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=8&idRec=8182

Citado pela agência de notícias oficiosa, ANGOP, o governador do banco central disse ainda que após o sector petrolífero surgem o sector do comércio/serviços, com uma participação de 20% para o PIB e o da pecuária/pescas com 10%.

Ao falar na sessão de encerramento do V Encontro de Juristas Bancários de Angola, aberto segunda-feira, Abraão Gourgel realçou que o peso da produção petrolífera no PIB do país ainda é bastante significativo e acrescentou que para alterar o quadro actual está em curso o programa de desenvolvimento sectorial do governo, que estabelece como prioridade os sectores da agricultura, agro-indústria e construção civil.

Referiu que a aposta nestes três sectores se deve ao facto de serem os que maiores condições de geração de emprego e de rendimentos, a curto prazo, garantem, além de contribuírem para a redução das importações de bens de consumo.

Tendo como base anos de 2005 a 2009, disse que a taxa de crescimento do PIB foi, neste período, de 15% por cento, enquanto as taxas reais médias de crescimento dos sectores agrícola, industrial e da construção civil foram de 16, 24 e 26 por cento, respectivamente. (Redacção / macauhub)

2010-06-24 07:48:00

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Ocidente do Paraíso (74). Em português dizem para os brancos ficarem. Em kimbundu para correrem com eles.


No outro dia já sabiam, alguém viu. Nestas coisas é difícil esconder. Há sempre alguém como os ratos a vigiar.
Além do português a Tina falava mais duas línguas, o kimbundu e o umbundu. Alertou-me que na rádio o MPLA em português dizia uma coisa, e em kimbundu outra. E explicou-me:
- Em português dizem para os brancos ficarem. Em kimbundu para correrem com eles.

O senhor Figueira promoveu-me a primeiro escriturário e fui gerir a área dos carros de aluguer. Eram doze, e depressa notei que lhes roubavam peças. Fui ter com o chefe da mecânica e dei-lhe conta da ocorrência, mas ele pouco podia fazer. O primeiro carro que aluguei foi a um casal, dois dias depois espatifaram-no. Casaram, e depois da festa com os efeitos do álcool, saíram da estrada, entraram por um quintal, chocaram com um muro. Costelas, pernas e braços partidos. Mau começo para a independência. Outro carro que aluguei, o condutor seguiu para Malanje na negociata dos diamantes. Não teve sorte, assassinaram-no. O carro quando chegou estava cheio de sangue seco e larvas por todo o lado. Faltavam-lhe várias peças.

Como se tudo isto não bastasse, o filho do administrador recentemente chegado de Moçambique pegava em qualquer carro, e não me dava conhecimento. Aguentei o sector durante uns meses, até que o Figueira falou com o administrador e colocou lá o seu filho. Como não tínhamos ninguém nos serviços administrativos, éramos obrigados a tocar todos os instrumentos. Assim, trabalhávamos na facturação, nas letras, na tesouraria, na mecanografia, na secção de pessoal. Era muito pesado mas dávamos conta do recado. Além destas tarefas também distribuía trabalho para os componentes dos grupos de acção. Fazia isto deitado com um bloco de notas. Isto durava às vezes até às duas da manhã. Claro que acordava muito cansado.
Depois vieram os treinos. Agostinho Neto queria uma força especial – a ODP-Organização da Defesa Popular – para protecção das suas costas no dia da independência, e para proteger a cidade do vandalismo. Fazia questão que não se repetisse outro Congo.

Durante várias semanas treinámos no campo do São Paulo. A preparação foi-nos dada por um ex-comando do Exército Português do qual já não me lembro do nome... Paulino. Naturalmente que os treinos eram preparados à comando. Poucos dias faltavam para o grande dia. Chegava em casa e água não havia. Dormia todo sujo, cheio de pó por causa do rastejar. Estava uma situação muito preocupante porque a falta de água continuava. Três dias antes da grande festa desabou uma grande chuvada durante a noite. Aproveitámos a água da chuva e fizemos reservas. Estávamos safos.

Tínhamos dois cobradores cuja função era irem junto dos clientes e cobrarem o que nos deviam. Saíam de manhã com uma relação de cobrança e voltavam antes do fecho do expediente. Lamentavam-se que não conseguiam cobrar quase nada, porque onde se dirigiam não estava lá ninguém. Figueira telefonava para os clientes, e estes diziam que não apareceu por lá nenhum cobrador. De facto os cobradores apareciam sempre bêbados. Passavam o tempo a beber nos bares. Deixaram de respeitar as regras elementares do trabalho.

Imagem: http://pissarro.home.sapo.pt/memorias23.htm

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Terrorismo eléctrico


Luanda. Outra vez a energia eléctrica acompanha o caos total e completo. Quando esta mãe da desgraça falha, está sempre a falhar, arrancam os geradores dos idiotas da facturação mal estacionados de metro a metro.

