Maputo
(Canalmoz) – Cresce o clima de tensão entre as igrejas evangélicas brasileiras
e os chamados médicos tradicionais (curandeiros). Em causa está a disputa de
clientes que as igrejas preferem tratar por “crentes”.
As
igrejas são acusadas pela Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique
(AMETRAMO) de tentarem descredibilizar a medicina tradicional, tentando
convencer a população para não optar por este tipo de medicina e recorrer às
igrejas para resolver os problemas espirituais.
Durante
uma entrevista concedida ao Canalmoz o porta-voz da AMETRAMO, Francisco
Mathe, no âmbito da comemoração do dia internacional da medicina
tradicional africana, atirou-se contra as igrejas que dizem ter poder de cura.
Mathe
disse que “a população moçambicana está a ser fingida pelas igrejas que dizem
para não recorrem à medicina tradicional para resolver seus problemas”.
Mathe
disse que muitos dos pastores que aconselham os crentes a não frequentarem a
medicina tradicional, são clientes assíduos dos médicos tradicionais.
“É
importante que as pessoas saibam que é a medicina tradicional que resolve os
problemas de saúde daquela população nas zonas rurais, que não tem acesso aos
hospitais. Até mesmo nas zonas urbanas há problemas que não podem ser
resolvidos no hospital, então as pessoas recorrem à medicina tradicional, mas
meia volta, são essas mesmas pessoas que discriminam os nossos trabalhos”,
disse Mathe antes de falar de falsas propagandas.
Falsas propagandas dos médicos tradicionais
“Reconhecemos
que existem algumas propagandas falsas, mas é importante entender que nem todas
as propagandas que parecem falsas são realmente falsas. Já tentamos combater
isso, mas tivemos algumas dificuldades. No entanto, pensamos que a legislação é
nossa única salvação”, explicou Mathe em alusão aos curandeiros que dizem curar
doenças incuráveis.
Extinção de plantas medicinais
Para
AMETRAMO, uma das principais preocupações do grupo prende-se com a extinção de
algumas plantas medicinais consideradas indispensáveis para a cura de diversas
doenças.
“A
demanda mundial de plantas medicinais está a aumentar nos mercados
fitoterapêuticos internacionais. Em consequência disso, Moçambique regista cada
vez mais um elevado índice de exportação ilegal de plantas com valor medicinal,
gerando margens de lucros que pouco ou em nada beneficiam ao Estado. Esta
situação acontece devido à falta de mecanismos eficazes de controlo de
aproveitamento dessas plantas”, disse o porta-voz da AMETRAMO.
Refira-se
que dados da Organização Mundial da Saúde indicam que Moçambique faz parte dos
países subdesenvolvidos, onde perto de 80% da população depende da medicina
tradicional para as suas necessidades em termos de cuidados primários de saúde.
(António Frades)
Imagem: cgvaladares.com.br
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