quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Alegações de Fraude Eleitoral e Detenções no Bié


Por António Capalandanda:
A UNITA acusa a Comissão Provincial Eleitoral (CPE) no Bié de ter falsificado as actas-sínteses nas assembleias de voto e contesta os resultados eleitorais provisórios que apontam para a vitória do MPLA, na província, com 69,79 porcento dos votos. De acordo com o apuramento provisório, a UNITA tem 36,20 porcento dos votos e a CASA-CE  0,98 porcento.
Em declarações ao Maka Angola, o porta-voz da UNITA no Bié, Kanjomba Leite, disse que foram encontradas cinco actas falsas nas assembleias 029 (bairro Helena de Almeida) e na assembleia 11 (bairro da Boa Vista) e numa das assembleias na comuna do Kunje, no município do Kuito.
Em carta dirigida à CPE do Bié, o secretário provincial da UNITA, Elioty Ekolelo, referiu que actas das assembleias de voto de Liwema, Njimba Silili, Ekovongo, Kamundongo e Tchikala, localizadas no município do Kuito, onde o seu partido teve maior votação, não foram entregues à Comissão Municipal Eleitoral. No entanto, cópias das actas originais foram entregues aos delegados de lista da UNITA.
Durante todo dia, Maka Angola tentou, sem sucesso, ouvir a reacção do presidente da CPE no Bié, Manuel Chimbinga Chande.
Ekolelo acusa ainda o administrador  e primeiro secretário do MPLA no Kuito, Moisés Américo Kaciako, de ter movimentado da sede do seu partido oito urnas cheias de boletins preenchidos, para as assembleias de voto, no princípio da noite de 31 de Agosto de 2012.
As tentativas de contacto com o administrador e representante MPLA no Kuito, também redundaram em fracasso.
O responsável da UNITA alega também que cerca de 2,500 eleitores militantes da UNITA da Comuna de Kambândua, município do Kuito, nas aldeias da Embala Etalala, Kalele, Kanata, Kaneketela, Tchifeka, Kamela e Musungu, não votaram. Informações recolhidas no local dão conta que os nomes não constavam nos cadernos eleitorais e, em em poucos casos, os eleitores haviam sido transferidos para outras localidades.
Elioty Ekolelo alega ainda que no município de Catabola, os eleitores da UNITA, das aldeias de Avila, da Embala Etunda, Etunda loja, Nganjela e Saningi, foram excluídos dos cadernos eleitorais, apesar de possuírem cartões de eleitores actualizados.
Por sua vez, Kanjomba Leite acrescentou que, nas comunas do Cutato e Cangote, município do Chinguar, a população votou sem cadernos eleitorais e cada eleitor confirmou o nome numa lista manuscrita afixada nas assembleias. Disse ainda que o seu partido tem em posse 7 cadernos eleitorais não utilizados, três dos quais encontrados em casa do soba da aldeia Sandjavite, no Cutato, Félix Venâncio Aspirante. Os cadernos abrangem um total de cerca de 3,000 eleitores.
Detenções
Leite deu ainda a conhecer que a Polícia Nacional deteve ontem, 3 de Setembro,  três militantes do seu partido na comuna do Cutato quando estes faziam o levantamento dos militantes da UNITA que votaram e procediam à averiguação dos problemas ocorridos com os cadernos eleitorais. Estão detidos o secretário comunal de Cutato, António Kacope, o secretário comunal para organização, Paulo Josias, e o militante Constantino Seca.
“Eles estavam a fazer a recolha de cópias dos cartões de eleitores dos militantes UNITA que não puderam votar, para depois o partido fazer uma reclamação”, disse Kanjomba Leite, sobre a causa de detenção dos membros da UNITA.
Segundo aquele dirigente partidário, os três membros do seu partido foram depois transferidos da esquadra comunal para a cadeia do comando municipal, na presença do comandante municipal da Polícia Nacional do Chinguar, João Batista Samandele.
O vice-governador do Bié para a Esfera Política, Carlos Ulombe, afirmou desconhecer a detenção dos elementos da UNITA, assim como não tinha informações sobre as acusações de fraude da UNITA e indicou o comando provincial da Polícia Nacional e a CPE como entidades competentes para prestarem os devidos esclarecimentos.
O porta-voz do comando provincial da Polícia Nacional no Bié, intendente-chefe, António Hossi, em viagem pelo interior, promete um pronunciamento formal para amanhã, dia 5 de Setembro. Por sua vez, a porta-voz da CPE, no Bié, Maria Madalena, garante a versão oficial para o dia seguinte.
Com o correspondente no Bié, Edú Wãngo


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