A atmosfera envenena-se de tal modo que não será surpresa a evacuação de milhares de habitantes para escaparem à morte por envenenamento. Para gáudio do patrocinador MPLA, e dos seus amigos estrangeiros, os tais do nosso PIB que está sempre a crescer. Que curioso: a miséria e a fome também acompanham este ritmo alucinante.

Então, o MPLA cumpre assim o seu programa principal: exterminar-nos.

Imagem: assistenciaremotacarlos.blogspot.com/


quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Ocidente do Paraíso (73). Sob pretexto que era das Testemunhas de Jeová, prenderam o homem durante vários dias.


Sem quadros fazíamos o que podíamos para manter a empresa. Mantinha-me convicto que Agostinho Neto tinha quadros suficientes para substituir a falta dos portugueses. Era apenas uma questão de tempo.
Entretanto foram nomeados dois quadros do pessoal que restavam para dirigirem a mecânica e o escritório da oficina. Este não demorou lá muito tempo. Sob pretexto que era das Testemunhas de Jeová, prenderam o homem durante vários dias. Acreditámos que estaria morto. Mas ele depois apareceu e contou-nos o que se passou:
- Durante os dias que estive preso raramente comia ou bebia água. Batiam-me com uma catana, deixaram-me as costas bem amassadas.
E levantava a camisa e mostrava as marcas das chapadas da catana. Facilmente descobrimos os motivos que levaram à prisão do homem. Um militante apoderou-se do seu carro. Outro ficou com as receitas da oficina.

Dois outros trabalhadores também foram nomeados. Um para o departamento de alfaias agrícolas, outro para os combustíveis e lubrificantes. As peças dos tractores desapareciam misteriosamente. Os combustíveis e lubrificantes eram roubados à vista de toda a gente. O MPLA tinha informação destes comportamentos, e muito risível, como sanção foram mais tarde ocupar funções na Sede do Partido, alegando que não eram roubos mas sim ordens do Partido, porque já não existia propriedade privada e tudo era do povo.

De vez em quando caía uma granada próxima de nós. Duas delas foram mesmo dentro das nossas instalações. Que fazer? Como diria Lenine. Com a UNITA e FNLA fora de Luanda, graças ao apoio dado ao MPLA pelos comunistas portugueses, a data da independência aproximava-se.

A Tina decidiu fazer-me uma ofensiva geral com todas as armas que possuía. Chamou-me a sós e levantou a saia. Mostrou-me a sua vagina rodeada de farto cabelo escuro e encaracolado que lembrava as flores do mistério da mitologia bantu. No centro, o sulco pronunciado e castanho parecia um chocolate angolano muito apetecível que não se saboreia, come-se.
- Querido, não é bonita? Não gostas?!
- Sim, é muito bonita… parece um chocolate.
- Logo à noite vai ter no meu quarto... fico à tua espera.

Fui ter com ela conforme combinado. Bati à porta. Ela abriu-a e desculpou-se:
- Espera mais um bocado. Estou a ver se consigo adormecer a minha filha. Parece que está desconfiada. Quando vires a porta aberta é o sinal.
Esperei e o sinal não tardou, chegou. Entrei e ela fechou a porta. Estava apenas com um saiote transparente e com as mãos poisadas no seu sexo, mas viam-se claramente alguns locais cabeludos que não conseguia esconder. Sentámo-nos na cama. Cruzou as pernas e ficou a olhar-me talvez receosa da minha reacção. Tentei retirar-lhe as mãos das pernas mas ela não aceitou. Fiz-lhe pressão para descruzar as pernas mas resistiu. Insisti e ela murmurou:
- Estou com vergonha.
Tentei mexer-lhe nas mamas mas recusou:
- Não gosto que me mexam nas mamas.
Agarrei-lhe os seios e tentei chupar os mamilos:
- Não, não, nas mamas não quero. Já disse. Fico muito chateada quando me mexem nas mamas.
- Porquê querida?
- Não sei explicar. Nunca gostei disso. Não faças barulho senão ela acorda.
Deitou-se, abriu as pernas num convite irrecusável. Enquanto fazíamos amor, tentava tocar-lhe nos seios. Afastava as minhas mãos com força. Depois do devaneio amoroso terminado perguntou-me:
- Gostaste?
- Gosto muito de chocolate.
- E eu gosto muito de leite. És um brincalhão. Tens aqui muito chocolate. Vê lá se não estragas os dentes. Agora vai-te embora, porque se a minha patroa sabe não vai gostar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Depois do Barclays. O Millennium-bim é agora a única instituição bancária presente no edifício do Shopping de Maputo, pertencente ao MBS.


BCI anuncia encerramento da sua agência no Maputo Shopping Centre

– Depois de o Barclays anunciar a retirada da sua agência que funciona no espaço do Maputo Shopping Centre, o BCI Fomento é o segundo banco a anunciar oficialmente que “as instalações da sua agência e do Centro Corporate, no Maputo Shopping Centre, serão permanentemente encerradas”, a partir de hoje, 21 de Junho.

Maputo (Canalmoz)
http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=6&idRec=8156

O anúncio da retirada da agência do BCI do Maputo Shopping Centre foi veiculado através de um comunicado publicado por alguns órgãos de comunicação social que não especificam as razões do encerramento das instalações, mas sabe-se que a decisão é resultante da designação como “barão da droga” que foi aplicada a Momade Bachir Sulemane, e que abrange todo o seu património. Essa declaração foi assinada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e foi tronada pública no dia 1 de Junho.

O BCI diz que as contas domiciliadas na agência do Maputo Shopping Centre passarão para a agência “24 de Julho”, e as contas domiciliadas no Centro Corporate situado no Maputo Shopping Centre passarão para o Centro BCI Corporate Pigalle, também localizado na Avenida “24 de Julho”.
Com a declaração aplicada a Bachir e ao seu património como pertencendo à rede de narcotráfico, os EUA exortaram as personalidades singulares e colectivas sob jurisdição norte-americana ou com relações financeiras com este país a não desenvolverem negócios com o Grupo MBS.

Prevê-se que mais instituições se irão retirar do espaço do Maputo Shopping Centre, no âmbito da declaração do seu proprietário como “barão de droga”.
O Millennium-bim é agora a única instituição bancária presente no edifício do Shopping de Maputo, pertencente ao MBS.
Proprietários das lojas no Shopping de Maputo, disseram ao Canalmoz que na sexta-feira as POS para pagamentos com cartão de crédito e de débito deixaram de funcionar.

(Redacção)

2010-06-21 06:47:00

Renamo apresenta ao Governo as provas da partidarização do Estado


Sem argumentos contra factos tão evidentes, os membros do Governo que estiveram presentes no parlamento, para responderem às questões dos deputados, preferiram não comentar as provas apresentadas pela Renamo.

Maputo (Canalmoz)
http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=7&idRec=7965

– O deputado da Renamo, António Machambisse, apresentou ontem em plenário da Assembleia da República, provas da partidarização, ou melhor, “frelimização” do Estado. Uma das mais evidentes provas materiais trazidas pela Renamo ao plenário é o impresso da relação nominal dos trabalhadores, documento produzido pelo Ministério do Trabalho e usado em todas as empresas do país, sejam elas públicas ou privadas, que contém um flagrante requisito de ser assinado pelo “comité sindical ou célula do partido”.

Este espaço para ser rubricado aparece logo na face principal do impresso, e não refere a que partido pertence a célula cujo representante deve assinar a folha de relação nominal, numa afirmação oficial de um regime que se considera monopartidário.
O deputado da Renamo mostrou uma camisete que funciona como uniforme, que é distribuída aos funcionários da administração de Cheringoma, na província de Sofala, no Centro do país. Lê-se na camisete, onde está timbrada a bandeira do partido no poder: “Célula da Administração de Cheringoma”.
Com estas provas, a Renamo quis saber do Governo e dos deputados da Frelimo qual é a prova que mais querem sobre a partidarização do Estado.
Machambisse disse que tudo quanto o Governo, através da ministra da Função Pública, Vitória Diogo, assim como dos deputados da Frelimo, tem vindo a dizer no parlamento não passa de palhaçadas, enquanto, do outro lado, muitos moçambicanos estão a pagar a factura por não se identificarem com os objectivos do partido Frelimo.

Machambisse questionou porque é que esse documento vigora até hoje, desde o período do partido único, que passou para história há mais de 20 anos. “Para nós, esse documento devia ter sido extinto e substituído por um outro”, disse Machambisse ao Canalmoz. Para o deputado da oposição, a existência de células nas instituições públicas, para além de discriminar os demais moçambicanos que não são membros do partido Frelimo, interfere na qualidade do trabalho dos funcionários do Estado, uma vez que estes interrompem suas actividades, para participarem das reuniões das células.

As actividades partidárias nas instituições públicas tem custos imputáveis ao Orçamento de Estado que é financiado em mais de 50% por diversos países da comunidade internacional que dessa força estão a ser forçados a financiar actividades políticas de apenas um segmento dos moçambicanos, conformando o facto uma flagrante ingerência nos assuntos internos do país, tese aliás muito recorrente e grata à Frelimo sempre que se trata de chantagear países estrangeiros que ajudam Moçambique a desenvolver-se.

A vergonha da Frelimo
Perante as provas apresentadas, caíu por terra o discurso da ministra da Função Pública, segundo o qual “O Estado moçambicano não está partidarizado, porque não existem dados que assim o provem”. O Governo preferiu não comentar.
Aos deputados da Frelimo, e tal como é seu hábito, nada mais restou se não dizer que aquelas provas apresentadas pela Renamo “são falsas”. Segundo disse o deputado Edmundo Galiza Matos Júnior, para além de serem falsas, aquelas provas foram forjadas pelo partido Renamo.
Esta afirmação de Edmundo Júnior é uma autêntica exibição do vício de mentir, uma vez que todos os impressos de relação nominal em uso no país contêm o espaço para ser rubricado pelo representante da célula nessa instituição. A não ser que o deputado Edmundo Júnior esteja a acusar o Ministério do Trabalho de fornecer às instituições documentos forjados pela Renamo.

Para além do impresso trazido pela Renamo, o Canalmoz procurou comprovar a existência da exigência da assinatura do representante da célula e apurou que isto está escrito em todos os impressos da relação nominal que vigoram no país nas instituições públicas.

(Matias Guente / Redacção)

2010-05-21 07:19:00














domingo, 20 de junho de 2010

Ataques pessoais gratuitos


Recebi nas últimas horas um conjunto de virulentos ataques que me parecem ter origem no mesmo visitante (localizado entre a RNA e a TPA), na sequência da Mukanda dirigida a um simpático provocador anónimo. Pelos vistos de simpático o anónimo não tem nada.


Os referidos ataques estão disponíveis e podem ser consultados nos comentários anexos aos últimos posts. Não tem sido política editorial deste Morro publicar todos os comentários que são enviados (era só o que faltava), mas não me lembro de ter apagado um só (embora tenha esse direito), por mais ofensivo que fosse.

Também não me lembro, nos dois anos que já por aqui ando, de ter recebido comentários tão patetas e tão agressivos (básicos), como aqueles que motivaram esta nota de imprensa. Agora só falta mesmo receber uma ameaça de porrada, seguida de uma outra de morte. Estamos sempre a subir! (Domingo-20/Junho/2010)

Imagem: FOLHA 8

A crise no “Roque Financeiro” (Mundial)


Para compreender o que se passou em Wall Street, Nova York, tabernáculo privilegiado do capitalismo internacional, no despoletar e no decorrer da derrocada dos bancos e subsequente ameaça de “efeito dominó” a pairar sobre todas as praças financeiras do globo terrestre, aquilo que começou com o nome de “Crise do Subprime”, o melhor ainda é dar um exemplo da nossa terra, que servirá para explicar muito bem o que se passou e o que se está a passar.

ANTÓNIO SETAS. FOLHA 8

Vamos pois tentar dar um exemplo angolano, depois de nos terem sido fornecidas informações muito pormenorizadas e claras sobre o caso. Para quem não entendeu ou não sabe o que é ou o que gerou a crise americana, segue um breve relato económico. É assim:

A falência do ti Ndala
O ti Ndala tinha uma lanchonete no fundo da ilha de Luanda e algumas ambições de se tornar conhecido nos meios do “business". Após ter feito um estudo prévio, concluiu que poderia vender copos, muito mais copos do que habitualmente, se os vendesse a crédito, se fizesse kilapi aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. E, ao decidir vender fazendo kilapi, pensou e muito bem que podia aumentar um pouquinho o preço da cuca, da nocal, da dose do tinto de pacote e das fermentadas (a diferença é o preço que os seus fiéis clientes pagam pelo crédito).

Ora o Ti Ndala já tem uma conta no banco - coisas do progresso -, e o gerente do banco do Ti Ndala, um homem moderno, com sangue na guelra, um desses ousados administradores, formado em Ciências Económicas e Financeiras na Universidade do Catambor, muito reconhecido na alta finança internacional, segue atentamente o desenrolar dos acontecimentos e repara que o negócio do Ti Ndala é bom, é mesmo muito rentável, e decide que o livrinho das dívidas da lanchonete constitui, contas bem feitas, um activo credível (passe o jogo de palavras), e começa a adiantar dinheiro, tendo o kilapi dos “chupadores” como garantia.

A boa nova desse “negócio da china” do ti Ndala chega ao conhecimento de outros bancos modernos, com muita vontade de ir prá frente, sem olhar pra trás. E assim, mais adiante neste desenrolar de trâmites financeiros, uns geniais “zécutivos” de bancos (que recebem chorudíssimos ordenados como prémio pelas decisões milagreiras que saem daquelas cabacinhas, sim, não há erro, são mesmo cabacinhas, não cabecinhas e mandam construir mansões milionárias, como o PDG do Lehman Brothers), desenvolvem um sistema de crédito em cadeia, e transformam aquele kumbu artificial, em títulos, (no fundo não passam de papéis) CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro produto financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, passam a ser os pontos cruciais do negócio, inserem-se no sistema financeiro internacional, passam a servir de alavanca ao mercado de capitais e conduzem fluxos importantíssimos de fundos a operações estruturadas de derivativos credíveis por virem dos mais altos patamares da finança internacional. Afluem os investidores, sobem as acções derivadas e ninguém está ao corrente de que, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece, a única segurança real que existe são os tais livrinhos das dívidas do Ti Ndala.

Esses derivativos, essa realidade monstruosa caucionada por todos os países mais desenvolvidos do mundo, não deixa de ser, de facto, uma burla reconhecida como sistema de “Alta Finança” a nível mundial, estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com “fortes garantias reais” nos mercados de 73 países.

Repetimos, nos mercados de 73 países.

E isso vai durar o tempo que durar a credibilidade do livrinho do ti Ndala, quer dizer, vai durar até que alguém descubra que os bêbados da ilha de Luanda não têm dinheiro para pagar as contas, e a lanchonete do Ti Ndala vai à falência.

E toda a cadeia vai para o mesmo fundo, sem fundo e sem fundos!

Simples!!!
Imagem: http://laranjeira.com/artigos/images/070721-angola10.jpg

No BFA, a “arraia miúda”é desprezada (TOP)


Foi já há vários anos que o banco BIC fez passar a sua mensagem publicitária que ficou nas orelhas dos angolanos, “Crescemos juntos”. Recentemente, outro banco da nossa praça lembrou-se de imitar o seu concorrente e foi buscar o slogan “Crescemos com Angola”.

ANTÓNIO SETAS. FOLHA 8

Na tortuosa mente do ou dos mentores desta frase, a sua referência, o banco BFA, dava assim a conhecer aos angolanos a falaciosa asserção de que este banco crescia muitíssimo mais do que o BIC. Só que esse "tiro" é dos que sai pela culatra! De facto, o slogan tem algo a ver com a realidade, pois Angola cresce como um balão de Carnaval, correndo o risco de rebentar quando menos se espera na medida em que a esmagadora maioria da sua gente definha. E sob esse ângulo de abordagem, o slogan até está certo, o problema é que o crescimento do BFA com Angola, tão longe do seu povo, transforma o atendimento ao cliente dos seus balcões, a “arraia miúda” que os frequenta aglutinada em filas de espera por vezes de horas, numa sequência de manifestações de menosprezo e humilhações programadas em nome duma balofíssima segurança bancária (a crise, lembrem-se da crise, triliões de dólares a desaparecerem impunes pelas malhas dessa “segurança bancária”).

Para dar um exemplo, aqui vai um. Na passada segunda-feira dia 07.06.10, um pacóvio angolano, por acaso colega de redacção, entrou na agência Serpa Pinto do BFA para receber o montante dum cheque de 400 mil kwanzas. Esteve meia hora na fila, chegou ao guiché e disseram-lhe que naquela agência não havia dinheiro, não pagavam mais de 30 mil kwanzas. “Não podiam pôr um aviso lá fora, estou aqui há mais de meia hora…”, “Tem razão, mas não temos dinheiro, tem mesmo que ir, por exemplo, à nossa sede, aqui perto, “(!?!?)”, “A sede, antes de chegar à Maianga”…

E o pacóvio lá foi. Aí, esteve, no total, quase duas horas nas bichas, porque era preciso conferir o cheque, cujo valor, considerado altíssimo, carecia, por tal razão, de validação. Apareceu então um daqueles empregados tipo “robot de serviço”, formatado para considerar os clientes como peças de engrenagem de bancos, e passou uma hora (UMA HORA!!) a conferir o cheque.

Esse pernicioso personagem fez apenas de conta que conferiu, porque passada uma hora, apresentou-se sorridente ao balcão e anunciou ao pacóvio que não podia pagar tão elevado montante, porque a assinatura de um dos titulares do cheque não correspondia à que havia no computador. O pacóvio sublinhou que essa pessoa era uma figura pública (e é!) e seria fácil confirmar, era só entrar em contacto com ele e pedir-lhe a requisitada confirmação. “Não, senhor, essa não é a nossa maneira de confirmar, “!!!???”, “Não podemos pagar”, “E se eu puser o cheque na minha conta e pedir uma transferência?”, perguntou o otário (agora já era otário). “Não insista, senhor, vá buscar outro cheque com uma assinatura conforme!” E o otário lá foi, rabinho entre as pernas. Agastado, sem ter mais tempo a perder, pôs mesmo assim o cheque na sua conta e pediu a transferência. Acreditem, recebeu o dinheiro na sua conta na quarta-feira seguinte (09.06.10). Afinal a assinatura era óptima e o cheque perfeitamente válido.

O BFA a crescer com Angola? É verdade. Mas a imitar o Governo. O “Zé-povinho” protesta?... Que vá pastar!


Para o Povo?... Areia para os olhos (Q)
“É uma das maiores economias de África e uma das mais dinâmicas do mundo”, eis o que proclama um spot publicitário produzido pelo Governo de Angola e emitido variadíssimas vezes por dia pelos serviços de “publicidade” na nossa TPA para consumo intensivo dos pacóvios angolanos. Estes últimos, que se contam por muito mais de 10 milhões de almas, se estiverem distraídos e lhes escapar a palavra África, vão pensar que o locutor ao proferir tais palavras está-se a referir, sei lá, aos Estados Unidos, à China ou ao Japão, as mais poderosas nações do mundo do ponto de vista económico.

Grandioso engano! Não senhor, esse maravilhoso país, empenhado numa espécie de cavalgada das Walkírias para um esplendoroso futuro, é Angola, não se riam, é mesmo Angola, a nossa querida Pátria “caseiramente” promovida assim a líder mundial do desenvolvimento económico. Fantástico! A TPA merece o “grammy” do filme de ficção mais imaginativo realizado este ano. Com ele, quer dizer, com este anúncio, mostra as jóias de aparato de Angola, que escondem as suas endémicas “carecas”: toda a miséria no nosso povo, as cada vez mais penosas carências nas áreas de Saúde, distribuição de energia e fornecimento de água aos angolanos, num clima de condicionamento de vida, em certos sítios digno da Idade Média europeia.

Linguagem “people”
Depois de mais de um mês sem sentir os arrepios, uns prazenteiros, outros, a maioria, não, causados pelos trejeitos de linguagem de alguns dos participantes do programa dominical da Rádio Antena Comercial (LAC), “Analtina na Rádio”, da agora famosa empresária angolana, Analtina Dias, no passado dia 06.06.10 arriscámos uma sintonizaçãozinha nesse programa, às 10 horas da matina. Para controlar.

Tivemos pouca sorte. É que para além dos equívocos causados pelo enorme fosso que separa o lado “people” e “champanhe” do programa do seu pendente educativo e evangélico - sim, sim, evangélico, com um padre ou pastor a debitar tautologias e um Zé Diogo a colocar a voz num tom de improvisado arauto do predicador -, nesse domingo apareceu à cabeça da emissão uma senhora, denominada de Drª Cárita, que, por mais mérito que tenha no seu trabalho, “Óptimo labor”, segundo testemunhas idóneas, tem de aprender a falar em público.

Nesse dia, só nos primeiros 25 minutos de programa, a Drª Cárita pronunciou a palavra” maravilhoso”, ou “osa”, ou, uma ou duas vezes, “ilha” de “maravilha”, 17 vezes, seguida de muito longe pela nossa Analtina, que se ficou pelos seus 3 “Maravilhosos”, e em último lugar o Zé Diogo, com um “Maravilha”! Desligámos. Mas vamos voltar. Sobretudo na esperança de ouvir o Dr Makuta Nkondo. Um espectáculo radiofónico!

Imagem: mnoticias.8m.com/index5.htm

O crescimento económico de Angola


No tempo do Colono
Antes de ser país independente, Angola foi um manancial de “peças” para o tráfico de escravos. Com a abolição deste último, seguiu-se um período de relativa estagnação no que toca ao aproveitamento das riquezas do seu território e só a partir de 1940 é que se começou a registar um desenvolvimento económico de forma sistemática, com o incremento da produção de café, sisal, cana-de-açúcar, milho e outros produtos destinados à exportação, o que abria a possibilidade duma melhoria das condições de vida dos “indígenas” mais desfavorecidos, que sempre tinham vivido na miséria.

WILLIAM TONET & ARLINDO SANTANA. FOLHA8

A exportação da cana-de-açúcar, que em 1914, pouco ultrapassava 6 milhões de toneladas, em 1940 atingiria já as centenas de milhões. A exportação de sisal, que era de 62 toneladas em 1920, em 1973 situava-se nas 53.499. Mas a subida mais vertiginosa verificou-se no café. A sua exportação, que em 1900 pouco ultrapassava as 5.800 toneladas, em 1972 foi de 218.681. Para além destes produtos, desenvolveu-se a exploração dos minérios de ferro. Em 1957 fundou-se a Companhia Mineira do Lobito, que explorou as minas de Jamba, Cassinga e Txamutete. Tinha começado a exploração de diamantes a Leste do território.

O formidável desenvolvimento destas explorações foi acompanhado por vagas de imigrantes, incentivados e apoiados muitas vezes pelo próprio Estado Português. Entre 1941 e 1950, saíram de Portugal cerca de 110 mil migrantes com destino às colónias, cuja maioria se fixou em Angola. O fluxo migratório prosseguiu nos anos 1950 e 60 e este ciclo económico de grande progresso em Angola prolongou-se até 1972/73, quando a exploração petrolífera em Cabinda começou a dar os seus primeiros resultados.

Uma nova era se abria para Angola, mas a independência, proclamada a 11 de Novembro de 1975, levou os Portugueses a virar costas às suas ex-colónias, nomeadamente a Angola, criando uma situação que levou praticamente todos os colonos a fugir, deixando o novo país numa situação muito difícil: ao mesmo tempo num verdadeiro caos político e exactamente na mesma situação de indigência absoluta no que se referia às condições de vida das populações autóctones.

O crescimento económico de 2002 a 2010
No dia 4 de Abril de 2002, foi assinado na cidade de Luena um Memorando de Entendimento que pôs termo, aparentemente definitivo, à guerra civil em Angola. Os signatários desse documento foram o general Kamorteiro, pela UNITA, e o general Armando da Cruz Neto, em nome do Governo de Angola.
Desde essa data, calaram-se as armas, mas Angola ainda anda à procura da paz, nomeadamente em Cabinda. Em todo o caso, com o calar das armas, abriram-se para os angolanos todas as estradas não minadas e a livre circulação de pessoas e bens passou a ser uma realidade.

Entretanto, o Governo angolano, a defeito de ter conseguido fundos monetários da parte de uma esperada Conferência de Doadores, conseguiu obter da parte da República Popular da China um empréstimo de 10 biliões de dólares; o Brasil entrou com 1 bilião; Portugal prometeu para mais tarde 500 milhões; a Noruega, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional também deram a sua ajuda, ou contributo.
Foi criado para gerir esses fundos, no quadro de um programa de Reconstrução Nacional, um Gabinete dirigido por dois homens, exclusivamente, o presidente Eduardo dos Santos e o general Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”. Da China, juntamente com os dólares do empréstimo, começaram a ser enviados materiais de construção e mão-de-obra, em grandes quantidades e número, a fim de dar seguimento aos projectos burilados pelo Gabinete de Reconstrução Nacional.

O que se seguiu a esta “mise en place” da reconstrução de Angola foi enorme. Milhares de quilómetros de estrada foram construídos ou restaurados, dezenas, para não dizer centenas de infra-estruturas foram recuperadas ou construídas de raiz, e com o anúncio de que caberia a Angola a realização da Copa de África das Nações (CAN) em Janeiro de 2010, foram erguidos 4 novos estádios, com as suas respectivas vias de acesso, parques de estacionamento e estruturas anexas.

Noutra área de acção, foram construídos hospitais, centros de saúde e escolas, e com a realização das eleições em Setembro de 2008, o Executivo angolano pôs em funcionamento o seu turbo caseiro - promessas eleitorais -, e assumiu a responsabilidade de construir 1 milhão de casas para os angolanos, disponibilizar 3 milhões de postos de trabalho e resolver, enfim, os problemas que sempre assolaram o país, isto é, erradicar definitivamente a pólio, depois de tentativas falhadas, reduzir drasticamente o número de mortos causados pela malária, resolver o grave problema da distribuição de água e de electricidade às populações, em total debandada às necessidades urbanas, e realmente inexistente nas outras, e minimizar tanto quanto possível os tremendos inconvenientes causados por um quase inexistente saneamento básico nas principais aglomerações angolanas. E, como que cereja no cimo dum bolo, anunciou para breve lapso de tempo um substancial aumento de salários, nomeadamente na função pública.

Paralelamente a esta azáfama, saltaram dos seus gabinetes de estudo para os ecrãs TV, antenas de Rádio e imprensa escrita, os economistas ao serviço do regime, a anunciar que Angola era o país com o índice de desenvolvimento económico mais alto do mundo e que a crise mundial de 2008 era um “mambo” (assunto) que não dizia respeito ao Estado angolano, sapientemente governado por Sua Excia. o Presidente José Eduardo dos Santos! “Não vamos sofrer por causa da crise. Ela pouco nos afectará”, profetizaram. Meses depois, Angola mergulhava a pés juntos na crise.

O desgoverno das “Fachadas”
No que toca à organização do CAN 2010, na precipitação causada pela necessidade de honrar o compromisso assumido, a preocupação quase exclusiva do Governo limitou-se à criação de condições que permitissem acabar todas as empreitadas previstas a tempo e horas, de modo a não ofuscar o brilhante desempenho que se augurava na organização desse grande evento desportivo. E isso foi conseguido, mas nessa correria não se olhou a custos, não se negociaram condições em termos de normalidade, havia urgência e isso paga-se sempre. Por vezes muito caro.

Resultado: o Governo encontrou-se “de tanga”, passe a expressão, para honrar as dívidas contraídas para com empreiteiros brasileiros, portugueses, chineses, alemães, israelitas, espanhóis e mesmo angolanos. Pior que isso, como reflexo dessa política faraónica, já não havia meios para pagar funcionários públicos, cuja situação foi piorando com o passar do tempo, ficando a certa altura grande número desses servidores do Estado numa situação desesperada, durante mais de cem dias sem receber salários.
Nisto, para “ajudar”, Portugal confirmou que avançaria os tais 500 milhões de dólares. Mas esse empréstimo, negociado antanho (em 2004, salvo erro) sem condições, foi efectivado sob condições "gravosas", tal como o petróleo, lesivas para as gerações futuras. Veja-se, essencialmente uma: a de pagar sem mais atrasos as dívidas do Estado para com as empresas de construção civil portuguesas, contratadas pelo Governo no quadro da espalhafatosa criação de condições para a realização do CAN 2010.

Porém, as dívidas eram tantas e envolvendo montantes tão enormes que mesmo com esses balões de oxigénio não foi possível pagá-las todas duma vez. Há quem diga que pelo menos uma empresa, a brasileira Odebrecht, tinha a receber perto de cem milhões de dólares!
E os funcionários públicos? E o povo?...
“Que esperem. São do MPLA, é como se fossem da família. Podem esperar”.
Quanto ao fosso entre ricos e pobres, esse foi aumentando, muito mais depressa que no tempo da “Outra Senhora”.

Estratégia de combate à pobreza
No dia 11 de Fevereiro de 2004, foi aprovado em Luanda um documento intitulado “Estratégia de Combate à Pobreza (ECP) - Reinserção Social, Reabilitação e Reconstrução e Estabilização Económica. Objectivo:
dar prioridade urgente ao combate à pobreza
No plano nacional angolano, a ECP surge como resposta do Governo ao problema da pobreza, que é ainda bastante grave em Angola. Suave eufemismo, pois Angola situa-se, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano, em 162º lugar num ranking de 173 países.
A incidência da pobreza em Angola é de 68 por cento da população, ou seja, 68 por cento dos cidadãos angolanos têm em média um nível de consumo mensal inferior a 392 kwanzas por mês (de 2001), o correspondente a aproximadamente 1,7 dólares americanos diários. A incidência da pobreza extrema, correspondente a um nível de consumo de menos de 0,7 dólares americanos diários, é de 28 por cento da população.

O Governo angolano identificou dez áreas de intervenção prioritária como estratégia de combate à pobreza, nomeadamente: (i) a Reinserção Social; (ii) a Segurança e Protecção Civil; (iii) a Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural; (iv) o VIH/SIDA, (v) a Educação; (vi) a Saúde, (vii) as Infra-estruturas Básicas; (viii) o Emprego e Formação Profissional (ix) a Governação; e (x) a Gestão Macro-económica.
Mas como, de boas intenções está o Inferno cheio, o resultado das acções do governo de Angola nos diferentes quadros tem-se limitado a uma declaração de intenções e pouco mais.
A reinserção social, é um objectivo estratégico da máxima prioridade. Mas as manifestações de protesto, sobretudo de gente da UNITA e antigos combatentes, multiplicaram-se ao longo dos anos e o descontentamento, abafado, não se pode negar.

A Segurança e Protecção Civil devia mudar de nome e passar a denominar-se Controlo da Sociedade Civil. Protecção existe, mas ainda se verifica a perseguição e encarceramento por crimes de opinião e assassinatos de cidadãos, alguns inocentes, no quadro de acções da Polícia Nacional!
A Segurança Alimentar e o desenvolvimento rural são também aspectos do próprio processo de reinserção social. Resultados em meias-tintas. Como é que se pode falar de Segurança Alimentar quando em muitos pontos do país ainda nem sequer há comida?...

A Educação constitui um dos elementos-chave do desenvolvimento humano. É verdade, mas o que se passa em Angola desafia todos os paradoxos. Há em Angola “Universidades” com uma faculdade, ou duas, outras, sem catedráticos, ou sem estatuto de Ensino Superior, universidades que passam diplomas sem qualquer valor, pois nem são universidades. Em Luanda, por ora, há 19 nessa situação. São conhecidas as que infringem as leis. Mas dão aulas, facturam 250 dólares por mês e não se escondem!

Desenvolvimento das infra-estruturas básicas continua a ser um sonho. Segundo uma relação de José Serverino, presidente da AIA, Associação Industrial de Angola, à parte um ou dois, todos os projectos de condomínios, que se contam por dezenas, não têm saneamento básico em condições. Mas já estão a ser negociados para a venda.
Emprego e formação profissional: não há emprego, ou muito pouco, muito menos formação profissional que chegue para um terço da metade das encomendas do mercado. O 3 milhões de postos de trabalho a provir, assentaram arraiais numa miragem, enquanto isco para pacóvio votar.

A qualidade da governação é aquilo que este artigo mostra, nem mais nem menos. Pouco abonatória para o bom nome que se augura para Angola. O fosso entre ricos e pobres é fenomenal, evita-se falar disso; o projecto de construção de 1 milhão de casas até 1912, promessa eleitoral do actual governo, continua a ser isso mesmo, um projecto, e ainda não foi divulgado o mais pequeno balancete provisório das obras em curso; a paz ainda não é paz, é um notável mas parcial calar das armas; não há água nem não há luz que chegue, a miséria mora em quase toda a parte.
Entretanto, os condomínios de luxo destinados à alta e média burguesia, proliferam em todas as áreas convidativas, mediante a expulsão compulsiva dos habitantes dessas zonas, no melhor dos casos indemnizados ao preço da uva-mijona, por vezes em função do número de árvores que possuem nos seus terrenos! Entre 100 e 500 dólares por árvore!

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